Dezenas de pessoas percorreram este domingo diversas ruas da baixa do Porto, munidas de instrumentos agrícolas, cartazes e até um espantalho, numa marcha de um coletivo de associações ambientais, em defesa da biodiversidade e para alertar para os malefícios dos agrotóxicos.

Os manifestantes exigem testes científicos independentes sobre organismos geneticamente modificados (OGM), o apoio aos produtores locais, a rotulagem de todos os produtos que contenham OGM, a exposição do compadrio entre as grandes empresas e os governo e a promoção de soluções biológicas, entre outras exigências.

“Estamos aqui pela biodiversidade, pela soberania alimentar, pelo nosso direito à saúde e pelo direito a um ambiente humano sadio e ecologicamente equilibrado”, afirmou à Lusa Vanessa Ferreira, do grupo cívico BioPorto, que organiza, desde 2016, esta marcha.

Vanessa Ferreira defendeu que “todos temos o dever de proteger o ambiente, estamos cá pela nossa terra, pela nossa água, pelo nosso ar e pelas nossas sementes”.

Em seu entender e no dos participantes na marcha, “as sementes não podem ter patentes, não se pode aceitar que sejam alteradas geneticamente e registadas como propriedade intelectual”.

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“Não há necessidade de alterar as sementes, como fizeram com o arroz dourado ou acrescentar ácido fólico à alface. A natureza dá-nos aquilo que necessitamos e, já agora, não há necessidade de termos organismos geneticamente modificados com síntese para desempenhar funções vacinais ou hormonais. Não há necessidade. Deixem a natureza em paz”, afirmou.

João Valente falou também à Lusa, em representação de algumas associações, nomeadamente da Soalheira e da Associação dos Apicultores do Norte de Portugal, a que pertence.

“Todos os anos fazemos uma marcha nesta época para alertar a sociedade para esta problemática do ambiente em geral, mas neste caso concreto denunciar Bayer/Monsanto, que é uma multinacional que produz vários agroquímicos que se usam na agricultura e que prejudicam a nossa saúde”, disse.

Este ambientalista destacou também o caso do desaparecimento das abelhas e de todos os insetos, “porque todos são polinizadores”.

“Claro que as abelhas nos tocam mais porque são o principal polinizador, mas o desaparecimento das abelhas é o mesmo que dizer que estão a desaparecer todos os polinizadores”, sublinhou.

João Valente afirmou que “já há zonas no país onde as produções já são inferiores ao que eram, por falta de polinização”.

Os participantes percorreram, em marcha lenta, várias artérias da baixa portuense, gritando palavras de ordem como “Salvem os insetos, salvem a humanidade”, “Abelha poliniza, pesticida assassina”, “Não às patentes, liberdade para as sementes” e “Pela tua saúde, toma uma atitude”, entre outras.

A marcha terminou junto à Câmara do Porto, onde os participantes trocaram sementes nativas.