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Ah, é por isso que lhe chamam a noite dos horrores – e que o senhor António não merecia (a crónica do Sporting-Estoril)

Este artigo tem mais de 5 anos

Depois da melhor exibição da época, o pior jogo: Estoril venceu em Alvalade (2-1) frente a um Sporting irreconhecível que teve uma noite digna de Halloween que uma pessoa em especial não merecia.

José Peseiro sofreu a segunda derrota em casa na presente temporada e viu contas da Taça da Liga ficarem mais complicadas
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José Peseiro sofreu a segunda derrota em casa na presente temporada e viu contas da Taça da Liga ficarem mais complicadas

Filipe Amorim / Global Imagens

José Peseiro sofreu a segunda derrota em casa na presente temporada e viu contas da Taça da Liga ficarem mais complicadas

Filipe Amorim / Global Imagens

A Taça da Liga nunca foi, não é e dificilmente será uma competição acarinhada no calendário nacional (à exceção da Final Four, claro está, porque aí há um troféu em disputa que pode ser esconder o insucesso no resto das provas ao longo da temporada). Se o cenário é este, haver jogos a meio da semana só torna a coisa mais complicada. E se esse meio da semana coincidir com um feriado onde parece existir muita gente a celebrar numa onda de Carnaval antecipado com cores de susto, pior ainda. E se a tudo isto juntarmos o facto de começar às 21h15, há ainda menos palavras para descrever o vazio que se sente, com aqueles barulhos da bola batida com mais força e os gritos mais versão Halloween em campo a ouvirem-se de forma quase perfeita nas bancadas pelos mais atentos (vamos passar por cima da parte da chuva, do frio e do vento, porque o futebol é mesmo assim, um desporto de Inverno). No entanto, não havia nada que tirasse o senhor António de Alvalade. Esta foi a noite do senhor António.

Estoril derrota Sporting em Alvalade por 2-1 com reviravolta (justa) nos últimos 20 minutos

O futebol português pode continuar a ser feito entre guerrinhas que muitas vezes só existem porque é mesmo preciso arranjar uma guerra qualquer mas existe cada vez mais uma sensibilização por parte dos clubes para o papel social que cada um também representa na sociedade. E isto é extensível a todos, sem exceção. Daí advêm exemplos que conseguem colocar em segundo plano estas noites frias, de chuva, a meio da semana, às 21h15 e em véspera de feriado da Taça da Liga. Deste vez, chegou do Sporting. Mas podia ser de muitos outros – afinal, também há uma parte do futebol português fora dos relvados.

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Ficha de jogo

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Sporting-Estoril, 1-2

2.ª jornada do grupo D da Taça da Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Hélder Malheiro (AF Lisboa)

Sporting: Salin; Bruno Gaspar, Marcelo, André Pinto, Jefferson (Lumor, 62′); Petrovic, Wendel (Bruno Fernandes, 67′), Gudelj; Carlos Mané, Diaby e Bas Dost (Montero, 62′)

Suplentes não utilizados: Luís Maximiano, Coates, Nani e Jovane Cabral

Treinador: José Peseiro

Estoril: Thierry Graça; Filipe Soares, Diakhité, João Pedro, João Vigário (Rafael Furlan, 45+1′); Matheus, Gonçalo Santos (Pedro Queirós, 77′), Aylton, Marcos Bahia; Sandro Lima e Dadashov (Roberto, 67′)

Suplentes não utilizados: Igor, Gustavo, Diney e Chajia

Treinador: Luís Freire

Golos: Wendel (9′), Sandro Lima (71′) e André Pinto (82, p.b.)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Aylton (89′), Petrovic (90′), Thierry Graça (90+3′) e Marcos Bahia (90+5′)

A história teve início numa fotografia nas redes sociais e foi escalando com o passar dos dias até ganhar a dimensão que hoje se viu em Lisboa. António Ferreira, um utente do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo, participou no desafio da associação que tinha por objetivo completar a frase “Antes de morrer quero…” – que já merecera outras reportagens – e escreveu “Voltar a Alvalade”. “O António esteve na inauguração do estádio José Alvalade e fala disso com enorme paixão. Foi durante muitos anos sócio do Sporting e desde que está connosco, há dois anos, é o fanatismo pelo seu clube que mais o caracteriza. As consequências de um AVC impedem-no de realizar muitas das suas coisas, mas em nada afetou o seu amor pelo Sporting e cada vez que falamos em um dia voltar a Alvalade, os olhos brilham de esperança e de vontade. ‘Antes de Morrer ele quer… Voltar a Alvalade’ e nós acreditamos com ele que o fará”, escreveu o Centro Comunitário na sua página do Facebook.

“Foram e são muitas as pessoas que nos ligaram a querer realizar o sonho do António, adeptos do clube, adeptos de outros clubes, jogadores da equipa de futebol do Sporting, de futsal, andebol, etc. Será então o Sporting que os representará a todos e amanhã concretizará o sonho do nosso António e ele não podia estar mais feliz por tudo isto acontecer. Até amanhã Alvalade”, anunciou esta terça-feira a associação de Gafanha do Carmo. E assim foi: horas antes do encontro, o senhor António chegou ao estádio, esperou perto da porta 10-A para cumprimentar todos os convocados e esteve no relvado. Tudo gravado pelo Facebook Live do Centro Comunitário, num dia inesquecível para todos. Também são estas pequenas vitórias que fazem do futebol grande, mesmo em noites frias, de chuva, a meio da semana, às 21h15 e em véspera de feriado da Taça da Liga.

Se o episódio supracitado já vale por si só o destaque, o andamento do encontro adensou esse primeiro plano. O Estoril deu uma réplica interessante, comprovando ser um conjunto talhado para jogar na condição de visitante e com ideias definidas por mais um técnico jovem que se pretende afirmar (Luís Freire), mas o Sporting, com oito alterações em relação ao conjunto que tinha começado a partida com o Boavista, voltou a revelar aquela irregularidade exibicional de quem passa do melhor para o pior em cerca de 72 horas. Valeu pelo regresso às opções iniciais de Bas Dost e pouco mais do que isso.

Sandro Lima, avançado que, tal como Dadashov, tem aproveitado a ausência por lesão de Kléber para assumir protagonismo no ataque do Estoril, teve o primeiro remate por cima da trave de Salin mas foram os leões a inaugurar o marcador logo aos nove minutos, naquele que foi o quinto golo mais rápido da equipa em jogos a contar para a Taça da Liga: Gonçalo Santos recuperou bem a bola na área após incursão de Carlos Mané pela esquerda, facilitou quando foi pressionado por Bas Dost e Wendel, de primeira, fez o 1-0. Primeiro golo do brasileiro pelo conjunto verde e branco, primeiro golo apontado pelo jogador desde o final de 2017 (quando alinhava no Fluminense) e, já agora, última oportunidade até ao intervalo.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos em vídeo do Sporting-Estoril]

Salin, duas vezes no mesmo minuto, evitou o empate após remates de Aylton e Sandro Lima (17′). Os canarinhos tiveram menos bola e menos passes do que os leões, como seria de esperar, mas rematou mais e não ficou atrás dos cantos – e este já foi um dado inesperado. Com uma defesa permeável (Aylton foi fazendo o que quis no 1×1 com Jefferson); um meio-campo sem ideias, agressividade e intensidade com apenas alguns rasgos de Wendel entre um Gudelj abaixo do normal e Petrovic ao habitual nível; e um ataque com pouca criatividade para inventar bolas de golo para a cabeça de Bas Dost, a formação de Peseiro foi uma sombra do que fizera na Primeira Liga com o Boavista. Pode sempre invocar-se a falta de ritmo e a ausência de rotinas. Mesmo com isso e outras justificações que pudessem aparecer, foi demasiado mau.

À saída para o intervalo, ficava a sensação que o Estoril tinha perdido a sua oportunidade para deixar marca em Alvalade. E por uma razão simples: por norma, quando as equipas “grandes” fazem uma exibição com tão pouca qualidade, o intervalo acaba por ser uma espécie de cura terapêutica para corrigir tudo o que de mal é feito. O nível qualitativo até pode não aumentar muito mas existe maior estabilidade e capacidade de controlar o jogo. Tudo isto, por norma. Mas há sempre exceções e esta foi uma delas – se o Sporting tinha jogado pouco na primeira parte, conseguiu ser ainda pior na segunda.

Até à reviravolta no marcador, Gudelj fez o único remate com relativo perigo num livre direto em zona central perto da área, desviado por Thierry Graça. Ao invés, os canarinhos voltaram a ameaçar por Sandro Lima e Dadashov (muitas vezes depois de arrancadas de Aylton, sobrinho de Boa Morte), deixando a ideia de que bastava acelerar um pouco o jogo nas transições para entrar à vontade num setor defensivo verde e branco que foi um verdadeiro susto em noite de bruxas.

Entre defesas de Salin, remates de mira desafinada e falhas no último passe, parecia inevitável haver mais golos em Alvalade. E mais golos só poderiam surgir da parte do Estoril, perante a exibição desastrosa do Sporting. Meu dito, meu feito e pelo melhor dos visitantes nesta noite: Sandro Lima foi lançado em profundidade, ganhou num primeiro encosto a André Pinto, fintou para dentro deixando o central de forma atabalhoada no chão e colocou em jeito no 1×1 contra Salin (71′). Mas não ficou por aí: após um canto batido no lado esquerdo do ataque, André Pinto quis antecipar-se a Pedro Queirós ao primeiro poste mas acabou por desviar de forma involuntária para a própria baliza (82′). A reviravolta estava consumada.

Peseiro pedia agressividade à equipa enquanto esboçava sorrisos irónicos perante tanta coisa mal feita. E tinha um outro problema: quando tirou Dost e Jefferson de campo logo aos 62′, ficou à mercê de uma eventual lesão que surgiu mesmo cinco minutos depois, quando Wendel caiu no chão com queixas na perna e teve de dar lugar a Bruno Fernandes. Ou seja, a perder, nada a fazer a não ser acreditar nos jogadores que lá estavam. Thierry Graça, aos 88′, tirou o empate a Diaby e Carlos Mané mas seria Aylton a acabar o período de descontos a falhar outra oportunidade clara para aumentar a vantagem, quando Marcelo (que neste caso vestiu o papel de Coates) estava na frente de ataque ao lado de Montero…

No final, o treinador do Sporting falou num resultado injusto, num encontro que estava dominado, numa quebra física nos últimos minutos. Mas a verdade é que o Estoril mereceu por completo o triunfo, com uma exibição de qualidade que deixou os adeptos verde e brancos de nervos em franja a pedir a demissão de José Peseiro alto e bom som (com tão pouca gente no estádio, os cânticos ganhavam outra dimensão sonora). Era noite de Halloween e a exibição dos leões foi um autêntico susto que pode trazer outras consequências na última jornada da fase de grupos da Taça da Liga, onde estão obrigados a vencer em Santa Maria da Feira e esperar o que os canarinhos irão fazer na deslocação à Madeira para defrontar o Marítimo. Sobretudo depois da boa exibição de domingo, foi demasiado mau para ser verdade. E, esta noite, o senhor António não merecia.

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