Chegámos à tal fase. Onde uns começam a cair e outros a alargar a passada. França, Colômbia, Holanda, Chile e Costa Rica já o fizeram. São estes os cinco apressados que já colheram os pontos suficientes para seguir viagem. Cinco equipas. O tal número que dizem ser ideal para viajar — sendo ímpar, garante que uma votação nunca possa acabar empatada. Ou seja, haverá sempre uma maioria a decidir o próximo destino. Neste caso, até vão todos para os oitavos de final do Mundial. Certo. E este sábado até podem passar a ser sete.

Até já se sabe quem são. Argentina e Alemanha jogam com Irão e Gana para irem à caça dos três pontos que lhes faltam para reservarem lugar na fase seguinte da Copa. Com Messi já de golo feito (vs Bósnia) e Alejandro Sabella mais sábio após o erro cometido (começou a partida com a equipa montada em 3-5-2), os argentinos só têm de vencer os iranianos. Será no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte. Para os alemães, uma vitória contra o Gana garante os ‘oitavos’ — e, caso Portugal vença os EUA, assegura também que a seleção nacional chegue ao último jogo a depender apenas de si para se qualificar.

A fechar o dia estarão os bósnios, ansiosos por dar ao país a primeira vitória em Mundiais. A Nigéria já tem quatro em 15 jogos (repartidos entre 1994, 1998, 2002, 2010 e 2014). Os europeus têm no plantel dois dos três melhores marcadores da fase de qualificação, portanto os africanos que se cuidem.

Argentina — Irão, às 17h

Meeesssi, Meeesssi, Meeesssi! Demorou, mas foi. Escondido durante pouco mais de uma hora, a Pulga (alcunha de Lionel Messi) lá decidiu sair da toca. Pegou na bola, correu, largou-a para Higuaín que, obediente, a devolveu a Messi para o craque fazer o 2-0. Um golo à Messi. Aí o Maracanã acordou. E cantou. Agora sim, os milhares de argentinos começavam a manifestar a sua adoração pelo capitão da seleção, num jogo em que ele apenas brilhou quando Alejandro Sabella reconheceu o erro e remontou a equipa num 4-3-3.

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O seleccionador argentino começara por ordenar a equipa em 5-3-2, com Messi perdido na frente, ao lado de Aguero. Não resultou. Em nada. Sabella recuou e, na segunda parte, recorreu à tática habitual. Deixou Messi deambular por onde queria e viu-se uma Argentina não temível, mas suficientemente ousada para impor respeito. Nos treinos após o jogo, a imprensa até chegou a escrever sobre o amuo de Lionel e o seu finca-pé com Sabella, para que o 4-3-3 se mantivesse.

Veremos contra o Irão. O de Carlos Queiroz, treinador responsável por um dos três empates a zero (contra a Nigéria) deste Mundial — a Grécia, de Fernando Santos (contra o Japão), esteve num dos outros. O português já garantiu que deixará a seleção do Médio Oriente após o Mundial, e perder com a Argentina até nem será o fim do mundo: uma vitória na última jornada frente à Bósnia poderá dar um bilhete para os ‘oitavos’. Mas será difícil. Voltando à Argentina, os iranianos apenas defrontaram os sul-americanos uma vez, em 1977. Na altura, deu empate (1-1). E Messi espera que não seja Alejandro Sabella a empatar com a tática o duelo de 2014.

Alemanha — Gana, às 20h

Boateng contra Boateng. Jerôme e Kevin-Prince. Um rendeu-se ao local de nascimento, o outro chateou-se e foi à procura das origens. Quatro anos depois, voltam a encontrar-se separados por camisolas com cores de países distintos. Jerôme está do lado alemão, à direita da defesa onde já vai na segunda prova seguida a meter Cristiano Ronaldo no bolso (lembram-se do último Europeu?). Kevin-Prince, médio brincalhão, gosta de dar nas vistas e é um dos nomes a ter em conta na equipa ganesa.

Na África do Sul, em 2010, o sorteio também os meteu no mesmo grupo. Na altura, acabou 1-0. Um Boateng a festejar e outro cabisbaixo. Desta vez, Kevin-Prince, a versão ganesa da irmandade, já avisou que a sua seleção vai “lutar até à morte contra a Alemanha” e prevê um jogo parecido com “a Roma antiga”. Seja lá o que isso for, se este Boateng o diz, é melhor ter cuidado. Afinal, só uma vitória mantém os ganeses com os binóculos focados nos ‘oitavos’ — perderam com os EUA (2-1) na primeira jornada.

Nigéria — Bósnia, às 23h

O frente-a-frente dos aflitos. Um mais que o outro. À Nigéria vale o ponto que sobrou do marasmo que foi o duelo contra o Irão de Queiroz. A nação africana, campeã do seu continente, trouxe ao Brasil talvez a colheita mais pobre de sempre que apresentou em Mundiais. Há Obi Mike, Emenike, Onasi, Moses e o sempre elástico Enyeama na baliza, mas é pouco. Pelo menos assim o foi contra os iranianos. Agora vamos aos pressupostos.

O primeiro: os argentinos vencem o Irão nas calmas e ficam com seis pontos. O segundo: a Nigéria consegue ganhar à Bósnia, faz quatro pontos e embala para o último duelo com a Argentina já com a passagem aos ‘oitavos’ garantida. Qual deles o mais provável? Por certo, o primeiro, já que os bósnios perderam contra os argentinos mas mostraram que, sem azares, são a segunda melhor equipa deste grupo.

A equipa dos Balcãs tem Pjanic e Misimovic, duas bússolas para a bola, além de Dzeko e Ibisevic, o segundo e o terceiro melhores marcadores da fase de qualificação europeia (com dez e oito golos). Na derrota (2-1) com a Argentina, o seleccionador Susic esqueceu o que fez durante o apuramento e só deu a titularidade a um deles. Ibisevic ficou no banco, mas o golo bósnio só apareceu quando ele entrou em campo e o marcou. E agora, será que começam os dois? Era bom. Afinal, seria uma forma perfeita para encarar a primeira batalha de sempre entre estas duas seleções.