O Fundo Monetário Internacional considera que o esforço de consolidação orçamental em Portugal vai parar no próximo ano, depois de olhar para os planos do Governo, e espera que o défice orçamental atinja os 3,4%, longe dos 2,7% do PIB estimados pelo Governo na proposta de Orçamento do Estado para 2015. A economia deve crescer apenas 1,2%, abaixo dos 1,5% estimados pelo Governo.

No comunicado sobre a primeira avaliação após o final do programa de ajustamento, o Fundo deixa duras críticas ao Governo e à estratégia apresentada na proposta de Orçamento apresentada a 15 de Outubro.

“Na avaliação da missão, o esforço de consolidação orçamental está prestes a estagnar a parar em 2015, adiando ainda mais o inevitável ajustamento orçamental necessário para salvaguardar a estabilidade da dívida pública”, escreve o FMI.

Para Washington, “o Orçamento para 2015 não está em linha com os compromissos assumidos” na estratégia orçamental de médio prazo e “Portugal tem pouca margem para se desviar dos compromissos em termos de política orçamental”.

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A explicação para essa falta de margem para a missão liderada ainda pelo indiano Subir Lall, está no nível elevado de dívida pública e na necessidade de manter a credibilidade junto dos mercados financeiros.

As previsões do FMI são ainda mais negativas que as publicadas esta terça-feira pela Comissão Europeia: o défice orçamental chegará aos 3,4% em 2015 (contra 2,7% previstos pelo Governo), e em 2016, com as medidas conhecidas até ao momento, não descerá para menos de 3,3%, o que deixaria Portugal em situação de défice excessivo pelo menos mais dois anos face ao plano atual.

O FMI explica que a diferença nas projeções está essencialmente na maior prudência do Fundo para as previsões relativas à receita fiscal e para o crescimento da economia em geral.