Em qualquer competição de futsal a eliminar, entre Taça de Portugal e Taça da Liga, um dos maiores pontos de interesse passa por chegar à Final Eight e perceber como ficam os cruzamentos até à final. É certo que nem tudo funciona de forma matemática, como aconteceu na época passada em que o Sporting perdeu nas meias com o Quinta dos Lombos e estendeu a passadeira ao Benfica para quebrar o jejum de três anos sem títulos na Taça da Liga de 2022/23, mas por norma ou há dérbi na decisão ou nas meias como uma espécie de final antecipada. Agora, por sortilégio do sorteio, essa realidade mudara e apenas um dos dois crónicos candidatos ao triunfo de todas as provas portuguesas e internacionais chegaria à Final Eight da Taça de Portugal, com o Pavilhão João Rocha a receber o quinto encontro entre rivais da temporada.

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“Quando vemos os jogos novamente começamos a encontrar pontos onde podemos melhorar, assim como podemos corrigir comportamentos e abordagens tanto a atacar como a defender. No último encontro houve muitas coisas bem feitas e por isso é que o resultado foi o que foi mas há sempre margem para melhorar e fazer coisas diferentes. Esperamos uma equipa ferida que teve três derrotas nos últimos três jogos com o Sporting CP mas é um jogo a eliminar, em que não há margem de erro ou segundas chances. Não sabemos o que estão a preparar mas sabemos o que nós estamos a preparar e o que nós queremos, que é a Final Eight”, salientara Nuno Dias, treinador do Sporting, em declarações aos meios oficiais do clube.

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“Temos de tornar o jogo mais confortável do ponto de vista daquilo que o Sporting quer impor, da sua defesa pressionante, de que forma podemos explorar isso, como podemos trabalhar a bola parada, como temos de adaptar o guarda-redes subido para a nova versão que têm do ponto de vista defensivo e dessa forma termos outro tipo de estabilidade emocional que nos permita competir da melhor forma para vencermos o jogo. Apesar de termos o título, e para nós é importante manter mais uma competição das que vencemos em 2023 porque ganhámos três. Vem numa sequência de jogos e competições e pode dar-nos uma motivação extra. Queremos que fique muitos anos no Museu”, destacara Mário Silva, técnico do Benfica, à BTV.

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Os momentos eram distintos mas a vitória já tinha caído esta temporada para os dois conjuntos. O Benfica começou melhor, com uma grande recuperação até à conquista da Supertaça, o Sporting reagiu bem com dois triunfos nas partidas da fase regular do Campeonato (a última por claros 7-3, num desnível pouco habitual entre os dois conjuntos) e outro na polémica final da Taça da Liga marcada por uma ação de Taynan a 90 segundos do fim que mereceu muitas críticas dos encarnados e o pedido de repetição da partida que foi entretanto recusado pelos órgãos competentes. Mais: os encarnados não conseguiam ganhar no Pavilhão João Rocha desde 2018/19, quando reduziram a desvantagem de uma final da Liga ganha pelos leões (tendo a partir daí 11 vitórias e um empate em jogos do Campeonato fora). Apesar de terem levado o dérbi até aos últimos segundos, essa “regra” continuou e os leões conseguiram mesmo afastar o campeão em título.

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O encontro teve um início de loucos com parada e resposta nas duas balizas com eficácia: Zicky Té assistiu Pauleta de bandeja para o 1-0 para o Sporting no segundo minuto, Arthur aproveitou um erro defensivo dos leões para rematar com um ângulo impossível para o empate menos de 15 segundos depois. A cadência de golos fazia antever novo dérbi com muita emoção mas o 1-1 acabou por manter-se até ao último minuto da primeira parte com grande mérito dos dois guarda-redes, Henrique (que por várias vezes avançou para 5×4 e ficou perto de marcar) e Léo Gugial, mas os leões voltaram a sair para o intervalo em vantagem como tinha acontecido no último dérbi com Zicky Té a fazer o 2-1 após assistência de Tomás Paçó (20′).

O segundo tempo, que teve uma bola no poste de Pauleta a abrir e outra de Rocha quando os encarnados iam crescendo na partida em busca do empate, foi prosseguindo sem mais golos e com domínios repartidos, com o Sporting a começar melhor mas o Benfica a acreditar com o passar dos minutos que era possível chegar ao empate. Como esse momento não surgia, Mário Silva arriscou o 5×4 com Diego Nunes como guarda-redes avançado a três minutos do final mas um erro no ataque organizado permitiu a Wesley de uma baliza à outra para o 3-1 (38′). Arthur, a 26 segundos do final, ainda reduziu para 3-2 mas não impediu a derrota.

“Foi um jogo muito difícil e equilibrado, entre duas grandes equipas. Hoje demonstraram porque são das melhores equipas do mundo. Os detalhes fizeram a diferença, num lance surpreendemos. O resultado é equilibrado mas justo. Conseguimos defender bem o 5×4. Fomos melhores mas houve equilíbrio como demonstra o resultado. Contra o Benfica, nunca tínhamos tido sucesso neste tipo de lances nem estava no plano estratégico mas os jogadores, inteligentes, decidiram bem naquela situação”, comentou Nuno Dias, que ganhou mais de metade dos dérbis orientados em mais de dez anos, na flash interview do Canal 11.

“É uma vitória que se traduz em detalhe, rigor e disciplina. Nesse detalhe, o Sporting foi mais eficaz. Se na última vez fiquei envergonhado com aquilo que fizemos, com alguma falta de identidade, hoje voltei a ter uma moldura benfiquista aqui a apoiar do início ao fim e com uma equipa a querer dignificar a camisola. Pagámos caro alguma falta de rigor num momento de descontrolo emocional. A análise que faço é que o Sporting até teve mais situações de finalização mas esse lance no final da primeira parte foi desconcentração. Sofremos um golo que não podemos aceitar. O peso da derrota? Propusemo-nos a revalidar este título, assumo que falhei. Tentámos criar a identidade Benfica e é em cima dessa identidade que vamos lutar pelos títulos que faltam”, referiu Mário Silva, também na zona de entrevistas rápidas do Canal 11.