Os EUA terão procurado, em conversas informais, que Nicolás Maduro abdique do poder em troca de uma amnistia, segundo o The Wall Street Journal.

O jornal escreve que os EUA têm discutido a possibilidade de conceder perdões a Maduro e aos seus principais aliados e admitem não os perseguir judicialmente. Em 2020, os EUA definiram uma recompensa de 15 milhões de dólares por informações que levassem à detenção de Maduro, acusado de conspirar para “inundar os EUA com cocaína”. Uma fonte indicou ao jornal norte-americano que os EUA estão a “pôr tudo em cima da mesa” para persuadir Maduro a sair antes do fim do mandato, em janeiro.

A oposição venezuelana diz ter recolhido evidência de que ganhou as eleições de final do mês passado, e não Nicolás Maduro, que foi proclamado vencedor. Os resultados têm provocado várias manifestações no país e levado a detenções. No final da semana passada, Maduro disse que mais de 2.400 dissidentes e manifestantes foram detidos.

Os EUA já tinham feito uma oferta de amnistia durante conversações secretas em Doha, no Qatar, no ano passado, mas Maduro terá recusado sair do cargo. A posição não terá mudado entretanto. “Não se metam nos assuntos internos da Venezuela, é tudo o que peço”, afirmou, numa conferência de imprensa na sexta-feira. Os EUA também querem que outros países da América Latina — Brasil, México e Colômbia — pressionem Maduro a apresentar provas de que ganhou as eleições.

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Até agora, as conversações têm acontecido à distância, entre Jorge Rodríguez, presidente do Congresso da Venezuela e próximo de Maduro, e Daniel P. Erikson, que dirige a política para a Venezuela no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. As autoridades norte-americanas já garantiram que não vão forçar as empresas petrolíferas ocidentais a deixar a Venezuela.

Uma porta-voz do Conselho de Segurança Nacional indicou ao jornal que “estão a considerar uma série de opções para incentivar e pressionar Maduro a reconhecer os resultados das eleições e continuaremos a fazê-lo, mas a responsabilidade recai sobre Maduro e as autoridades eleitorais da Venezuela para que os resultados eleitorais sejam claros”.

A abordagem dos EUA em oferecer amnistia a Maduro vai ao encontro da estratégia da oposição, que defende negociações com garantias para os líderes do regime e uma transição para um governo de Edmundo González Urrutia. A oposição diz que González venceu por quase 38 pontos percentuais e continua a exigir que sejam publicadas as atas eleitorais.

A Plataforma Unitária Democrática, de María Corina Machado e Edmundo González Urrutia, convocou para 17 de agosto um “protesto mundial” para mostrar as atas eleitorais que, segundo garantem, atestam a vitória nas eleições. Corina Machado desafia os eleitores a procurarem a ata da sua mesa de voto, imprimi-la e levá-la à concentração na respetiva cidade. “Que o mundo veja, com as atas na mão, que não seremos roubados”, escreve.

Corina Mahado refere-se às atas disponíveis numa página online criada pela oposição em que foram publicados os resultados de 83,5% das mesas de voto que, segundo garante, mostram a vitória de González Urrutia.