Depois da “novidade” de não haver Benfica na Final Eight, por “culpa” de um sorteio que colocou ainda nos oitavos os encarnados a terem um dérbi (perdido) pela frente, acabou por imperar a lei do mais forte na Taça de Portugal – que coincidiu com a chegada à decisão dos dois primeiros classificados do Campeonato em igualdade de pontos a três jornadas do final da fase regular. Por um lado, o Sp. Braga, que está a ter até ao momento uma das melhores temporadas tendo praticamente assegurado um dos dois primeiros lugares na Liga antes do playoff, começou por vencer o Rio Ave (7-4) e bateu depois o Caxinas por um “anormal” 1-0, vingando a única derrota que tem na Liga. Por outro, o Sporting, que esta temporada perdeu a Supertaça mas ganhou depois a Taça da Liga, goleou o Belenenses (8-0) e passou depois o Leões de Porto Salvo (3-1).

“O Leões de Porto Salvo tem uma boa equipa, tem feito uma boa campanha na Liga, tem bons jogadores, são organizados e criam dificuldades. Obrigou-nos a pelo menos redobrar os níveis de atenção. Na primeira parte, permitimos demasiadas bolas nas costas e estávamos confiantes em demasia mas no segundo tempo retificámos e estivemos muito bem. Final? O Sp. Braga é líder da Liga com os mesmos pontos do Sporting… Com todo o respeito, o Sp. Braga é melhor equipa e se passar vai-nos criar mais dificuldades. Estou apenas a analisar números e valores individuais e coletivos dos plantéis”, tinha referido Nuno Dias, técnico do Sporting, ainda antes de ver confirmada a presença dos minhotos na decisão da Taça de Portugal.

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“Os jogadores merecem, mais do que ninguém, esta passagem à final. Só que falta um passo, falta um pequeno passo, falta mais um passo. Agora vamos recuperar porque queremos muito voltar a vencer o próximo jogo. É uma final, um jogo em que vamos querer ser capazes de jogar e competir para conseguir vencer. Vitória na final de 2014 pelo Fundão? Bem, agora tenho mais peso, menos cabelo e mais barba branca… Muito melhor do que jogar uma final é conquistar um troféu. Não sei quando vai acontecer o primeiro título pelo Sp. Braga mas sei que vai acontecer e sei que agora, desde que cheguei há dois anos e quatro meses, é a primeira oportunidade”, apontara este sábado Joel Rocha, treinador do Sp. Braga.

O histórico em finais da Taça de Portugal, no global e contra o Sporting, não era propriamente famoso. Em três decisões, os minhotos tinham averbado outras tantas derrotas, sendo que contra os leões foram goleados em 2012/13 e 2019/20 por 7-1. No entanto, a realidade da presente temporada era diametralmente oposta, com um empate no Pavilhão João Rocha após ter estado a ganhar por 2-0 e um triunfo em Braga por 5-3 com sete golos na primeira parte. Contas feitas, sendo verdade que os leões se mostraram mais fortes do que o rival Benfica, ainda não tinham ganho aos arsenalistas, Em Sines, a realidade manteve-se. E os minhotos conquistaram mesmo a primeira Taça de Portugal após prolongamento na 13.ª final do Sporting, com Joel Rocha a destacar-se como um técnico “anti-grandes” depois do triunfo com o Fundão em 2014.

O encontro começou com um Sporting a querer assumir desde início o comando das operações e a ter uma primeira bola no poste logo a abrir, num esquema tático que deixou Diogo Santos perto do golo ao segundo poste (2′), antes de Taynan permitir a defesa de Dudu isolado após recuperação de Zicky (3′). Aos poucos, o Sp. Braga foi ganhando referências na partida, equilibrou os acontecimentos, teve também oportunidades de marcar com Henrique a defender para canto após um grande trabalho de Robinho pela direita mas seriam de novo os leões a ameaçar o 1-0, com Diogo Santos a conseguir recuperar uma bola para surgir isolado mas ver o remate cortado por Rafael Henmi. O japonês foi providencial na defesa, o japonês seria providencial no ataque, aparecendo bem para o desvio após reposição lateral que inaugurou mesmo o marcador (9′).

Apesar da melhor entrada, os leões estavam em desvantagem mas nem por isso acusaram esse golo minhoto, continuando a criar mais perigo nas ações ofensivas do que um Sp. Braga a gerir também a questão das faltas depois de ter chegado demasiado cedo à quarta infração e “colocando” Dudu como a grande figura da final, com intervenções decisivas a remates de Sokolov, Pany Varela e Taynan antes da primeira pausa técnica do encontro de Joel Rocha. Os minhotos não tiveram propriamente um impacto direto no rumo do encontro mas, fazendo imperar a eficácia, conseguiram mais tarde aumentar a vantagem de novo por Henmi, a fazer uma jogada individual fantástica antes de rematar com Henrique a não ficar bem na fotografia (18′).

O Sporting teria de tentar algo de diferente para furar a muralha do Sp. Braga, que naquela que é a principal diferença para as temporadas anteriores continuava a demonstrar uma enorme serenidade perante a maior pressão do conjunto verde e branco. Ainda assim, e perante várias tentativas, os leões lá conseguiram mesmo reduzir a desvantagem, com Tomás Paçó a assistir Zicky Té para o remate de pé esquerdo a fazer a rotação sem hipóteses para Dudu (23′). Esse seria o tal momento de viragem no jogo, com Taynan a empatar pouco depois na sequência de um canto marcado por Pany Varela (24′). O jogo estava de vez virado ao contrário sem que o Sporting tirasse o pé do acelerador até Zicky Té fazer mais uma obra de arte, ganhando a frente ao opositor a rodar antes de fazer o chapéu de pé direito a Dudu para o 3-2 da reviravolta (30′).

Seria necessário esperar mais uns minutos para se assistir à primeira oportunidade flagrante do Sp. Braga no segundo tempo, com Tiago Sousa a aproveitar uma reposição que apanhou o Sporting desprevenido para atirar forte ao poste antes de atirar a recarga por cima (34′). Logo na bola seguinte, os minhotos fizeram a quinta falta mais uma vez sobre Zicky Té, ficando condicionados nas zonas de pressão que teriam de manter perante a desvantagem no marcador e optando mais cedo pelo 5×4 com Tiago Brito como o guarda-redes avançado. Foi nessa condição que o empate chegou a um minuto e meio do final, com Fábio Cecílio a receber em posição central para o remate que fez o 3-3 e levou todas as decisões para prolongamento (39′), onde Fábio Cecílio aproveitou um erro de Taynan para recolocar os minhotos na frente (46′) antes de Allan Guilherme fechar as contas aproveitando um ressalto quando os leões não tinham ninguém na baliza (47′).