O círculo próximo de Vladimir Putin garantiu ao Presidente, em fevereiro, numa reunião no Kremlin, que a Rússia era capaz de aguentar as consequências financeiras de uma eventual incursão na Ucrânia, noticia a Bloomberg.

Numa altura em que a economia russa enfrenta sérias dificuldades e o fantasma de uma crise cambial, que traz à memória a crise de 1998, a agência financeira diz que Putin se terá reunido com o seu círculo próximo para avaliar a capacidade da Rússia de aguentar as consequências de invadir a Ucrânia.

Os seus conselheiros terão garantido que a Rússia tinha capacidade para aguentar as consequências financeiras desse conflito, entre elas as previsíveis sanções. Isto aconteceu numa altura em que Vladimir Putin exultava com os Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, e ainda antes do referendo realizado na Crimeia, em que os eleitores decidiram pela integração na Rússia.

A conclusão dos conselheiros de Putin parece, agora, ter acertado completamente ao lado da realidade. A Rússia viu-se obrigada a aumentar as taxas de juro para níveis proibitivos, de 10,5% para 17%, e a gastar uma boa parte das reservas de moeda estrangeira para tentar evitar um colapso no preço do rublo, até agora sem resultados.

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Esta é já apontada como a pior crise desde 1998. Entre os principais problemas para a economia russa estão, exatamente, as sanções impostas pela UE e pelos Estados Unidos. Os conselheiros de Putin já contavam com sanções, mas não contavam com a queda dos preços do petróleo nos mercados para os valores mais baixos pelo menos dos últimos cinco anos.

Segundo a Bloomberg, as reservas acumuladas durante o período em que o preço do petróleo estava em alta, um dos principais produtos exportados pela Rússia, levaram os conselheiros do Kremlin a dizer a Putin que a Rússia tinha reservas em moeda estrangeira suficientes para anexar a Crimeia e aguentar as sanções financeiras que se seguiriam.

Três responsáveis presentes nessas reuniões, que aconteceram ainda antes de a Rússia dar guarida ao ex-presidente ucrâniano, Viktor Yanukovych, citados pela Bloomberg, dizem que Putin não teria avançado com o plano de anexar a Crimeia e mantido o braço-de-ferro com o Ocidente se não tivesse o nível de reservas que criou durante os tempos de preços altos no petróleo.

As reservas têm sido, no entanto, gastas a uma velocidade que ninguém previa, numa tentativa de estabilizar o rublo que, ainda assim, prossegue numa rota de forte desvalorização.