A greve dos enfermeiros desta sexta-feira registou uma adesão global de 76,8%, um valor que demonstra o “descontentamento que existe de norte a sul do país” nesses profissionais de saúde, anunciou o sindicato que convocou a paralisação.
“É uma adesão que demonstra que o descontentamento existe de norte a sul do país e que poderá vir a aumentar se, na próxima reunião com o Ministério da Saúde, não forem dadas as respostas que os enfermeiros hoje [sexta] exigiram”, disse à Lusa a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Guadalupe Simões.
O Sindicato convocou para esta sexta-feira uma greve aos turnos da manhã e tarde e uma concentração no Campo Pequeno, em Lisboa, para exigir o início do processo negocial com fixação de memorando de entendimento sobre as matérias a negociar (contagem de pontos, carreira de enfermagem e outros aspetos) e o respetivo calendário.
Segundo Guadalupe Simões, no conjunto dos turnos da manhã e da tarde, a paralisação registou uma adesão de 76,8%, sendo os efeitos mais visíveis nos blocos operatórios e nas consultas externas nos hospitais.
“Também se registaram muitas unidades funcionais dos cuidados de saúde primários com 100% de adesão à greve”, afirmou a dirigente sindical.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses decidiu em 26 de abril manter a paralisação, depois de se ter reunido com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, afirmando que os enfermeiros “querem respostas muito mais cedo”.
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses mantém greve após reunião com ministra da Saúde
A ministra da Saúde reuniu-se há duas semanas pela primeira vez com os sindicatos representativos dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos, dando início às negociações salariais reivindicadas pelas estruturas sindicais.
No final das reuniões, o Ministério da Saúde disse esperar que o processo negocial, que será retomado em 27 de maio, decorra numa base de “boa-fé, compromisso e responsabilidade” e que corresponda à expectativa dos profissionais “na medida do possível”.
Após a marcha desta sexta-feira, que terminou junto ao Ministério da Saúde, o presidente do Sindicato considerou que os profissionais de enfermagem se sentem discriminados em relação aos “restantes trabalhadores da função pública”, exigindo que “rapidamente se inicie a negociação” com o Governo.
Enfermeiros sentem-se discriminados face a outros trabalhadores
“Isto é inadmissível e decidimos vir aqui hoje dizer bem alto ao Ministério da Saúde que na próxima reunião [com a tutela], em 27 de maio, queremos fixar o protocolo negocial”, disse à agência Lusa José Carlos Martins.