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Dirigente bloquista ataca ministro da Educação por mudar de posição sobre contagem do tempo dos professores
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Dirigente bloquista ataca ministro da Educação por mudar de posição sobre contagem do tempo dos professores

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Dirigente bloquista ataca ministro da Educação por mudar de posição sobre contagem do tempo dos professores

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Nova geringonça? "Temos de debater termos desse acordo na campanha"

Dirigente do Bloco de Esquerda diz que esquerda tem de lutar para impedir influência de "direita agressiva e atrasada" e ataca ministro João Costa: mudança de posição foi "momento embaraçoso".

Depois de ter deixado as listas de deputados do Bloco para se dedicar à “construção” do partido no terreno, o influente dirigente bloquista Jorge Costa volta a ser candidato ao Parlamento. E volta com várias certezas: para já, nenhum dos candidatos à liderança do PS faz o corte que deveria fazer com a maioria absoluta de António Costa e há promessas, como a recuperação do tempo de serviço dos professores, que não são de fiar. Ainda assim, a esquerda toda deve trabalhar para chegar à maioria e impedir uma direita “agressiva e atrasada” de influenciar a governação.

Quanto ao que acontecerá depois, se atingirem esse objetivo, dependerá da “força” que o Bloco tiver, mas os termos de um possível acordo devem ficar claros já durante a campanha eleitoral. O dirigente do Bloco deixa um aviso aos eventuais parceiros de uma geringonça 2.0, nomeadamente o PCP: devem pesar bem as suas opções e colocar-se do lado certo da balança. Já o partido de Mariana Mortágua tem esperança de que a aposta em lutas sociais, como a Habitação, dê frutos nestas eleições e que o partido recupere do rombo eleitoral de 2021.

[Ouça aqui na íntegra o episódio desta semana da Vichyssose:]

Marcelo fã de Costa e Rio que ajuda o PS

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Entre Pedro Nuno de Santos e José Luís Carneiro, o Bloco de Esquerda tem um interlocutor preferido, com quem seja mais fácil conversar?
Cabe ao PS escolher um líder. Olhamos para a campanha interna do PS ao longo das últimas semanas e percebemos que a toada geral é de uma disputa sobre quem é o mais legítimo herdeiro da governação da maioria absoluta. E isso é alguma coisa que nos surpreende, dado o balanço que se pode fazer, marcado por uma instabilidade política permanente, precisamente o contrário daquilo que foi a promessa da maioria absoluta. Uma instabilidade que resulta não só de uma promiscuidade entre política e negócios, más decisões, conflitos de interesses que levaram à queda de 14 membros do governo; como de um fracasso político completo nas áreas mais importantes de política social, a começar pela habitação e a continuar no colapso dos serviços públicos, em particular a falta de médicos, enfermeiros, professores nas escolas. Tudo isso deveria levar o PS a um debate mais rico.

Mas conhece bem Pedro Nuno Santos. Acha que a imagem dele de radical e esquerdista tem adesão à realidade? Foi isso que viu nas decisões dele enquanto estava no governo?
O Pedro Nuno Santos foi membro do governo durante os anos em que houve um acordo entre o PS e os partidos à sua esquerda, teve funções no quadro desses acordos, que era secretário de Estado de Assuntos Parlamentares e nesse contexto nós reunimo-nos muitas e muitas vezes. Ele representava as posições do governo, tinha uma tarefa de organização do trabalho entre os partidos da maioria parlamentar e os membros dos vários ministérios.

"[Durante a geringonça], Pedro Nuno Santos era tão radical quanto o governo de António Costa era radical"

Mas esse secretário de Estado de Assuntos Parlamentares era um radical, na altura?
Era tão radical quanto o governo de António Costa era radical. Lembre-se que em 2015 o Partido Socialista apresentou o programa mais à direita de sempre. Pedro Nuno Santos foi membro desse governo, e foi necessária uma negociação dura e prolongada para que o PS aceitasse deixar cair o congelamento das pensões, deixar cair a facilitação dos despedimentos, deixar cair a redução da contribuição patronal para a segurança social, tudo medidas que faziam parte do programa eleitoral.

[Já saiu: pode ouvir aqui o sexto e último episódio da série em podcast “O Encantador de Ricos”, que conta a história de Pedro Caldeira e de como o maior corretor da Bolsa portuguesa seduziu a alta sociedade. Pode sempre ouvir aqui o quinto episódio e aqui o quarto, o terceiro aqui, o segundo aqui e o primeiro aqui]

Era um programa mais à direita do que o programa que está a ser executado agora?
Não é muito diferente. O PS deixou cair na altura estas medidas que eu acabei de dizer, e depois não as voltou a introduzir. Mas a grande dificuldade que resulta deste período já não é como é que se revertem as políticas de austeridade que Passos Coelho e o CDS levaram a cabo, mas sim como é que se pode resolver os problemas da saúde, da educação, da habitação, da quebra de poder de compra das pessoas. E nisso o PS falhou totalmente.

"Um dos momentos mais embaraçosos dos últimos tempos foi vermos o Ministro da Educação, que é um apoiante de Pedro Nuno Santos, dizer que era possível ter feito a recuperação das carreiras dos professores, num momento em que ainda está em funções. Nunca tinha visto uma coisa destas e fiquei verdadeiramente envergonhado. Este tipo de contributos só levam as pessoas a desacreditar da política"

Agrada-lhe o que viu na moção de Pedro Nuno Santos, por exemplo, em relação às promessas da recuperação das carreiras dos professores? É um bom sinal?
Acho que um dos momentos mais embaraçosos dos últimos tempos foi vermos o Ministro da Educação, que é um apoiante de Pedro Nuno Santos, dizer que era possível ter feito a recuperação das carreiras dos professores, num momento em que ainda está em funções. Nunca tinha visto uma coisa destas e fiquei verdadeiramente envergonhado. Este tipo de contributos só levam as pessoas a desacreditar da política. Como é que é possível alguém que acabou de dar uma orientação de voto ao PS para chumbar a recuperação das carreiras no orçamento do Estado vir dizer, duas semanas depois, porque o governo caiu e porque o vento mudou, que era possível ter feito de outra maneira? Durante anos dizem que não é possível, e no dia seguinte a saber-se que vai haver eleições, vem um ministro que ainda está em funções de dizer que afinal se podia ter feito, que podia ter evitado toda esta confusão nas escolas. As carreiras não são atrativas, os salários são demasiado baixos, o preço da habitação impede que os professores deslocados aceitem posições em Lisboa ou no Porto. Que nos digam em vésperas de eleições que a política podia ter sido outra… então porque é que não foi?

E confia que agora no futuro seja? Que o PS faça de facto uma viragem?
Não confio. Penso que, como sempre, políticas de esquerda dependem da força da esquerda. E por isso é que a posição que o Bloco de Esquerda venha a ter nas próximas eleições pode ser determinante para uma alteração de rumo em questões essenciais.

Nesse sentido é possível fazer uma geringonça nos moldes de 2015, com acordos escritos e compromissos assumidos? Acha que é o que o eleitorado de esquerda, e do Bloco em particular, deseja?
Penso que o eleitorado de esquerda e mesmo outros eleitorados o que desejam é poder chegar ao mês de janeiro e não se confrontarem com um aumento de 7% nas rendas de casa. É poderem encontrar uma casa que o seu salário possa pagar.

"O que está em causa é olhar para o balanço da governação do PS e perceber que não é capaz de resolver a questão da habitação, a questão dos serviços públicos. É a esquerda que tem a capacidade de apresentar um programa e de, tendo força e deputados eleitos para isso, impor essas alterações"

Mas o eleitorado do Bloco também avalia como positivo o período da geringonça, ou não?
A geringonça foi um período muito positivo. Não é só o eleitorado, o Bloco de Esquerda faz um balanço positivo porque foi um período em que pudemos reverter e repor rendimentos e retirar aumentos de impostos que tinham sido feitos pelo Governo PSD e CDS, e isso foi muito importante para melhorar a vida das pessoas naquela altura. Mas o que se tratou foi de desfazer o mal que tinha sido feito pelos partidos de direita. Neste momento o que está em causa é olhar para o balanço da governação do PS e perceber que não é capaz de resolver a questão da habitação, a questão dos serviços públicos. É a esquerda que tem a capacidade de apresentar um programa e de, tendo força e deputados eleitos para isso, impor essas alterações.

Falou na questão da habitação e da saúde. Isso seriam reivindicações do Bloco de Esquerda para um possível novo acordo com o PS? Estes dois temas estariam no centro da agenda?
Estão no centro do programa do Bloco de Esquerda e é sobre isso que nós vamos bater-nos. Não é só sobre a questão da habitação e da saúde. Temos um problema transversal na sociedade portuguesa: apesar de o PS todos os dias dizer que houve aumento dos rendimentos nos últimos anos, não há ninguém que sinta isso no bolso. As pessoas sabem que o efeito da inflação perdurou e sabem que o que têm que gastar, seja para pagar os custos da habitação, seja para pagar os custos de serviços que não conseguem obter em tempo útil no público. Está a aumentar a estrutura da despesa das famílias, há menos rendimento disponível, há um empobrecimento que é transversal e que afeta muito mais as pessoas com rendimentos mais baixos. Esse empobrecimento está aí e é necessário responder-lhe. Naturalmente que o BE, no dia seguinte às eleições, como sempre, estará disponível para, em função do seu programa e do seu mandato, procurar soluções para a vida das pessoas, com a força que tivermos e com a força que existir no Parlamento para isso.

"No dia seguinte às eleições o BE, como sempre, estará disponível para, em função do seu programa e do seu mandato, procurar soluções para a vida das pessoas, com a força que tivermos e com a força que existir no Parlamento para isso"

O que é que o Bloco aprendeu com a primeira experiência de geringonça com o Partido Socialista e com o PCP e que erros é que não voltaria a repetir?
Nós, durante quatro anos, cumprimos, e isso foi um dado novo na história da nossa democracia. Houve um ciclo de governação que se propôs um determinado número de objetivos no início e que, quando terminaram os quatro anos, tinha mesmo entregue aquilo que tinha prometido. E isso porque houve acordos escritos que estabeleceram metas exatas sobre aquilo que era preciso fazer.

Pedro Nuno Santos tem elogiado o facto de Cavaco Silva ter exigido esses acordos escritos e dito que foram um garante de estabilidade. Era desejável que, a haver acordos, fossem escritos.
A experiência dos acordos escritos entre 2015 e 2019 é boa. Mas mais importante do que serem escritos é o que lá está escrito. E isso significa que temos de, a partir de agora, discutir na campanha eleitoral quais é que são os objetivos da próxima legislatura. Há pouco falávamos da recuperação das carreiras dos professores. Estranhei que o Pedro Nuno Santos dissesse que pretenderia fazer isso, mas para lá do prazo da legislatura. Alguém que ainda não é líder do PS, e muito menos primeiro-ministro, não deveria estar a fazer promessas para depois de ter sido primeiro-ministro.

"Naturalmente, não estamos neste momento a discutir os termos desse acordo [com o PS]. Penso que esse é um debate importante que a campanha eleitoral terá que fazer. E veremos de que maneira cada interveniente se posiciona"

Já percebemos que nesse acordo escrito com o Bloco de Esquerda e o PS podia estar, por exemplo, a discussão de como é que seria feita a reposição do tempo integral dos professores.
Esse é um dos temas, mas há muitos outros. Naturalmente, não estamos neste momento a discutir os termos desse acordo. Penso que esse é um debate importante que a campanha eleitoral terá que fazer. E veremos de que maneira cada interveniente se posiciona. Mas o mais importante, nesta altura, é que cada partido apresente as suas propostas e defina a sua posição perante a situação do país. Causa-nos uma certa perplexidade ver que há uma negação do fracasso da maioria absoluta nas áreas essenciais. Porque quando ouvimos os candidatos à liderança do PS, o que ouvimos é que se fez o melhor possível. Ora, o melhor possível foi muito mau. E quem fica à porta das urgências e quem é expulso das suas casas e não consegue viver senão num quarto, e mesmo assim pagar um balúrdio, sabe que estes problemas estão por resolver e só se agravaram ao longo do período da maioria absoluta.

"Confiamos que os partidos de esquerda, todos eles, saberão usar a sua força para a pesarem do lado certo da balança, quando a questão se colocar"

Acredita que o PCP voltaria a alinhar numa solução nos mesmos moldes que em 2015 ou está mais difícil agora, pela força eleitoral que perdeu depois disso?
Há muitas diferenças entre o Bloco de Esquerda e o PCP em diversas áreas, política internacional, a questão da Ucrânia, outros assuntos. Mas sobre as questões da política social e de rendimentos no nosso país há convergências. Confiamos que os partidos de esquerda, todos eles, saberão usar a sua força para a pesarem do lado certo da balança, quando a questão se colocar.

Pedro Nuno Santos tem dito que é social-democrata. Marisa Matias também chegou a dizer o mesmo. Catarina Martins falou de um programa na linha da social-democracia. Mariana Mortágua também é social-democrata?
Não. Todas essas intervenções foram feitas acerca de um programa histórico que a social-democracia representou e de que o PS hoje não faz uso. Historicamente, houve reformas importantes no pós-guerra sobre a escola pública, nos serviços essenciais, na recuperação da posição do trabalho, na legislação laboral, que configuraram um património que foi abandonado pelo Partido Socialista e que é a esquerda, e em particular o Bloco de Esquerda, que representa na sociedade portuguesa.

"É engraçado ver António Costa assumir-se como o beneficiário final de um processo em que as pessoas foram levadas ao engano. E, de facto, foram"

Acredita que é desta que muitos dos arrependidos da maioria absoluta voltam para os braços do Bloco?
Há dias ouvi o primeiro-ministro referir-se às pessoas que foram levadas ao engano na maioria absoluta. É engraçado ver António Costa assumir-se como o beneficiário final de um processo em que as pessoas foram levadas ao engano. E, de facto, foram. Muitas acreditaram que existia uma polarização que as sondagens indicavam, e que polarizou a situação naquela altura. As pessoas fazem o balanço do governo da maioria absoluta.

Já não vão ao engano outra vez, é isso?
Terão de fazer o balanço do processo dos últimos anos e fazer as suas escolhas.

E qual é a fasquia do Bloco para estas eleições? Se tiver um resultado semelhante ao de 2021, a liderança de Mariana Mortágua poderá vir a ser questionada?
As indicações que existem é que o Bloco está em crescimento. Todas as sondagens o indicam e teremos uma bancada parlamentar, se tudo isso se confirmar, maior do que a atual. Em 2015, o Bloco, a poucos meses das eleições, era dado como em crise, às portas da morte. Olhamos para as eleições com tranquilidade. Fomos consistentes com o nosso mandato. O percurso que fizemos desde 2015 até hoje é coerente. Defendemos ao longo do cumprimento dos acordos, tudo o que lá estava, e cumprimos. Nos anos de 2019 em diante, defendemos intransigentemente o investimento no Serviço Nacional de Saúde. Alertámos para o que estava a acontecer em tempo útil. Quando o orçamento que foi aprovado para responder à pandemia nem sequer chegou a ser aplicado, nós dissemos: então votámos este orçamento para que o dinheiro ficasse na caixa? Deixámos os serviços públicos esgotados e degradados e agora não temos resposta suficiente. Batemo-nos novamente em cada orçamento para que esse investimento fosse feito. E fomos coerentes com o nosso mandato. Votámos em consistência. Não queríamos e não fomos cúmplices dessas omissões que levaram o SNS até ao estado em que está hoje.

E tem um número de deputados na cabeça para que estas eleições não sejam consideradas uma má estreia de Mariana Mortágua como líder do partido?
O nosso objetivo é conseguirmos cumprir os nossos objetivos.

O que é que são os objetivos?
É alterar as políticas essenciais do país. Nos rendimentos das pessoas, no estado da economia, no combate à promiscuidade entre a política e os negócios, na saúde, na habitação. Tudo isto implica força e uma representação parlamentar que possa ser determinante. No passado já mostrámos que temos a responsabilidade de usar a nossa força para mudar a situação política. É isso que voltaremos a fazer.

"Olhamos para esta reconfiguração da direita e temos que lhe responder na luta pela maioria. E a luta pela maioria significa derrotar a possibilidade de esta direita agressiva, atrasada, poder ter uma influência ao nível da governação"

E, nesse sentido, acredita que a esquerda pode conseguir uma maioria nestas eleições? O aparente crescimento do Chega não pode ser um maior obstáculo nesse caminho?
Quando olhamos para a história, em 2011 havia um partido que fazia uma campanha muito intensa contra a subsidiodependência, desculpando e defendendo a impunidade dos abusos policiais. Era um partido que tinha uma agenda política muito parecida com esta que hoje ouvimos, e era o CDS. Paulo Portas era o líder. Nessas eleições de 2011, teve 12%. O Chega é diferente desse discurso, mas ocupa esse espaço. E essa direita reacionária e discriminatória sempre teve uma expressão na sociedade portuguesa. Olhamos para esta reconfiguração da direita e temos que lhe responder na luta pela maioria. E a luta pela maioria significa derrotar a possibilidade de esta direita agressiva, atrasada, poder ter uma influência ao nível da governação. Ela tem que ser colocada no seu lugar, que é no Parlamento, com o seu discurso e sem o poder de determinar a política em Portugal e determinar a vida das pessoas.

É o país numa espécie de presidenciais de 1986 entre blocos, mas não importa tanto em que partido votam. Ou seja, um eleitor pode estar mais à vontade se vota no PS, no PCP ou no Bloco de Esquerda, um eleitor de esquerda, porque essa maioria há a possibilidade de ser formada.
Penso que essa maioria pode existir, e depende da força que a esquerda possa ter.

O Bloco de Esquerda ganhou mais votação quando isso era uma possibilidade mais evidente. Em 2021 isso não estava tão claro e, de facto, foi penalizado.
Em 2021 houve muitas pessoas que não concordaram com o voto do Bloco de Esquerda no Orçamento do Estado. E sabíamos que havia muitas pessoas que não iriam. O problema era saber se queríamos ser consistentes com o nosso programa. Ou se, pelo contrário, aceitávamos, em nome dessa estabilidade em crise, se aceitávamos assistir passivamente à destruição do SNS. Não aceitámos.

Nessa altura, saiu também de deputado. Tinha como objetivo tornar o partido mais sólido, com uma implantação no território. Como é que isso correu?
Correu bem. O trabalho foi de uma equipa e de um conjunto de pessoas. É um trabalho de enraizamento do Bloco de Esquerda, de criar experiência na luta social, ajudar os militantes que têm tarefas e responsabilidades em diversas áreas, seja do sindicalismo, seja dos movimentos sociais, habitação, movimento LGBT.

António Costa dizia que era um partido de mass media por oposição ao PCP, que era um partido de massas.
Esses trocadilhos são antigos.

"Se olhar para a luta da habitação, é um novo protagonismo que emergiu na sociedade portuguesa. Há um ano não existia um movimento e uma luta social pela habitação. Passou a existir"

O Bloco é uma federação de minorias?
Não. O Bloco é um partido na luta social. E temos força nessa luta. Temos pessoas que têm responsabilidades concretas em áreas muito importantes destas reivindicações. E se olhar para os últimos tempos, a importância que tem o movimento das mulheres é a principal voz contra o conservadorismo e contra esta campanha permanente de ódio e de reação, de misoginia, que é da extrema-direita. Se olhar para a luta da habitação, é um novo protagonismo que emergiu na sociedade portuguesa. Há um ano não existia um movimento e uma luta social pela habitação. Passou a existir. E é importante o papel que muitas pessoas do Bloco têm, entre muitas que não são do Bloco. E que são a espinha e a coluna vertebral desses movimentos importantíssimos para mudar a situação.

Ainda sobre essa composição das listas, o Pedro Filipe Soares saiu para dar lugar a uma renovação, mas a Marisa Matias exerce o cargo de eurodeputada no Parlamento Europeu há 15 anos. A Mariana Mortágua é deputada desde 2013. O Jorge Costa já foi deputado pelo menos em três outras legislaturas. Isto parece-lhe uma renovação?
Esses exemplos não são de renovação. São de pessoas de continuidade. A continuidade é importante. A experiência, a memória do processo político, a memória histórica da nossa intervenção. E temos novidades noutras pessoas que serão candidatas e que serão candidatas pela primeira vez e que são muito importantes nas nossas listas. A Anabela Rodrigues, em Lisboa, é uma ativista do movimento pelos direitos das pessoas imigrantes e contra o racismo. Em Lisboa, o Fabian Figueiredo, que será o número dois da nossa lista, um dirigente que tem tido um papel muito importante na construção do Bloco e que nunca foi deputado. Todas estas pessoas representam essa renovação. Agora, a renovação não é uma substituição integral das listas, julgo que nunca nenhum partido o fez.

Candidatura europeia de Catarina Martins? "É o nome mais forte para qualquer candidatura que ela entenda fazer e que o partido decida fazer. A Catarina é a melhor entre nós. Tem uma experiência enorme, politicamente, e uma preparação muito completa"

A Catarina Martins é o nome mais forte para uma candidatura às europeias?
É o nome mais forte para qualquer candidatura que ela entenda fazer e que o partido decida fazer. A Catarina é a melhor entre nós. Tem uma experiência enorme, politicamente, e uma preparação muito completa.

Mas para estas funções faria sentido?
Para estas funções como para outras. Ela tem as melhores condições possíveis.

Não sabe se ela quer? Não falaram sobre isso?
Não vou falar aqui das minhas conversas com a Catarina Martins.

Vamos agora ao segmento Carne ou Peixe, onde tem de escolher uma de duas opções.

Jorge Costa, preferia apanhar uma boleia de Catarina Martins ou dar uma boleia a Catarina Martins até Belém ou ir visitá-la a Bruxelas?
Belém é mais perto e eu vou lá muitas vezes comer pastéis. Acho que Bruxelas é um passeio mais engraçado para mim.

Se tiver de ir ao congresso do PS, preferia ir beber um café enquanto estiver a discursar Pedro Nuno de Santos ou José Luís Carneiro?
Não estou a contar ir ao congresso do PS, mas pedia um copinho de papel e assistia aos dois discursos.

Se tomar o café aqui em Alvalade, por onde está mais vezes, mais facilmente convidava o Rui Rocha ou o André Ventura?
Não quero causar má vizinhança, porque moro aqui perto. Acho que vou procurar outras companhias.

E preferia integrar um governo PS-Bloco de Esquerda ou sair da política e dedicar-se só a escrever mais livros com o Francisco Louçã?
Não tenho previsto nenhum livro com o Francisco Louçã e também não tenho aqui na bola de cristal nenhuma integração em nenhum governo.

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