895kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, intervém durante o debate parlamentar, na Assembleia da República, em Lisboa, 26 de junho de 2024. ANTÓNIO COTRIM/LUSA
i

O debate do Estado da Nação arranca quarta-feira, às 9h

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

O debate do Estado da Nação arranca quarta-feira, às 9h

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Montenegro chega ao Estado da Nação em clima de aparentes tréguas

Disponibilidade de Pedro Nuno, sondagens confortáveis e pressão de Marcelo parecem indicar que cenário de crise política pode estar afastado. Estado da Nação permitirá medir temperatura da água.

De repente, os astros parecem estar a alinhar-se no sentido de evitar uma crise política que muitos antecipavam como inevitável. Luís Montenegro enfrenta esta quarta-feira o seu primeiro Estado da Nação como primeiro-ministro depois de ter recebido a garantia de que Pedro Nuno Santos está disponível para negociar um Orçamento do Estado que antes dizia ser “praticamente impossível” de viabilizar. Resta saber se o debate parlamentar vai ou não confirmar o amenizar da crispação entre os dois partidos.

Atendendo ao que vão dizendo (ao dia de hoje, pelo menos) Montenegro e Pedro Nuno, o cenário de uma crise política iminente parece ter perdido alguma força. Nas semanas que antecederam este Estado da Nação, os dois principais protagonistas têm mostrado alguma abertura para negociar o próximo Orçamento do Estado. De resto, esta segunda-feira, a Comissão Política Nacional socialista mandatou mesmo Pedro Nuno Santos a negociar o documento com o Governo, sem impor, para já, qualquer tipo de linhas vermelhas.

O confronto agendado para quarta-feira será a primeira oportunidade para testar a temperatura da água e perceber como vai reagir Luís Montenegro ao repto de Pedro Nuno Santos — até ver, o primeiro-ministro tem optado por manter a tensão ou por manifestar desconfiança em relação à real disponibilidade dos socialistas para negociar e viabilizar o próximo Orçamento do Estado.

Aliás, basta ver o que disse Montenegro, no Conselho Nacional do PSD, dirigindo-se em particular ao PS. “Querem ver vertidas nas propostas orçamentais algumas das suas propostas, sim, têm parceria. Se por um acaso tudo isto não passar de um jogo, então tenham a coragem de deitar abaixo o Governo, porque nós cá estaremos para poder dizer aos portugueses o que é que está em causa.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ora, estas declarações aconteceram ainda antes de Pedro Nuno Santos ter sido autorizado pela direção do partido a negociar este Orçamento. No entanto, e tal como explicava o Observador ainda no final de junho, o Governo acredita que Pedro Nuno já não terá “coragem” de chumbar o Orçamento do Estado e provocar uma crise política, pelo que tudo não passará, neste momento, num jogo de sombras para que ninguém perca a face.

Recorde-se que, para ser aprovado, o documento precisa do voto favorável do Chega (que parece cada vez mais distante de Montenegro, e vice-versa) ou, pelo menos, da abstenção dos socialistas. Se este Orçamento for aprovado, o Governo um prazo de sobrevivência pelo menos até ao arranque de 2026, uma vez que, seis meses antes de terminar o mandato, Marcelo Rebelo de Sousa estará impedido de dissolver a Assembleia da República e convocar eleições.

Poderia colocar-se o cenário de um eventual chumbo do Orçamento do Estado, que obrigaria o Executivo a governar por duodécimos, precipitar essa crise política. Em maio, em entrevista ao Público, Manuel Castro Almeida, ministro Adjunto e da Coesão, foi cristalino: “A oposição tem de saber que chumbar o orçamento significa uma opção por ir a eleições“. O governante dizia mesmo que era “altamente improvável” imaginar o Executivo a ficar preso aos duodécimos.

Porém, também essa posição terá evoluído no núcleo duro do Governo. Não sendo uma hipótese brilhante parece cada vez menos difícil de acomodar, o que torna menos provável um cenário de crise política. Já em abril o Observador aventava essa hipótese, depois veio a entrevista de Castro Almeida, mas o tema duodécimos nunca desapareceu no debate no núcleo duro do Governo — como reforçava nos últimos dias o Observador. Uma hipótese alimentada pelo Executivo, mas também por Aníbal Cavaco Silva.

Paradoxalmente, as sondagens dão algum conforto a Montenegro e a Pedro Nuno Santos, o que pode ajudar a esvaziar o balão que vinha em crescendo até às europeias (que os socialistas ganharam). Se, por um lado, o PS continua a surgir ligeiramente à frente da Aliança Democrática, Montenegro tem conseguido bons indicadores de popularidade -- superior aos de Marcelo, inclusive. Além disso, e de acordo os estudos de opinião mais recentes, a maioria dos inquiridos não quer eleições. Cereja no topo do bolo: o Chega parece estar em quebra, o que aconselha alguma cautela Ventura

A pressão de Marcelo

Marcelo Rebelo de Sousa tem mantido pressão para que Montenegro e Pedro Nuno Santos se entendam. Ainda esta terça-feira, o Presidente da República aproveitou a decisão da Comissão Política Nacional do PS para elogiar a “abertura ao diálogo com tempo por parte dos líderes e dos partidos”. Apesar de tudo,  Marcelo pareceu sugerir nas entrelinhas que não é exatamente adepto de um Governo em duodécimos — em 2021, foi precisamente o chumbo do Orçamento que motivou a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições.

Agora, Marcelo defende que é ainda mais importante aprovar o Orçamento do Estado, porque em 2021 “não havia guerra, não havia Médio Oriente, não havia imprevisibilidade das eleições americanas e agora há“. “Tudo o que dependa de nós que possa contribuir para aumentar a estabilidade é bom, tudo o que signifique não aumentar a estabilidade, é mau“, acrescentou Marcelo. Ou seja, não é exatamente claro o que faria Marcelo em caso de chumbo orçamental.

Tudo dependerá dos próximos meses, portanto. O debate do Estado da Nação permitirá perceber as estratégias que os três principais partidos desta equação —  PSD, PS e Chega — vão assumir durante o verão. Previsivelmente, Luís Montenegro recordará todas conquistas que o Governo considera ter conseguido — os acordos com professores e forças de segurança, a localização do futuro aeroporto em Alcochete e os pacotes e para a saúde, imigração, corrupção ou habitação.

Paradoxalmente, as sondagens dão algum conforto a Montenegro e a Pedro Nuno Santos, o que pode ajudar a esvaziar o balão que vinha em crescendo até às europeias (que os socialistas ganharam). Se, por um lado, o PS continua a surgir ligeiramente à frente da Aliança Democrática, Montenegro tem conseguido bons indicadores de popularidade — superior aos de Marcelo, inclusive. Além disso, e de acordo os estudos de opinião mais recentes, a maioria dos inquiridos não quer eleições. Cereja no topo do bolo: o Chega parece estar em quebra, o que aconselha alguma cautela Ventura.

Apesar de tudo, o líder do Chega veio esta quarta-feira, já depois do psicodrama que o partido alimentou na Madeira, aumentar novamente a pressão sobre a AD, exigindo clarificação a Montenegro. “É impossível ter um orçamento que agrade ao Chega e ao PS. Ou o Governo opta por ir ao encontro das satisfações do PS, e isto significa impostos elevados, subsídios elevados, mais despesa e a contração da economia, em troca de uma subsidiação dessa economia ou opta por um modelo mais próximo do Chega, com menos impostos, um investimento público específico e selecionado e a promoção do crescimento económico, aliviando as famílias e as empresas da carga fiscal brutal”.

Tudo somado, Montenegro parece chega a este Estado da Nação em clima de aparentes tréguas e com um estado de graça que poucos antecipavam. No entanto, ninguém no Governo ignora que o processo orçamental pode resultar num caos político. Admitindo que PS e/ou Chega até permitem que o Orçamento do Estado passe na generalidade, os dois partidos podem perfeitamente desfigurar o documento através de votações cruzadas na discussão da especialidade, forçando Montenegro a executar um Orçamento que não é o dele, o que seria politicamente insustentável para a Aliança Democrática.

Como explicava o Observador ainda em junho, esse poderia ser um cenário-limite para Montenegro. “Se Orçamento ficar feito em retalhos, temos de ver o que fazemos na altura. Mas sim, pode não ser sustentável continuar”, ameaçava na altura um governante. Para já, é muito cedo para antecipar quais serão as próximas jogadas de Pedro Nuno e Ventura e até onde vai a real disponibilidade de Montenegro para ouvir e incorporar as propostas da oposição.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.