O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, disse esta sexta-feira que os bancos gregos estão a perder cada vez mais ativos que podem usar como garantia para obter financiamento dos bancos centrais. E, acrescentou Dragai, o valor desses colaterais pode ser revisto em breve pelo BCE, podendo passar a valer menos e deixando os bancos gregos em maiores dificuldades.

“A ELA [liquidez de emergência] vai continuar a ser dada enquanto os bancos gregos forem solventes e tiverem o colateral adequado.(…) O Conselho de Governadores pode ter de voltar atrás e, como disse na última conferência de imprensa [após a reunião mensal do BCE], avaliar cuidadosamente se as condições devem levar a uma mudança” no valor desses colaterais, explicou o presidente do BCE.

Os bancos continuam impedidos de usar dívida pública grega como garantia nos empréstimos que pedem ao BCE, desde 4 de fevereiro, devido à falta de perspetiva de um acordo com os credores que permita ao BCE perspetivar uma conclusão do programa com sucesso. Por isso, e desde então, têm recorrido em larga escala ao financiamento de emergência dado pelo próprio banco central da Grécia, cujo valor é limitado pelo BCE.

O responsável explicou que a atual situação é frágil, que os bancos gregos continuam a perder depósitos, e que os juros continuam a aumentar. Dada a grande volatilidade nos mercados, há cada vez mais colaterais, estes ativos que servem de garantia dada pelos bancos no financiamento junto dos bancos centrais, que estão a desaparecer ou a perder valor, e isso pode implicar uma valorização mais baixa e conservadora pelo BCE.

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Mario Draghi passou a mesma mensagem dos seus colegas em relação ao acordo com a Grécia: “O tempo esta a acabar, como disse o presidente do Eurogrupo”.

O líder do BCE diz que foram alcançados “alguns progressos nas últimas semanas, nos últimos dias”, mas que não é possível “haver um acordo se não houver um processo adequado para avaliar e quantificar as medidas”, uma das críticas mais comuns do banco central, e que foi também transmitida pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque.

Mario Draghi fez ainda questão de sublinhar que as reformas estruturais são “essenciais” para garantir a sustentabilidade da economia, mas deixou uma porta aberta, lembrando que, apesar de a Grécia precisar de fazer mais no que à consolidação orçamental diz respeito, no acordo de 20 de fevereiro já estava previsto que para 2015 o governo grego pode não precisar de atingir as metas que estavam previstas no programa de ajustamento.