O semanário satírico francês Charlie Hebdo lança na quarta-feira um número especial para assinalar o primeiro aniversário do atentado ‘jihadista’ que dizimou a sua equipa, com um Deus barbudo na capa, empunhando uma ‘kalashnikov’ e com vestes ensanguentadas.

A acompanhar essa imagem, o título “Um ano depois, o assassino ainda está em fuga”, e uma tiragem prevista de cerca de um milhão de exemplares, dezenas de milhares dos quais serão expedidos para o estrangeiro.

Esta edição do jornal satírico inclui um caderno com desenhos dos cartoonistas mortos há um ano — Cabu, Wolinski, Charb, Tignous, Honoré — e de colaboradores externos, entre os quais a ministra da Cultura francesa, Fleur Pellerin, atrizes como Isabelle Adjani, Charlotte Gainsbourg e Juliette Binoche, intelectuais como Élisabeth Badinter, Taslima Nasreen (Bangladesh), Russell Banks (Estados Unidos) e o músico Ibrahim Maalouf.

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O cartoonista Riss, diretor do jornal, gravemente ferido a 07 de janeiro do ano passado, assina um editorial irado em defesa da laicidade e condenando os “fanáticos embrutecidos pelo Corão” e os “beatos de outras religiões” que desejaram a morte do jornal por “ousar rir da religião”.

Mas “as convicções dos ateus e dos leigos podem mover ainda mais montanhas que a fé dos crentes”, assevera.

Doze pessoas morreram no atentado perpetrado por ‘jihadistas’ contra o semanário satírico cuja irreverência em relação a todas as religiões é uma marca assumida, depois de ter publicado caricaturas do profeta Maomé. Uma semana após o atentado, o jornal publicou um “número dos sobreviventes” que vendeu 7,5 milhões de exemplares em França e em todo o mundo.

Para este número, um ano depois, o Charlie Hebdo recebeu encomendas grandes de alguns países, como a Alemanha, onde os distribuidores desejam receber 50.000 exemplares.

Atualmente, o jornal vende cerca de 100.000 exemplares em quiosques, dos quais 10.000 no estrangeiro, aos quais se juntam 183.000 assinaturas. Antes do atentado, atravessava grandes dificuldades financeiras e vendia apenas 30.000 exemplares por semana.

Dez meses após os atentados contra a redação do Charlie Hebdo e um supermercado judaico, Paris foi alvo, a 13 de novembro, de novos atentados ‘jihadistas’ que fizeram 130 mortos, a maioria dos quais na sala de espetáculos Bataclan, onde decorria um concerto de rock.