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Christine Lagarde 14 dezembro 2023
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Christine Lagarde protagonizou a conferência de imprensa a custo, tossindo muito por estar "em recuperação" de uma infeção pelo novo coronavírus (Covid-19).

BCE

Christine Lagarde protagonizou a conferência de imprensa a custo, tossindo muito por estar "em recuperação" de uma infeção pelo novo coronavírus (Covid-19).

BCE

BCE descarta baixar os juros em breve? Lagarde nem sempre segue o seu próprio guião

Christine Lagarde, "a recuperar" de Covid, garantiu em conferência de imprensa que BCE nem falou em descer juros. Mas nem sempre as suas palavras foram um guia certeiro sobre o que viria a acontecer.

O Conselho do BCE nem sequer falou, na reunião desta quinta-feira, em descer as taxas de juro, garantiu Christine Lagarde. A rápida descida da inflação (para 2,4%) e o abrandamento económico na zona euro gerou expectativas de que a presidente do BCE pudesse abrir a porta – mesmo que ligeiramente – a uma descida dos juros. Mas “não podemos baixar a guarda, de modo algum“, perante os riscos de inflação, frisou a francesa. Estas palavras, porém, não alteraram a perspetiva dos mercados financeiros, que continuam a apostar que o BCE irá baixar as taxas para 2,5% até ao fim de 2024. Talvez porque, como se viu nos últimos anos, nem sempre a presidente do BCE seguiu o seu próprio guião.

Christine Lagarde subiu ao púlpito, como é habitual, na sala de conferência de imprensa da sede do BCE em Frankfurt. Desta vez, porém, rapidamente se percebeu que a saúde da presidente do BCE não estava a 100%. “Estou em modo de recuperação de Covid“, esclareceu, garantindo depois: “não se preocupem, não estou contagiosa“. Com a voz claramente afetada e com bastante tosse, a francesa explicou que, tendo o BCE feito há pouco tempo (em setembro) aquela que se acredita ter sido a última subida de juros, não faz sentido estar já a falar em descidas.

“Não discutimos cortes nas taxas de juro, de todo”, garante Lagarde na reunião em que manteve taxa de juro inalterada em 4%

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Na véspera, o líder da Reserva Federal norte-americana tinha sinalizado de forma bem clara que as descidas nas taxas de juro são algo que está em cima da mesa nos EUA. Jerome Powell afirmou que a Reserva Federal está “consciente dos riscos associados a manter os juros elevados por demasiado tempo“, uma declaração que impulsionou os mercados acionistas na quarta-feira. Mas Lagarde, que no início deste processo começou a subir juros vários meses depois da Fed, fez o seu melhor para se demarcar da mensagem transmitida por Powell.

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“Lagarde não foi Powell”, escreveram os analistas do Commerzbank, numa nota de reação à conferência de imprensa da presidente do BCE. A francesa “tentou diminuir as expectativas de cortes na taxa de juro”, afirmam os analistas, remetendo para a garantia dada por Lagarde de que uma possível descida futura nas taxas de juro nem sequer esteve em discussão esta quinta-feira.

Antes desta conferência de imprensa, e da divulgação do comunicado oficial do BCE, os mercados de futuros de taxas de juro indicavam que os investidores apontavam para 155 pontos-base de descida nas taxas de juro ao longo de 2024. Como o banco central costuma subir e descer os juros em múltiplos de 25 pontos-base (um quarto de ponto percentual), isso significa que a expectativa média é que o BCE terminaria o próximo ano com os juros em 2,5%, com uma pequena probabilidade de ser 2,25%.

"Riscos para o crescimento ainda pendem para o lado negativo"

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As novas previsões do staff de economistas do BCE apontam para um crescimento menos robusto do que se previa anteriormente – embora as projeções continuem a apontar para uma pequena aceleração em 2024, em comparação com 2023. O crescimento da economia da zona euro deverá ser de 0,6% em 2023 e de 0,8% em 2024. Nas previsões anteriores, divulgadas em setembro, o cenário era mais otimista: 0,7% em 2023 e 1,0% em 2024.

Mas “os riscos para o crescimento [económico] ainda pendem para o lado negativo”, disse Christine Lagarde, ou seja, olhando para as novas projeções do staff de economistas do BCE é mais provável que o crescimento seja menor do que maior.

Esses riscos negativos podem materializar-se “se os efeitos [do aperto] da política monetária forem mais fortes do que o previsto”, admite Christine Lagarde, acrescentando os riscos em torno do “abrandamento do comércio global”, a “guerra injustificada lançada pela Rússia na Ucrânia” e o “conflito trágico no Médio Oriente”. São fatores que podem “levar as empresas e famílias a tornarem-se menos confiantes em relação ao futuro”, diz Lagarde.

Algumas horas depois, Lagarde termina a conferência de imprensa despedindo-se com desejos de “boas festas” e pedindo às pessoas que se mantenham “seguras e quentes – e felizes“. Nesse momento, o mesmo indicador dos mercados de futuros de taxas de juro já apontava para 144 pontos-base de descida. Ou seja, a mensagem transmitida por Christine Lagarde reduziu as expectativas dos mercados em relação a quanto podem descer as taxas de juro em 2024.

Mas a mudança não foi significativa. Os 144 pontos-base significam, mesmo assim, que a taxa de juro deve terminar o ano de 2024 nos mesmos 2,5%, embora se tenha tornado menos provável o cenário alternativo de que os juros baixassem até 2,25%. Em termos simples, esta foi uma pequena alteração das expectativas dos mercados que mostra que não terá sido levada muito a sério a mensagem transmitida pela presidente do BCE – uma mensagem onde Lagarde quis imprimir uma forte cautela em relação à inflação.

Inflação tem caído mas "deverá subir novamente, de forma temporária" nos próximos tempos

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A inflação “tem caído nos últimos meses mas deverá subir novamente, de forma temporária” nos próximos tempos, prevê o Banco Central Europeu no comunicado que confirma a decisão de manter as taxas de juro em 4%.

As novas projeções para a inflação apontam para uma descida “gradual” ao longo do próximo ano, “antes de se aproximar do objetivo de 2% em 2025”.

Os economistas do BCE preveem uma taxa de inflação média de 5,4% em 2023 e de 2,7% em 2024 – uma revisão em baixa em relação às previsões divulgadas em setembro (previa-se 5,6% em 2023 e 3,2% em 2024). Em 2025 a inflação poderá ser de 2,1%, em média, e 1,9% em 2026, segundo as novas projeções.

O impacto pouco significativo nos mercados poderá estar relacionado com o facto de nem sempre Christine Lagarde ter seguido o seu próprio guião, desde que sucedeu a Mario Draghi na liderança do BCE.

Em parte, como salientam os especialistas do banco holandês ING, isso estará relacionado com o “desempenho fraco” que os economistas do BCE tiveram nas previsões de como este surto inflacionista iria desenrolar-se. Mas quem dá o rosto é Christine Lagarde, e foi ela que, em novembro de 2021, disse em Lisboa que era “muito improvável” que se reunissem as condições para haver (nem sequer) uma subida da taxa de juro em 2022.

Acabou por não apenas uma subida mas várias – e algumas com dimensão inédita (75 pontos-base de cada vez).

No início de 2022, os juros estavam num valor negativo (-0,50%) e começaram a baixar em julho desse. Terminariam o ano de 2022 em 2,5% mas continuariam a aumentar ao longo de 2023, até aos 4% atuais. Nesta trajetória de subida de juros – de longe a mais agressiva da história da zona euro – foram várias as ocasiões em que a mensagem transmitida por Christine Lagarde, a cada reunião, não coincidiu com aquilo que, depois, foi decidido.

 
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