O ministro da Educação, Ciência e Inovação afirmou hoje que o Governo está a trabalhar para que todas as escolas tenham igualdade de circunstâncias no acesso à internet para a utilização dos manuais digitais.

“Há um projeto muito grande, que está atrasado, mas estamos a tomar medidas para que os prazos sejam cumpridos para garantir conectividade, em todas as escolas. No último Conselho de Ministros foi aprovado um pacote alargado de mais de 30 milhões de euros para aquisições de dispositivos de dados, para a ligação à internet e que agora vai a concurso público internacional, para garantir aos alunos que têm manuais digitais o seu acesso”, explicou Fernando Alexandre.

O governante falava aos jornalistas à margem da apresentação do projeto OliveCôa, que hoje foi apresentado no Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda.

A tutela pretende desta forma colmatar as deficiências existentes em matéria de dados para “navegação na internet” e ter acesso aos respetivos manuais digitais.

“Estamos muito comprometidos nesta matéria e não basta dizer que vamos fazer uma transição digital, sem antes garantir os recursos necessários para que isto aconteça de forma efetiva”, vincou Fernando Alexandre.

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O Ministério da Educação, Ciência e Inovação vai manter os manuais escolares digitais no próximo ano letivo, mas com a avaliação do seu impacto nas aprendizagens para decidir a continuidade do projeto-piloto que não convenceu todas as escolas.

O projeto-piloto dos manuais escolares digitais vai entrar na quinta fase no próximo ano letivo, depois de, este ano, ter envolvido cerca de 24 mil alunos a partir do 3.º ano em 103 escolas.

No entanto, segundo o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), os impactos do formato digital na aprendizagem dos alunos ainda não foram avaliados e, por isso, a tutela vai pedir um estudo de avaliação de impacto que poderá ditar a continuidade do projeto a partir de 2025/2026.

Para já, esclareceu o ministério em resposta à Lusa, mantêm-se os mesmos moldes para os alunos do 2.º e 3.º ciclos, com a possibilidade de novas turmas aderirem aos manuais digitais, mas não serão integradas novas turmas do 1.º ciclo e do ensino secundário.

Do lado das escolas, nem todas parecem estar convencidas com a transição digital a esse nível e estabelecimentos de ensino que no ano passado aderiram ao projeto-piloto estão agora a recuar.

“Muitas escolas estão a colocar os projetos em banho-maria”, disse à Lusa o presidente Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (Andaep) que, sem precisar, explicou que várias decidiram não alargar a mais turmas.

O problema está sobretudo na falta de condições técnicas, considerou Filinto Lima, que relatou que a ligação à Internet falha com frequência e que nem todos os alunos têm computador.

A opção de adiar a transição digital também não desagrada aos pais.

Em maio, um inquérito sobre o projeto-piloto dos manuais digitais, realizado pelo Movimento Menos Ecrãs, Mais Vida revelou que mais de quatro em cada cinco encarregados de educação estão insatisfeitos e defendem o fim da iniciativa.

Pela Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Mariana Carvalho reconheceu vantagens na utilização de manuais digitais, mas entende que não existem condições para a substituição dos livros em papel.

Além da ligação à Internet nas escolas, Mariana Carvalho acrescentou que nas salas de aula não existem, por exemplo, tomadas para carregar o computador de todos os alunos e que, muitas vezes, os aparelhos não têm capacidade para que os manuais sejam descarregados e possam ser utilizados ‘offline’.

No ano passado, os manuais digitais chegaram a 24.011 alunos, a maioria do 3.º ciclo (46,8%), seguido do 2.º ciclo (28,5%), secundário (16,3%) e 3.º e 4.º anos (8,4%), segundo dados da Direção-Geral da Educação.

Foi o ano mais participado do projeto-piloto que se iniciou em 2020/2021, em plena pandemia de covid-29, com cerca de mil alunos em nove escolas.