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RUI OLIVEIRA/OBSERVADOR

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Castelo de Vide. Os momentos de pânico de duas jovens até serem baleadas, a mensagem que alertou a GNR e a fuga a nado do suspeito

Suspeito de disparar contra duas jovens na barragem de Póvoa e Meadas, em Castelo de Vide, tem antecedentes. Jovens alertaram primo da existência de um homem com arma. GNR apanhou-o em fuga a nado.

Não fossem as horas a que os militares da GNR de Castelo de Vide viram um homem a nadar no meio da barragem de Póvoa e Meadas e este até poderia ter passado despercebido. Não foi isso que aconteceu, porque já passava da meia noite. Dentro de água, um espanhol de 74 anos nadava com uma arma pendurada na cintura — não tinha sequer tirado a roupa para entrar na barragem. E fazia movimentos para se afastar da margem apenas com um dos braços. No outro segurava uma caçadeira.

Estas duas armas só foram descobertas pela GNR quando os militares tiraram o homem da água e este foi de imediato detido. O facto de ter armas poderia ser suficiente para a sua detenção, mas o que aconteceu esta terça-feira vai além da posse ilegal de armas. A caçadeira que o homem agarrava com uma das mãos tinha sido usada para disparar contra duas jovens, de 17 e de 22 anos, que tinham sido encontradas ali próximo, também pela GNR, cerca de vinte minutos antes. Uma é natural de Castelo de Vide, outra de Lisboa. Estavam ambas de mãos atadas.

Portalegre. Jovens baleadas estão gravemente feridas. Suspeito espanhol foi detido

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Agora, o homem de nacionalidade espanhola está detido no posto de Nisa, distrito de Portalegre, e será presente ao Tribunal de Nisa para primeiro interrogatório, com sessão marcada para a manhã desta quinta-feira. Será nesse momento que ficará a conhecer as respetivas medidas de coação. E a investigação está a cargo da Polícia Judiciária.

Amarradas com fita de plástico e em pânico

O primeiro cenário que a GNR encontrou quando chegou à zona da barragem não foi o do homem a nadar. Assim que saíram do carro, por volta das 23h40, os militares procuraram as duas jovens, ainda sem saberem o que iriam encontrar. E tiveram de usar lanternas, uma vez que aquele sítio não tinha qualquer iluminação, contou ao Observador fonte da GNR.

Primeiro, viram o carro de uma das jovens, onde ambas se tinham deslocado naquela noite. Depois, a pouco mais de 150 metros do sítio onde estava estacionado o carro, encontraram as duas jovens. “Quando viram que era a GNR, correram na direção da patrulha”, acrescentou a mesma fonte, dizendo ainda que “estavam conscientes, mas em pânico”.

Militares tiveram de usar lanternas, uma vez que aquele sítio não tinha qualquer iluminação. Primeiro, encontraram o carro de uma das jovens e depois, a pouco mais de 150 metros do sítio onde estava estacionado o carro, estavam as duas jovens com ferimentos graves de bala, de mãos amarradas e despidas da cintura para baixo.

À medida que as duas se aproximavam, começaram também a surgir mais detalhes da história que ficou conhecida durante a manhã desta quinta-feira. Uma tinha as mãos atadas à frente e a outra tinha as mãos atadas atrás com fita de plástico. Estavam nuas da cintura para baixo e tinham ferimentos graves – uma tinha sido baleada na mão e outra na zona lombar.

Foi nessa altura que, “com alguma dificuldade, devido ao pânico”, descreveu fonte da GNR, os militares conseguiram perceber o que terá acontecido. Além de terem dito aos militares que tinham sido baleadas, as jovens disseram ainda que o homem de 74 anos as terá tentado violar – crime que ainda não foi confirmado pelas autoridades.

“Passado vinte minutos, localizaram um homem que estava dentro da barragem a nadar e acharam estranho haver um homem na barragem a nadar a uma hora daquelas”, acrescentou. De facto, não estava a nadar, mas sim a fugir.

Enviada equipa de psicólogos para a barragem

Quando as duas jovens foram encontradas, estas “não explicaram muito, porque estavam em choque, estavam em pânico e a prioridade foi prestar auxílio”, referiu ainda a mesma fonte. A chamada para o 112 foi recebida às 23h44, indicou fonte do INEM ao Observador, e além dos bombeiros de Castelo de Vide e de uma equipa médica de emergência e reanimação de Portalegre, também foi enviada uma equipa de psicólogos do INEM.

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Com ferimentos graves – uma das jovens tinha “a mão praticamente desfeita” –, as duas foram encaminhadas para o hospital de Portalegre, onde entraram à uma e meia da manhã e depois transferidas para o Hospital de São José, em Lisboa, onde estão ainda internadas nas especialidades de ortopedia e de cirurgia plástica.

Mensagem enviada por jovem alertava para um homem com arma

Na noite de terça-feira, quando os militares chegaram à barragem de Póvoa e Meadas, conhecida pela realização do festival Andanças, não sabiam o que iam encontrar. Aliás, nem sequer sabiam se iam encontrar alguém. O alerta que chegou ao posto de Castelo de Vide entre as 22h30 e as 23h00 não tinha muita informação e dava apenas conta de que uma das jovens tinham deixado de responder às mensagens depois de ter dito que viu um homem na barragem com uma arma.

A zona da barragem, que fica dentro do parque natural da serra de São Mamede, é utilizada frequentemente para fazer campismo selvagem, mas as duas jovens não estavam a acampar. As duas teriam uma relação e visitavam aquele sítio com frequência, uma vez que é pouco movimentado. Foi o que fizeram esta terça-feira à noite e, a certa altura, viram um homem com uma arma na zona do parque de merendas, perto do carro.

As duas jovens teriam uma relação e visitavam aquele sítio com frequência, uma vez que é pouco movimentado. Foi o que fizeram esta terça-feira à noite e, a certa altura, viram um homem com uma arma na zona do parque de merendas, perto do carro. Uma delas descreveu o que estava a ver ao primo por mensagens.

Uma das jovens estava a trocar mensagens com o primo, contou o que estava a ver e, depois disso, deixou de responder às mensagens. Preocupado, o primo da jovem decidiu ligar a uma amiga, que ligou então para a GNR, descrevendo que estaria um homem com uma arma junto à barragem.

Uma vez que esta não era a primeira vez que as jovens foram para aquele local, as autoridades acreditam também que o agora suspeito de tentativa de homicídio as possa ter visto antes.

Suspeito é antigo militar e vive há cerca de sete anos em Portugal

Junto ao parque de merendas, onde foram encontradas as duas jovens com ferimentos graves esta terça-feira à noite, há duas zonas de caravanismo – uma legal, gerida pela Câmara Municipal de Castelo de Vide e pela entidade regional de turismo, e uma ilegal num terreno que pertence à EDP, explicou ao Observador António Pita, presidente do município de Castelo de Vide.

É na parte ilegal – que existe há mais de 40 anos – que o espanhol de 74 anos vive, numa rulote, há cerca de sete anos. “Existem pessoas que ocupam o espaço de uma forma não regulada nas proximidades da barragem. É um terreno da EDP, onde as pessoas passam grande parte do seu tempo em caravanismo selvagem. Este senhor passava o seu tempo há vários anos nesse terreno”, acrescentou António Pita.

Suspeito é espanhol, antigo militar e vivia numa zona de caravanismo ilegal junto à barragem há cerca de sete anos. “Vivia numa situação muito rudimentar”, descreveu ao Observador o autarca de Castelo de Vide.

O Observador não conseguiu apurar se este homem esteve noutro ponto do país antes de se fixar junto à barragem de Póvoa e Meadas e sabe-se muito pouco sobre a sua vida. Antigo militar, “apaixonado pelo sítio da barragem”, era já conhecido pelos habitantes da aldeia de Póvoa e Meadas, onde habitualmente se deslocava para fazer compras. “Vivia numa situação muito rudimentar”, descreveu o autarca de Castelo de Vide, que acrescentou que “nunca foi rejeitado pela população, mas também não era uma pessoa acarinhada, pela forma como vivia”.

Antecedentes criminais relacionados com tentativa de violação

Para o autarca de Castelo de Vide, “nada levava a crer que [o agora suspeito] fosse um criminoso”, mas segundo apurou o Observador, o cadastro deste homem de 74 anos conta com duas informações de relevo, com data de 2018.

O suspeito tem no seu registo criminal uma queixa por ameaça e coação e uma participação por tentativa de violação. Ambos os casos aconteceram em 2018, na zona da barragem. A mulher que fez a participação decidiu depois não avançar com queixa. 

No registo criminal do cidadão espanhol que será presente a juiz de instrução esta quinta-feira de manhã consta uma queixa por ameaça e coação, feita por um inglês que passou férias no parque de campismo da barragem de Póvoa e Meadas. A denúncia foi feita em Espanha, país por onde passou o homem de nacionalidade inglesa depois de ter saído de Portugal.

E há ainda mais uma participação feita por uma mulher, por tentativa de violação, também na barragem de Póvoa e Meadas. Segundo apurou o Observador, a alegada vítima fez apenas participação às autoridades e não quis avançar com queixa, desistindo assim de iniciar um procedimento criminal.

 
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