A população de Macomia, província moçambicana de Cabo Delgado, encontrou o corpo de um homem alegadamente morto no ataque de insurgentes à vila na semana passada, somando-se a outros quatro mortos, disseram nesta quarta-feira à Lusa fontes locais.

De acordo com as fontes, o corpo do homem foi encontrado por populares na terça-feira, na zona de produção agrícola, a quase 10 quilómetros do centro da vila sede distrital de Macomia.

“Começamos a procurar desde sábado, um dia após o ataque dos rebeldes à nossa vila, mas infelizmente ontem [terça-feira] de manhã fomos achar o corpo na zona de produção”, descreveu o filho da vítima, a partir de Macomia.

O homem foi capturado pelos terroristas, na sexta-feira, 10 de maio, durante o ataque dos insurgentes, que entraram na vila a disparar indiscriminadamente.

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“Ele foi capturado pelos terroristas, na presença do filho, quando tentavam escapar deles. Dispensaram o miúdo e a escassos metros ouviu-se gritos, já o tinham morto”, descreveu outro familiar.

O ataque à vila de Macomia resultou pelo menos em quatro mortos, segundo os relatos populares, além do saque em lojas e de viaturas, levadas para parte incerta.

O Ministério da Defesa Nacional confirmou no passado dia 10 um “ataque terrorista”, durante a madrugada, à vila de Macomia, garantindo que um dos líderes do grupo foi ferido pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e outro morto.

“O ataque durou cerca de 45 minutos e os terroristas foram prontamente repelidos pela ação coordenada das nossas forças, que obrigaram o inimigo a recuar, em direção ao interior do posto administrativo de Mucojo”, afirmou em comunicado.

O ministério acrescentava que o ataque aconteceu cerca das 4h45 locais (3h45 em Lisboa) e que, no “confronto”, as FADM “capturaram um terrorista e feriram um dos líderes, conhecido por ‘Issa’, que conseguiu escapar, não havendo registo de mortos ou feridos por parte das Forças Armadas”.

“Posteriormente, o terrorista capturado veio a perder a vida por ferimentos graves”, referia.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, já tinha confirmado, ao final da manhã de sexta-feira, este ataque à sede distrital de Macomia, explicando que aconteceu numa zona antes controlada pelos militares da missão dos países da África austral, que está em progressiva retirada até julho.

“É verdade que é uma zona ocupada pelos nossos irmãos que nos apoiam, em retirada. Mas os que estão no terreno são 100% os moçambicanos. Talvez possa haver um reforço (…). Como estão de saída, espero que consigamos nos organizar melhor, porque o tempo de transição dá isso”, reconheceu, enaltecendo a intervenção em curso dos militares moçambicanos.

Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.