As identidades das 15 pessoas que morreram no ataque nas festividades de passagem de ano em Nova Orleães, nos EUA, ainda não foram divulgadas oficialmente, mas as suas histórias começaram a ser partilhadas por quem lhes era mais próximo — familiares, amigos e colegas de trabalho.

Entre as vítimas mortais do atropelamento em massa está uma rapariga de 18 anos que tinha o sonho de se tornar enfermeira. A família de Nikyra Dedeaux, que vivia em Gulfport, Missouri, só soube na quarta-feira que a jovem de 18 anos tinha estado a festejar a passagem de ano em Nova Orleães com um primo. Acabou por ser uma das vítimas mortais do ataque em Bourbon Street.

“Não sabíamos que ela estava lá, porque eu teria desencorajado isso, especialmente em épocas festivas”, afirmou Jennifer Smith, avó da jovem, em declarações ao New York Times. Confessou mesmo que sempre teve medo deste tipo de celebrações de rua na época do Ano Novo.

Zion Parsons, um amigo de Nikyra que estava com a jovem, descreveu à Associated Press os momentos que viveu a seguir ao um veículo ter irrompido pela multidão. “Um camião bateu na esquina e veio a alta velocidade, atirou as pessoas como numa cena de filme. Atingiu-a e atirou-a pelo menos 30 pés [9 metros] e eu tenho sorte em estar vivo”, contou.

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O rapaz de 18 anos diz que viu “corpos por toda a rua, toda a gente a gritar e a berrar”, num cenário que descreveu como próximo a uma “zona de guerra”, com pessoas mutiladas por todo o lado. Sobre a amiga que morreu, lembrou que Nikyra “ajudava a cuidar de todos os seus irmãos”, “tinha um emprego num hospital e estava pronta para iniciar a faculdade e começar a trabalhar para atingir o seu objetivo de se tornar enfermeira”.

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Nicole Perez deixa um filho de quatro anos e a esperança de “dar uma vida melhor à família”

Era mãe solteira de um filho de apenas quatro anos e estava focada no objetivo de trabalhar arduamente para melhorar a vida da sua família quando foi morta por Shamsud-Din Jabbar, um cidadão norte-americano de 42 anos, nascido no Texas, que na noite da passagem de ano atropelou uma multidão em Nova Orleães.

Ainda não é oficialmente conhecida a idade de Nicole Perez, sabendo-se que estava na casa dos vinte. Segundo a sua empregadora, Kimberly Usher, que deu uma entrevista à Associated Press, a mulher estava “muito entusiasmada por ter sido promovida a gerente” do estabelecimento de restauração em que trabalhava”. Usher confirmou a morte de Perez através de sua irmã, igualmente funcionária do mesmo local.

O que se sabe sobre o atropelamento em Nova Orleães que está ser investigado como ato terrorista

Foi a chefe de Perez que decidiu criar uma conta GoFundMe para angariar dinheiro para ajudar a cobrir os custos das cerimónias fúnebres, bem como para contribuir para as despesas do filho que a mulher criava sozinha. “Ela era uma mãe muito boa”, escreveu Usher na descrição da angariação de fundos online.

Reggie Hunter decidiu parar em Nova Orleães para comemorar a entrada em 2025, mas não sobreviveu ao ataque

Depois da meia noite, Reggie Hunter, de 37 anos, deixou votos de um “Feliz 2025” num chat de família — foi o último contacto com os que lhe eram mais próximos antes de se tornar numa das 15 vítimas mortais do atropelamento em massa em Nova Orleães que aconteceu poucas horas depois.

Hunter, que era pai de dois filhos, estava com um primo em Baton Rouge, no Luoisiana, quando decidiram fazer uma viagem rápida a Nova Orleães para a Passagem de Ano. Os familiares souberam do ataque e da morte do homem através do Centro Médico Universitário de Nova Orleães. Morreu devido a ferimentos internos. O seu primo também ficou ferido no ataque e terá de ser operado ao fémur.

Pelo menos 15 mortos em atropelamento durante festejos de passagem de ano em Nova Orleães

Em declarações ao New York Times, Courtney Hunter, a irmã mais nova do homem, disse que este adorava passar tempo de qualidade com a família e que era muito competitivo com jogos de tabuleiro. Hunter trabahava como gerente num armazém e tinha um grande sentido de humor, segundo os que o conheciam.

Jogou futebol americano enquanto estudava e tornou-se corretor da bolsa. Tiger Beach morreu aos 27 anos

A morte de Tiger Bech, de 27 anos, foi avançada por meios de comunicação locais e confirmada por Kim Broussard, diretor desportivo do liceu católico St. Thomas More, em Lafayette, onde o jovem começou a jogar futebol americano.

Entrou como atleta na Universidade de Princeton, acabando a sua formação académica em 2o21. Atualmente, segundo a Associated Press, trabalhava como corretor da bolsa em Nova Iorque.

O técnico de futebol de Princeton, Bob Surace, disse na quarta-feira que estava a trocar mensagens de texto com o pai de Bech depois de receber a notícia trágica. “Ele era alguém que, de alguma forma, como nos momentos-chave, se destacava e que estava cheio de energia, cheio de vida”, descreveu o seu antigo treinador.