Primeiro começou a levantar-se, depois iniciou os primeiros passos com uma histórica qualificação para o Europeu, de seguida já estava a andar com a presença inédita num Campeonato do Mundo. De uma forma sempre sustentada, o futebol feminino português foi subindo degraus numa evolução contínua com várias explicações e o ponto comum de radicar de um projeto estruturado para dar frutos a médio/longo prazo de forma regular e não esporádica. No entanto, como em qualquer caminho, também existem sempre dores de crescimento. Foi isso que a Seleção sentiu na primeira presença na Liga A da Liga das Nações. No início, a ideia passava por elevar a fasquia e rivalizar até com a França. De seguida, a meta era segurar um segundo lugar e permanência no escalão. No final, Portugal não conseguiu evitar o último lugar do grupo.

O coração quente que não teve uma cabeça fria: Portugal volta a perder com Áustria e complica contas na Liga das Nações

A dupla derrota com a Áustria, que em nenhum dos casos deixou a ideia de haver mesmo supremacia por parte da formação adversária, acabou por ser fatal para as aspirações nacionais. Agora, em Leiria, o caminho iria ter um recomeço no grupo B3 que poderia valer em caso de triunfo não só a promoção à Liga A da Liga das Nações como a entrada em melhor posição no playoff de apuramento para o Europeu de 2025. Ponto essencial? Não ligar a favoritismos teóricos e recuperar o melhor que a equipa consegue fazer, como se viu num Mundial onde só o poste evitou a passagem aos oitavos. E a Bósnia surgia como adversário na estreia.

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“Em termos de ranking somos a equipa mais cotada mas com a referência de que o ranking conta pouco quando entramos dentro de campo. Foi assim quando alcançámos as fases finais. Preparámos estes jogos exatamente da mesma forma que nos preparámos para o Mundial. O nível de informação e a forma de olhar para o jogo é a mesma, o que difere é o tipo de problemas que vamos encontrar. A Bósnia está em crescendo, tem uma equipa competitiva e mudou agora com a entrada de um novo treinador. Deixa-nos um bocadinho mais às escuras e fizemos outro tipo de cuidados para antecipar alguns cenários, mas temos de nos focar em ser Portugal e ter as nossas características dentro de campo”, salientara Francisco Neto.

“Obrigação de ir ao Europeu? Obrigação é sempre uma palavra pesada. Têm de sentir que são competentes para lá chegar e que temos essa exigência de querermos lá chegar mas temos um caminho muito comprido. O passado diz-nos que, seja qual for o adversário, Portugal tem capacidade de lutar até ao fim. Agora, queremos vencer. Já jogámos muito bem e perdemos e não é isso que queremos. O objetivo é fazer três pontos e depois aliar a isso uma boa exibição, controlo, protagonismo no jogo e, sobretudo, que a jogadora portuguesa se divirta a jogar”, acrescentara o selecionador. Foi isso que aconteceu, com os resultados à vista.

Portugal não teve propriamente um início fácil de jogo, com a Bósnia a tentar tapar todos os espaços sem bola à Seleção e a procurar sempre que possível esticar as suas ações ainda que sem perigo. Ana Capeta teve ainda no primeiro quarto de hora uma oportunidade para inaugura o marcador mas continuava a faltar algo capaz de desbloquear a partida. Algo como… um golo: na sequência de um canto trabalhado à direta, Lúcia Alves cruzou bem e Carole Costa desviou de cabeça para o 1-0 (28′). A partir daí, ligou-se o rolo compressor até ao intervalo: Ana Capeta acertou na trave (41′), Joana Marchão atirou de seguida de livre ao poste sem que Ana Capeta conseguisse chegar para a recarga (42′) e o 2-0 surgiu já em período de descontos, com Jéssica Silva a trabalhar bem para a direita e Sliskovic a desviar para a própria baliza (45+4).

A tendência da partida estava definida, com as bósnias, com algumas lesões à mistura, a mostrarem que não tinham argumentos para contrariar o melhor jogo de Portugal. Era a Seleção que definia os momentos e os tempos da partida, criando perigo sempre que acelerava um pouco mais o jogo à entrada do último terço. Em busca dessa velocidade, Francisco Neto trocou Ana Capeta por Diana Silva no ataque e os resultado foram quase imediatos, com a avançada a receber de Ana Borges e a antecipar-se à guarda-redes Hasanbegovic para o 3-0 (62′). Os minutos foram depois passando com tudo a ser jogado num espaço de 40 metros e com a número 1 da Bósnia a evitar um resultado ainda mais expressivo com uma série de defesas importantes.