O candidato republicano Donald Trump processou o canal CBS por uma entrevista que realizaram à sua adversária, Kamala Harris, no programa “60 Minutos”. Acusa-os de terem tentado interferir na eleição do próximo dia 5, a favor da democrata, “distorcendo informações”. E exige 10 mil milhões de dólares pelos danos (mais de 9 mil milhões de euros), avança a Fox News.

Em causa estão os cortes de edição que a CBS fez em conteúdos promocionais da entrevista, que mostram diferentes partes da resposta de Harris a uma das questões. Num excerto, exibido antes da entrevista no programa “Face the Nation“, Kamala Harris responde a Bill Whitaker por que acha que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, não parece estar a ouvir os apelos e recomendações do executivo norte-americano. A resposta de Harris que se vê neste excerto é uma versão encurtada da resposta total que se pode ver no episódio completo do “60 Minutos”.

Na queixa, apresentada esta quinta-feira num tribunal do Texas, os advogados de Trump acusam o canal de, no excerto promocional, ter cortado a “salada de palavras” que Harris diz na versão total da resposta. E argumentam que esta edição configura um “atos partidário e ilegal de interferência nas eleições e nos eleitores através de distorções noticiosas maliciosas, enganosas e substanciais, calculadas para confundir, iludir e enganar o público”.

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A defesa de Trump acrescenta que esta foi uma tentativa da CBS de “fazer pender a balança a favor do partido democrata enquanto a eleição presidencial renhida — que o Presidente Trump está a ganhar — se aproxima do fim”.

O ex-Presidente já tinha criticado este corte e exigido ao canal que publicasse o guião da entrevista na íntegra, o que a CBS recusou — um direito abrangido pela liberdade de imprensa, incluída na primeira emenda da Constituição norte-americana. Em resposta, o canal garantiu que não manipulou as imagens e que “nunca escondeu nenhuma parte das respostas da vice-Presidente sobre o tema”.

Para além dos milhões de dólares de indemnização, a defesa exige ainda um julgamento com recurso a júri, por violações de uma lei estadual do Texas que previne “atos enganadores na condução de negócios”.

Notícia atualizada às 23h45 com o vídeo da entrevista