Hoje é dia de debate para a presidência dos EUA. Em cima do palco e perante um terço dos 300 milhões de americanos que deverão acompanhar o confronto pela televisão, Donald Trump e Hillary Clinton vão esgrimir argumentos, cada um deles a tentar puxar para o seu lado os indecisos, tentando convencê-los que o voto neles será o melhor para conduzir os EUA rumo à prosperidade e à segurança. Mas e se em vez da condução o país, estivesse em causa os veículos e a sua condução, quem venceria? Se em vez de política, se discutissem automóveis, quem ganharia?
A grande maioria pensa que a presidência está a ser disputada entre um rico republicano e uma democrata pobre. Será mesmo assim? E em relação ao tipo e ao número de veículos que possuem, quem investe mais neste domínio, Donald ou Hillary? Temos as respostas para estas e outras questões. E há surpresas de todos os tipos.
“The Donald”, o não tão rico
Se o factor decisivo para esta disputa eleitoral fosse qual dos candidatos ajudou de forma mais evidente a economia americana, adquirindo mais automóveis, então Trump teria a vitória garantida. Mas o empresário, que é conhecido entre os seus pares como “The Donald” e que se assume como o mais popular e mediatizado dos ricos americanos, até nem tem mais carros, ou mais potentes e luxuosos, do que os restantes milionários que lhe fazem companhia no ranking da Forbes.
Aliás, o homem que é admirado por muitos pelas suas avultadas posses financeiras, avaliadas em 4,5 mil milhões de dólares pela referida publicação (em 2016), é quase um “pelintra” se comparado com os 500 mais ricos do mundo, onde ocupa apenas a 336ª posição da tabela, apesar de ter subido 69 posições e 400 milhões de euros face à lista de 2015.
Comparado com Bill Gates (fundador da Microsoft, com uma riqueza de 75 mil milhões), tradicional líder da listagem da Forbes, com Warren Buffett (da Berkshire Hathaway, 3º com 60,8 mil milhões), Mark Zuckerberg (Facebook, 6º com 44,6 mil milhões), Larry Ellison (Oracle, 7º com 43,6 mil milhões), Michael Bloomberg (Bloomberg, 8º com 40 mil milhões), ou até mesmo Elon Musk (Tesla e Space X, 94º com 10,7 mil milhões), Trump quase passa por indigente.
Hillary, a grande surpresa
Em termos de contas bancárias, apostamos que está a pensar que a esposa do ex-presidente Bill Clinton faz figura de pobrezinha junto ao seu rival republicano. Em parte sim, mas se Trump não é tão rico quanto ele gosta de dizer que é, a verdade é que Hillary está longe de ser tão remediada quanto muitos julgam.
Apesar de ter ingressado na política muito cedo, após formar-se em Direito, Clinton possui uma fortuna pessoal avaliada em 31 milhões de dólares (dados de 2015), valor que ascende a 111 milhões se a juntarmos à atribuída ao marido, Bill.
Para além de ter reunido os meios para uma reforma confortável, Hillary provou igualmente ser uma boa gestora de fortunas. Pelo menos, da sua e do marido. É que depois de o casal Clinton ter declarado apenas 700 mil dólares de bens em 1992, o valor disparou para 8 milhões em 2001 e deu um salto ainda maior em 2006, ano em que a fortuna da família que pode ficar para a história como sendo a primeira em que ambos os membros foram eleitos presidentes ultrapassou a fasquia dos 34 milhões. Se quiser saciar a sua curiosidade, pode divagar pelo MoneyNation, onde analisaram as contas da candidata Clinton à lupa. E Trump foi alvo do mesmo tratamento.
Automóveis? Entre a adoração e o desprezo
Preparámos uma fotogaleria com os automóveis adquiridos pelos dois candidatos. E, porque o homem que apresentava o reality show “The Apprentice” adora tudo o que anda, tomámos a liberdade de juntar outros brinquedos que Donald Trump também possui, de motos a aviões. Se a colecção de veículos do candidato republicano é invejável, mas não surpreendente, já o mesmo não acontece com o portefólio de Hillary Clinton, que é de deixar qualquer um boquiaberto.
A candidata democrata nasceu em 1947 e tem 68 anos. Casou em 1975, e dois anos depois formou um escritório de advogados especializado em crianças e famílias. Em 1983 tornou-se primeira-dama do Arkansas, posto que manteve até 1992, para o trocar pelo de primeira-dama dos EUA até 2001. Tornou-se de seguida senadora (até 2009) e, por fim, secretária de Estado (até 2013), ano em que se retirou para preparar a sua própria candidatura à Casa Branca. E, em todos estes anos, Clinton apenas adquiriu um único automóvel. Apenas um.
Em 1986, com 39 anos, a actual candidata a presidente dos EUA comprou um veículo que seria, simultaneamente, a sua primeira e última aquisição. Pelo menos, até agora. E não se tratou de uma máquina infernal, ou mesmo de um modelo com pedigree. É apenas um Oldsmobile Cutlass Ciera, que Hillary fez questão de levar consigo quando foi viver para a Casa Branca, durante o primeiro mandato de Bill Clinton, em 1992. O veículo foi mantido longe dos olhares dos visitantes, por razões óbvias, e teve mesmo o direito de levar umas “esfregas” da filha do casal, Chelsea Clinton, que o utilizou para aprender a conduzir, sempre dentro dos terrenos da residência oficial.
Anos depois, o Oldsmobile foi leiloado entre os 95 empregados da Casa Branca e o brinde – ou a fava – coube a Mike Lawn. Assim se chamava apropriadamente o jardineiro da residência mais conhecida dos EUA, localizada no número 1600 da Avenida da Pensilvânia, em Washington DC. Lawn pagou 2.000 dólares pelo Cutlass Ciera, com a intenção de o oferecer à filha que estava a tirar a carta. Mas ela preferiu andar a pé. E mesmo quando o já reformado jardineiro o tentou vender ao museu da Casa Branca, obteve uma resposta similar: “thanks, but no thanks”.
Hillary não compra um automóvel desde 1986 e não conduz desde 1996.