A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, prometeu este sábado a revitalização do setor industrial do Estado caso vença as eleições de 9 de outubro, apontando a criação de emprego e educação como pontos fundamentais.

“Queremos ganhar para recuperar a economia. (…) Vamos buscar investimento estrangeiros (…) para criar empregos e não um investimento que só serve para ficar nos bolsos deles [Frelimo, partido no poder], como fez Manuel Chang [antigo ministro das Finanças moçambicano condenado nos Estados Unidos no caso das dívidas ocultas]”, disse Manuel de Araújo, candidato a governador pela Renamo na província da Zambézia, na cerimónia que marca o arranque da campanha eleitoral daquele partido, em Quelimane, no centro de Moçambique.

Manuel de Araújo, que também é presidente do município de Quelimane, acusou a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que dirige o país desde 1975, de ter destruído a economia moçambicana depois da independência.

“No tempo colonial, a água do rio Zambeze era usada para irrigar os canaviais e é por isso que existiam duas fábricas de açúcar [no centro]: uma Marromeu (Sofala) e outra em Luambo (Zambézia). A fábrica do Luambo era a mais moderna de África e quem destruiu a fábrica? A Frelimo”, declarou Manuel de Araújo.

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Para o político, Moçambique precisa agora de um novo capítulo, com um projeto político que dê prioridades à educação e a emprego, sobretudo para a juventude.

“Queremos criar institutos politécnicos para que a juventude que termina o 12.º ano saiba fazer alguma coisa (…) Nós, hoje, temos na nossa cidade licenciados desempregados por causa do tipo de educação que temos. Queremos recuperar a educação”, declarou Manuel de Araújo, arrancando aplausos dos milhares de simpatizantes da Renamo que assistiam ao comício no centro de Quelimane.

O arranque oficial da campanha da Renamo, ocorrido em Quelimane, foi dirigido pela secretária-geral do partido, Clementina Bomba, já que o candidato apoiado pelo principal partido da oposição, Ossufo Momade, que também é presidente daquela força política, está fora do país.

A Renamo é liderada desde 17 de janeiro de 2019 por Ossufo Momade, 63 anos, eleito após a morte do líder histórico do partido, Afonso Dhlakama (1953-2018).

Ossufo Momade já tinha concorrido a Presidente da República, com o apoio da Renamo, nas eleições de 2019, tendo ficado em segundo lugar, com 21,88%, numa votação que reelegeu como chefe de Estado, com 73% dos votos, Filipe Nyusi, agora constitucionalmente impedido de concorrer para mais um mandato.

Moçambique realiza em 9 de outubro as eleições gerais, num escrutínio que inclui eleições presidenciais, legislativas, das assembleias provinciais e de governadores de província.

Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar, incluindo 333.839 recenseados no estrangeiro, com um total de 37 forças políticas concorrem nas legislativas e provinciais, de acordo com dados da Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Além de Momade, nestas eleições concorrem à Ponta Vermelha (residência oficial do chefe de Estado em Moçambique) Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar, Venâncio Mondlane, apoiado pelos extraparlamentares Podemos e Revolução Democrática.