O Egito regressou a um campeonato do Mundo 28 anos depois de ter marcado presença no Itália 1990 e todos os holofotes estavam apontados para Mohamed Salah. O melhor marcador da última edição do campeonato inglês esteve em dúvida até bem perto do início do jogo e, quando a Federação Egípcia anunciou que o astro não seria titular na partida frente ao Uruguai, o mundo pensou: “Lá se foi metade do interessa do jogo”. E não é que tinha razão?

Todas os possíveis cenários imaginados com Salah em campo são meramente hipotéticos, mas a verdade é que a velocidade e a criatividade características do avançado egípcio do Liverpool tinham sido ouro sobre azul num jogo que foi… lento e previsivelmente jogado. Ninguém garante que o Egito conseguisse marcar num contra-ataque rápido e bem conduzido se fosse Salah o seu condutor; certo é que nunca o fez durante os 90 minutos jogados. Também não é possível assegurar que a formação de Héctor Cúper conseguiria ter mais bola no pé, correr menos atrás dela e construir algum tipo de ataque organizado caso o aniversariante (fez 26 esta sexta) estivesse em campo, mas quem viu o duelo frente ao Uruguai verificou que “bola no pé” foi algo que o Egito não soube ter e que a ofensiva dos egípcios acabava antes de chegar onde interessava. Seria diferente com Salah em campo? Nunca saberemos.

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Se no Egito a grande estrela ficou fora das quatro linhas, no Uruguai toda a carne foi para o assador, com especial atenção e destaque para a dupla de avançados composta por Suárez e Cavani. As estrelas de Barcelona e Paris Saint-Germain jogaram os 90 minutos e bem tentaram bater o guardião Mohamed El-Shenawy, mas por pontaria a mais ou a menos, nunca o fizeram. Cavani começou por obrigar o egípcio a uma boa defesa, antes de ver o companheiro de ataque falhar a baliza por milímetros, num misto entre grande oportunidade e um falhanço ainda maior.

Veio o segundo tempo, o desacerto uruguaio manteve-se e a inspiração de El-Shenawy aumentou. O egípcio defendeu tudo o que os avançados uruguaios iam tentando marcar e, até bem perto do final do encontro, parecia levar a melhor no duelo com os opositores. Cavani até fez estremecer a baliza egípcia, mas o poste manteve-se firme e a bola ricocheteou para longe do alvo. O nulo não era completamente justo, mas penalizava com relativa justiça a ineficácia da seleção uruguaia, que parecia não conseguir ultrapassar um Egito refém da sua própria estrela.

Já havia uruguaios a olhar para o céu quando do ar caiu uma bola. No sítio certo e à hora exata estava o central Giménez, que, num remate, foi mais eficaz do que os avançados uruguaios numa dezena e atirou a contar para o golo da vitória. Estava feito o 1-0 com que se fecharia a partida, mas duas ideias ficaram no ar: o Egito só pode melhorar com a entrada de Salah, ao passo que o Uruguai é bom que melhore (pelo menos, na eficácia), se quiser garantir o primeiro lugar do grupo A deste Mundial.