Afonso Cabral
O vocalista dos You Can’t Win Charlie Brown, que já tinha composto com Francisca Cortesão (dos Minta & the Brook Trout) a canção “Anda Estragar-me Os Planos” para Joana Barra Vaz cantar no Festival da Canção, vai editar o seu primeiro álbum a solo este ano. O disco ainda não tem data de edição, mas a voz e o talento de Afonso Cabral justificam plenamente a menção.
Allen Halloween
Unplugueto é o novo álbum do rapper e produtor musical luso-guineense. Há muito anunciada, esta será uma nova coleção de temas mais íntimos e acústicos daquele que é um dos intervenientes mais singulares das rimas e batidas nacionais. Autor de álbuns absolutamente disruptivos e inimitáveis como A Árvore Kriminal (2011) e Híbrido (2015), que mostram um olhar crítico e detalhado sobre a vida nos bairros periféricos de Lisboa, as tentações da humanidade e a imperfeição do mundo, Halloween tem vindo a revelar alguns dos temas na sua conta oficial de Youtube. Com inéditos, versões e temas antigos regravados num formato mais cru, Unplugueto será completado e revelado na íntegra em 2019, garante fonte próxima do rapper.
Angel Olsen
Não se ouviram ainda notícias sobre a edição de mais um álbum por parte da cantora e compositora nascida no Missouri, mas parece inevitável que Angel Olsen lance novo disco em 2019. My Woman, o seu terceiro álbum de estúdio de originais, foi editado há mais de dois anos e a compilação Phases, com um conjunto de canções resgatadas do fundo da sua gaveta de inéditos, já há mais de um ano. Parece portanto inevitável que os próximos 11 meses e meio tragam novidades. E novidades de uma mulher que escreve canções como “Sister”, “Heart Shaped Face”, “Lights Out”, “Dance Slow Decades” e “Miranda” são sempre boas.
Benjamim
A coisa pode resumir-se assim: em 2015, o artista anteriormente conhecida como Walter Benjamin mostrou com o álbum Auto Rádio que há poucos músicos deste país que escrevam canções em português tão bem como ele; em 2017, juntou-se ao inglês Barnaby Keen para um disco conjunto, 1986, que reforçou a ideia (ou não ouviram “Dança com os Tubarões” e “Terra Firme”?). Este ano, está prometido um novo álbum, para figurar ali no cimo das listas de melhores álbuns nacionais do ano. Cá o esperamos.
Bob Dylan
Regresso de Nobel é regresso de Nobel. Depois de atuar na Altice Arena (antigo Pavilhão Atlântico), em Lisboa, no ano passado, ninguém esperava um regresso tão rápido a Portugal, dado que as digressões mundiais de Bob Dylan têm sido intermitentes. O anúncio de um novo concerto, agora no Porto, no feriado do dia do trabalhador (1 de maio, no coliseu local), foi tão surpreendente quanto bem-vindo. Não se espere um concerto de êxtase coletivo, para a plateia soltar do fundo da garganta os versos míticos do músico que começou por ser um baladeiro folk que cantava a mudança dos tempos e as dores do mundo, para depois se reinventar permanentemente, personagem após personagem, disco após disco. Os concertos costumam ser desconcertantes, as versões dos êxitos antigos quase irreconhecíveis, mas a qualidade musical de Bob Dylan e a sua banda inegável. Imperdível, claro.
Boogarins
Os discos da banda de Goiânia, Brasil, têm chegado de dois em dois anos: As Plantas que Curam (2013), Manual (2015) e Lá Vem a Morte (2017). A evolução também tem sido gradual e a afirmação internacional deste simpático grupo de rock “psicodélico” (como lhe chamam os brasileiros) já é uma certeza. O próximo ano deve trazer novo lançamento e as expectativas mantêm-se altas.
Branko
Se há pessoa que corporiza a Lisboa atual na perfeição, essa pessoa é João Barbosa. O produtor musical e DJ ex-Buraka Som Sistema, conhecido como Branko (que é aliás o apelido da mãe), é um daqueles criativos que surgem de muitos em muitos anos, que não se limita a refletir artisticamente os tempos e o meio — neste caso a cidade — em que se move. Vai mais longe e transforma-os, agiganta-os. Atlas, o seu primeiro álbum, foi uma belíssima introdução em nome próprio, mas desde aí houve mais: festas, criação de uma comunidade musical com talento, boas ideias e organização, uma série televisiva documental (Club Atlas), uma curadoria e um espetáculo audiovisual exímios no festival NOS Alive no ano passado e sinais notórios de que se tornou embaixador de Lisboa, com a chamada para a final da Eurovisão e a apresentação de um grande espetáculo de fim de ano no Terreiro do Paço. O percurso tem sido impressionante e o segundo álbum chega no tempo certo para se tornar um marco na música portuguesa desta década. Basta para isso que Branko continue sem defraudar expectativas.
Camané com Mário Laginha
Para 2019, um dos grandes fadistas deste país vai iniciar uma colaboração com o pianista Mário Laginha. Em declarações à agência Lusa, em dezembro, Camané lembrou que “o fado, quando começou, era tocado ao piano”, elogiou o novo parceiro (“tem a peculiaridade de conseguir entrar num estilo musical e dar-lhe uma perspetiva bastante boa, mas verdadeira e autêntica”) e chutou para a frente a edição de um novo álbum, não garantindo que aconteça em 2019. Uma coisa é certa: quando um dos grandes intérpretes deste país se junta a um dos grandes compositores nacionais, é motivo para ficar curioso. O projeto de colaboração chama-se “Aqui Está-se Sossegado” e será transposto para palcos de várias cidades. Para o início do ano estão já marcados concertos no Porto, a 26 de janeiro e em Águeda, a 9 de fevereiro.
Capicua
Vamos fazer batota e usar aqui as palavras da rapper portuense sobre o seu novo disco, que será editado no primeiro trimestre deste ano. Não é para poupar trabalho, é só porque ela sabe mais do que nós sobre ele: “É um álbum muito solar, mais do que alguma vez fiz. Invejo muito a capacidade dos músicos brasileiros e africanos fazerem música alegre sem soar pateta e nós temos mais dificuldade. Queria fazer esse exercício agora, com ironia, falando também de coisas sérias, mas sendo algo mais solar e dançável. Terá mais participações do que o habitual e terá participações de brasileiros, com quem tenho contactado nos últimos tempos por causa de Língua Franca. Fui ao Brasil nos últimos meses e essa influência nota-se nas participações e na forma alegre de ser triste que eles têm”.
Capitão Fausto
Em março, os Capitão Fausto editam mais um voluma de uma discografia que os tem afirmado como uma das maiores bandas portuguesas de pop-rock desta década. A Invenção do Dia Claro, gravado no Brasil e com edição prevista para março, será o quarto álbum do quinteto português que já editou Gazela, Pesar o Sol e Têm os Dias Contados. Já se conhecem dois singles que fazem adivinhar uma mudança de sonoridade: “Sempre Bem” e “Faço as Vontades”.
Carlos do Carmo
Outra das boas novidades que 2019 deve trazer é um disco de Carlos do Carmo. O fadista de 79 anos, autor de álbuns como Um Homem na Cidade, Um Homem no País e Margens, estará a preparar o seu próximo álbum de estúdio e um disco do Carlos do Carmo é disco para ser álbum do ano aqui ou em qualquer parte, em 2019 ou em qualquer ano. Venha ele.
Cass McCombs
Guitarrista, teclista e cantor norte-americano, Cass McCombs é um daqueles músicos que não chega a audiências muito numerosas mas raramente lança um mau disco. Com oito álbuns de estúdio gravados e lançados, entre os quais Wit’s End e Humor Risk (ambos de 2011), Big Wheel and Others (2013) e Mangy Love (2016), Cass McCombs prepara-se para lançar o novo disco Tip of the Sphere dia 8 de fevereiro. Os dois singles já revelados, “Sleeping Volcanoes” e “Estrella”, deixam boas perspetivas quanto à possibilidade de novo tiro certeiro.
Childish Gambino
O último ano foi um grande ano para Donald Glover, o artista que no meio musical responde pelo nome de Childish Gambino. Na televisão brilhou com a nova temporada de “Atlanta” (série de que é autor) e na música bastou-lhe uma canção poderosa e diferente de quase tudo o que se anda a fazer no hip-hop e trap norte-americano, revelada com um teledisco a que quase ninguém falou indiferente, para marcar o ano. Falamos, claro, de “This Is America”, mas Childish Gambino também divulgou no verão os temas “Summertime Magic” e “Feels Like Summer”, este último com mais um teledisco criativo. O novo álbum, sucessor de Awaken, My Love!, deve sair em 2019 e poderá ser o seu último trabalho assinado com o nome Childish Gambino.
Classe Crua
Na última emissão de 2018 do podcast “Três Pancadas”, do seu canal TV Chelas, Sam the Kid deixou a garantia: em 2019 vai mesmo sair o há muito anunciado disco deste projeto, que o une ao rapper Beware Jack. Pelas declarações já feitas sobre o álbum, teremos Beware Jack nas rimas e Sam the Kid na composição dos instrumentais, com cada um a tentar superar-se na sua área para criar um produto final maior do que a soma das duas partes. A mestria de Sam the Kid na produção instrumental, as letras e a técnica de dicção das palavras de Beware Jack e sobretudo o single “Engana” fazem com que estejamos especialmente entusiasmados para ouvir o álbum.
Chance the Rapper
Inicialmente prevista para o verão passado — o rapper e cantor de 25 anos, nascido Chancelor Jonathan Bennett, chegou a apontar julho como data —a próxima coleção de canções de Chance the Rapper foi temporariamente adiada, mas deverá chegar aos ouvintes em 2019. Novo prodígio do hip-hop norte-americano, com um estilo inclassificável que não é jazzístico nem trap, antes espiritual e dançável em igual medida, Chance já esteve em estúdio com Kanye West (patrono da sua Chicago natal) a preparar o sucessor da mixtape Coloring Book. Nessa mixtape, o novo menino bonito das batidas e rimas conseguiu um feito difícil: construir um trabalho coeso e pessoal mesmo com convidados tão numerosos e distintos entre si quanto Lil Wayne, Kanye West, 2 Chainz, Jeremih, Young Thug, Lil Yachty, Saba, Justin Bieber, Future, Anderson .Paak, Ty Dolla $ign, BJ the Chicago Kid ou Noname. Convém recordar que apesar dos 25 anos, Chance the Rapper já firmou o seu nome na história da música norte-americana, ao tornar-se o primeiro músico dos EUA a ser nomeado para os prémios Grammy sem ter qualquer trabalho à venda, em formato físico (que não edita) ou digital (que disponibiliza para streaming gratuito).
Deerhunter
Nome fundamental da música norte-americana na última década e meia, a banda Deerhunter, liderada pelo vocalista Bradford Cox, vai editar já no dia 18 de janeiro oitavo álbum de estúdio de originais, sucessor do excelente (e, diríamos, subvalorizado) Fading Frontier, pela editora 4AD. Na produção do disco estiveram envolvidos Ben H. Allen (que trabalhou com a banda em Halcyon Digest e no já referido Fading Frontier), Ben Etter (que também assistiu o grupo no estúdio em que gravaram o último disco), a cantora e compositora Cate Le Bon e os próprios elementos dos Deerhunter. Já foram revelados dois singles, “Death in Midsummer” e “Element”.
Discotexas
Pela sua história (ultrapassou já uma década de existência), é uma das maiores embaixadoras da música eletrónica feita em Portugal. Os últimos dois anos foram importantes para o crescimento deste coletivo editorial português no panorama internacional. Em 2017, Xinobi e Moullinex editaram aqueles que foram provavelmente os seus melhores álbuns a solo até ao momento. Se o primeiro lançou On The Quiet, álbum de dança no espaço, com discursos interventivos e sons aquáticos e ambientais, o segundo lançou Hypersex, que apresentou no museu MAAT e levou a vários festivais (inesquecível a festa no Coliseu dos Recreios, no encerramento do Vodafone Mexefest). A projeção internacional continuou a crescer, não só para Moullinex e Xinobi como para outros membros da editora, nomeadamente os Throes + the Shine e Da Chick, que se apresentaram na comitiva da editora que foi ao festival norte-americano South by Southwest. Não seria surpreendente se 2019 fosse um ano de ainda maior afirmação: os Throes + the Shine já garantiram que vão editar um novo álbum e não seria inteiramente surpreendente se Moullinex, Xinobi e Da Chick fizessem o mesmo. E ainda há uma banda residente, a Discotexas Band, que pode trazer novidades…
Eduardo Cardinho
Depois de um interessante álbum editado em 2016 na liderança de um quinteto (intitulado Black Hole) e de um grande álbum com o grupo Home, que integra, em 2017 (An End as New Beggining), o vibrafonista de Marrazes, Leiria, vai lançar este ano um disco chamado In Search of Light. Para o apoiar nas suas composições, Cardinho reuniu uma comitiva de luxo que participa no disco: o saxofonista holandês Ben van Gelder, o acordeonista João Barradas, o baixista André Rosinha, o baterista Bruno Pedroso, os violinistas Miguel Simões e Ana Ribeiro, a violista Joana Nunes e o violoncelista Fernando Costa. Espera-se um excelente disco de jazz.
Emicida
É quase inevitável que o rapper e cantor brasileiro Emicida edite um novo álbum a solo este ano: já não o faz desde o esplendoroso Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, de 2015, a que se seguiu o álbum luso-brasileiro Língua Franca, com Valete, Capicua e Rael. Hoje, Emicida não é somente um grande rapper, é um dos melhores escritores de canções em língua portuguesa, alguém que escreve como poucos sobre intimidade e espaço público, macro-política e micro-política. Se ainda subsistirem dúvidas, é só ouvir “Mãe” ou o dueto com Caetano Veloso, “Baiana”. Uma voz que precisa de ser ouvida e que cada vez mais afirma-se como única no espaço lusófono.
Emily King
Inicialmente não era suposto Emily King estar aqui, até porque apesar da popularidade já granjeada (já foi nomeada para um Grammy, entrou em álbuns do rapper Nas e do cantor José James e abriu concertos de Erykah Badu e Alicia Keys), não lhe ouvimos ainda um disco marcante que a diferenciasse de boa parte das outras cantoras do universo pop. Porém, os dois singles já lançados (“Remind Me” e “Look At Me Now”) do próximo álbum da cantora nova-iorquina nomeada em 2017 para um Grammy deixam água na boca e criam a impressão de que Emily King pode mesmo confirmar-se como caso sério da música popular e das canções este ano. O disco chama-se Scenery e chega às lojas e plataformas digitais já dia 1 de fevereiro.
Ermo
Lo-Fi Moda entrou em muitas listas de melhores álbuns portugueses de 2017 mas a banda bracarense quer continuar a crescer. Ainda sem data exata de lançamento, mas com edição prevista para este ano, o próximo álbum dos autores de “Vem Nadar ao Mar que Enterra” e “crtl + C ctrl + V” dificilmente será outra coisa que não uma das boas notícias de 2019.
Frank Ocean
Novidades de Frank Ocean são sempre imprevisíveis. O cantor de R&B da Califórnia expõe-se pouco e mantém um perfil reservado no espaço público. Além disso, tende a demorar o seu tempo para gravar discos, gosta de surpreender. Basta ver que depois do seu primeiro álbum Channel Orange, que o afirmou no meio musical, demorou quatro anos a lançar um novo trabalho (e editou logo dois discos em dias consecutivos, Endless e Blonde). Ainda assim, já se passaram dois anos e meio desde a última coleção de canções do músico e cantor e de então para cá saíram já alguns temas soltos, pelo que não seria surpreendente se em 2019 chegasse um disco novo de Frank Ocean. Enquanto matamos o tempo à espera, podemos ouvir “Biking”, a excelente faixa solta que gravou com Jay Z e Tyler the Creator e que publicou na internet há um ano e meio.
Festivais
Eis um momento apropriado para o chamado namedropping: Patti Smith, Spiritualized e New Order no Vodafone Paredes de Coura; Tom Jones no EDP Cool Jazz; um NOS Alive que se deve encaminhar para a enchente habitual; um NOS Primavera Sound ainda sem cartaz anunciado mas que nos leva a fazer figas por Erykah Badu, Nas, Neneh Cherry, Rosalía, Solange e muitos mais (anunciados para o Primavera Sound Barcelona); um Super Bock Super Rock de novo no Meco e com Lana del Rey e Kaytranada; Ornatos Violeta no Marés Vivas, Alive e Festival F; e tantos mais festivais com cartazes por anunciar, dos mais juvenis Sumol Summer Fest e Sudoeste — que têm sempre algum hip-hop interessante — ao açoriano Tremor, passando pelos novos Festival de Jazz de Lisboa (ainda sem cartaz) e ID (que com Madlib, Arca, IAMDDB, Nigga Fox, Shaka Lion e Moullinex e Xinobi já anunciados promete e de que maneira). Haverá o Nova Batida, o Lisb-On, o Iminente que não para de crescer, o MIL que parece mostrar-se cada vez mais inclusivo e importante para a projeção internacional da música portuguesa, o Festival para Gente Sentada que todos os anos mantém a qualidade, o Rock Nordeste, Semibreve, Jazz em Agosto, Bons Sons, FMM Sines, Mimo, Neopop, Super Bock em Stock, Guimarães Jazz, Outono em Jazz e tantos mais.
Filipe Raposo
A novidade foi dada pelo pianista português nas suas redes sociais: depois de gravar um álbum ao vivo de versões com a cantora Rita Maria, Filipe Raposo vai voltar a editar um disco a solo em 2019 (ano em que chega aos “entas”), chamado ØCRE. Quem o tem acompanhado — a solo, compondo para cinema e teatro e nas suas colaborações com orquestras e com músicos e cantores como Sérgio Godinho, Janita Salomé, Amélia Muge, Ricardo Ribeiro e outros — sabe que a notícia de um novo disco de estúdio é uma boa-nova. Esperemos por ele, ali para meados de março.
Gala Drop
O último álbum dos portugueses Gala Drop já tem uns anos. II, o disco que uniu os portugueses Afonso Simões, Guilherme Gonçalves, Nélson Gomes e Rui Dâmaso ao músico de Detroit Jerry The Cat, foi editado no último trimestre de 2014 e revelou um psicadelismo cada vez mais dançável e xamânico no som da banda portuguesa. O próximo disco será editado até ao final do ano, garantiu ao Observador fonte da agência, promotora e produtora de concertos.
Gisela João
Não é inteiramente certo que Gisela João edite um álbum novo em 2019, mas as probabilidades de o fazer no segundo semestre do ano, à semelhança do que aconteceu em 2016 com Nua (que saiu no último trimestre), são altas. Fadista e cantora por inteiro, que espantou público e crítica quando editou o seu primeiro álbum em 2013, Gisela João esteve recentemente concentrado nos seus concertos de Natal, em que cantou repertório relativo à época acompanhada por uma banda de jazz.
James Blake
Será que James Blake vai editar um álbum novo já dia 25 de janeiro? A notícia surgiu como possível fuga de informação no site francês da Amazon, indicando que o autor de “Retrogade” ou “The Whilhelm Scream” tem um disco chamado Assume Form quase a sair, em que constarão convidados ilustram como Andre 3000, Travis Scott, Rosalía e Metro Boomin. Se tudo isto é verdade ou mentira só mais tarde se verá, mas uma coisa parece certa: Blake editará este ano o sucessor de The Colour in Anything, o seu quarto álbum, de 2016. Tendo emergido como um compositor e cantor talentoso, autor de uma eletrónica singular, frágil e quebradiça, James Blake tem expandido ainda mais os seus horizontes piscando o olho ao hip-hop, na banda sonora de Black Panther (entrou em “King’s Dead”, com Kendrick Lamar, Future e Jay Rock) e no álbum mais recente de Travis Scott, Astroworld (participou em “Stop Trying to Be God”, ao lado do rapper, de Kid Cudi e de Stevie Wonder). A lista de convidados, a confirmar-se, é de luxo e prova que James Blake anda à procura de abarcar cada vez mais mundos no seu universo musical único. No último ano, James Blake revelou um belíssimo single que deverá entrar no próximo álbum, “If The Car Besides You Moves Ahead”.
Jason Moran
Quando passou pela última vez em Portugal, o pianista de 43 anos nascido em Houston, no estado de Texas, teve um pequeno problema: um dos elementos do seu trio The Bandwagon, Tarus Mateen, ficou retido na viagem para Portugal e Jason Moran viu-se forçado a atuar em duo, com o baterista Nasheet Waits. O concerto, dedicado à memória do recentemente falecido Cecil Taylor, não deixou de ser ótimo, confirmando o que já se sabia há muito: que Jason Moran é um dos pianistas mais talentosos, inventivos, criativos, livres e arrojados (sem perder o sentido melódico) do jazz atual. Numa publicação de fim de ano nas redes sociais, o músico escreveu: “Durante 18 anos, gravei para a editora Blue Note. Nos últimos três anos, gravei para a minha própria editora, liderada também pela Alicia Hall Moran, a YES RECORDS. Continuei uma tradição já seguida por vários músicos, mas sobretudo a tradição que a minha mãe me mostrou como dona da sua própria padaria e empresa de catering. Seis álbuns lançados com a YES e alguns mais por vir em 2019. A causa é real, a reação é sónica”. Excelentes novidades, em suma.
João Tamura
A novidade é algo inesperada e foi confirmada ao Observador pelo próprio: João Tamura vai editar o seu primeiro álbum de estúdio este ano, possivelmente já no primeiro semestre. Trata-se de um fotógrafo, escritor e, para o que interessa para esta lista, rapper que pode ser chamado de poeta e que tem “um universo de referências inusitado, quase único no rap nacional”, como escrevemos há um ano. Mais do que música festiva ou dançante, mais do que hip-hop lascivo ou de combate, é um som íntimo, vulnerável e sonhador, com versos que tanto versam sobre Manel Cruz e os Ornatos Violeta como sobre o amor e a perda.
Jorge Palma
Ainda não tem título nem data exata de edição, mas o próximo álbum de estúdio de originais de Jorge Palma deverá chegar ainda este ano. Sem lançar um álbum de inéditos desde 2011 (Com Todo o Respeito), o pianista, cantor e guitarrista português de 68 anos tem dado concertos regularmente, tendo inclusivamente editado há pouco mais de um ano um CD/DVD ao vivo, com os temas que tocou nos espetáculos de celebração do 25º aniversário do disco Só.
Jessica Pratt
Às vezes, basta uma voz e uma guitarra. Quem tiver dúvidas oiça On Your Own Love Again, o belíssimo segundo álbum de Jessica Pratt, compêndio de canções íntimas e económicas. “Menos é mais” é uma expressão usada com os mais diferentes sentidos, mas aqui também se aplica, para descrever uma música que consegue criar uma espécie de encantamento pastoral. Três anos depois do segundo álbum, Jessica Pratt prepara-se para lançar mais um disco, chamado Quiet Signs, já no dia 8 de fevereiro. Foram já revelados os bonitos singles “This Time Around” e “Poly Blue”.
João Barradas
Um músico português colaborar com Greg Osby, saxofonista norte-americano associado ao free funk e free jazz que gravou durante década e meia para a reputada gravadora norte-americana de jazz Blue Note Records, seria sempre digno de nota. No caso de João Barradas, a colaboração é ainda mais impressionante: aconteceu no álbum de estreia a solo do acordeonista, Directions, que Osby produziu e no qual também tocou. Foi o reconhecimento de um talento invulgar de um jovem português que tem vindo a ganhar reconhecimento no circuito do jazz europeu e que em 2018 atuou no grande auditório do Centro Cultural Vila Flor de Guimarães, precisamente com Osby como convidado. Em 2019, João Barradas vai editar o seu segundo álbum a solo, sucessor de Directions. Os dois singles já lançados, “Resilience” e “Care”, indicam que a banda que acompanha o acordeonista deverá ser formada pelo vibrafonista Simon Moullier, pelo baixista Luca Alemanno e pela baterista Naíma Acuña (o segundo tema conta também com o excelente saxofonista Mark Turner). Sugerem mais: que se tudo correr bem poderá estar aqui um dos grandes discos do jazz português dos últimos anos.
João Hasselberg
O talentoso contrabaixista português João Hasselberg tem pelo menos três edições planeadas para este ano. Ao Observador, enumera-as: “o meu novo projeto cujo disco se chama The Great Square of Pegasus, com o Afonso Cabral (voz) e o Pedro Branco (guitarra) e eu com eletrónica”, também “um projeto eletrónico a solo que tenho, o disco chama-se Steiner the Nostalgic Cat” e ainda “um trio que tenho com o Luís Figueiredo (piano, eletrónica) e o Eduardo Raon (arpa, eletrónica) e eu no contrabaixista”. Jazz? É capaz de ser também, mas não só.
Kamasi Washington
Fora festivais, este é um dos concertos já anunciados que mais expectativa causa. Elemento absolutamente central do jazz deste século, capaz como nenhum outro de o levar aos ouvidos de grandes audiências sem facilitar ou tornar a música propositadamente acessível, Kamasi Washington impôs-se em 2015 com o magnânimo The Epic, deu-lhe seguimento com um mini-álbum fabuloso chamado Harmony of Difference e em 2018 editou o não menos aclamado Heaven and Earth. Já esbateu fronteiras entre géneros musicais e criou uma linguagem universal só sua, partindo do jazz, o que não é pouco. Poder assistir ao vivo a um concerto de um dos músicos mais geniais deste século num momento em que está com um grande fulgor criativo é impossível de desvalorizar. Absolutamente a não perder, dia 10 de maio no Hard Club, no Porto, e dia 11 de maio no Lisboa ao Vivo, em Lisboa.
Kendrick Lamar
Desde que em 2015 subiu ao trono do hip-hop internacional com To Pimp a Butterfly, em 2015, Kendrick Lamar não nos tem deixado sem música: em 2016 lançou uma compilação interessante de demos chamada Untitled Unmastered, em 2017 editou novo álbum de estúdio (DAMN.) e em 2018 foi produtor executivo, curador e ator principal de Black Panther: The Album. O que virá em 2019, poucos sabem — e os que sabem não contam. Não seria surpresa nenhuma se viesse o sucessor de DAMN., ou seja, o seu quinto álbum de estúdio a solo, mas pode também vir um EP (mini-álbum) e já se falou até de um álbum a meias com J. Cole. Inusitado seria K.Dot (como também é conhecido) não lançar nada de novo em nome próprio.
King Princess
Considerada uma das mais promissoras vozes da pop norte-americana, com uma relação estreita com a comunidade LGBTI, a artista nova-iorquina de 20 anos Mikael Straus, que tem King Princess como nome artístico, editou em 2018 um primeiro mini-álbum (EP) com um single que correu mundo. Se “1950” captou a atenção de celebridades que procuram uma nova Lorde (entre as quais Harry Styles e Kourtney Kardashian), King Princess deverá lançar no próximo ano o seu primeiro álbum, editado pela Zelig Records de Mark Ronson — possivelmente no segundo semestre do ano. Uma voz a seguir em 2019.
Lana Del Rey
Este ano vamos ter dose dupla de Lana Del Rey: no leitor de CDs (ou gira-discos, ou nos phones via streaming) e ao vivo, no Meco, local a que regressou o festival Super Bock Super Rock. No festival lisboeta Lana del Rey será uma das cabeças de cartaz — e compreensivelmente, porque foge à linha dos “cromos repetidos” de festivais nacionais (não atua em Portugal desde 2012) e ainda por cima traz novidades frescas. O próximo álbum chama-se Norman Fucking Rockwell, uma referência ao pintor, ilustrador e desenhador norte-americano Norman Rockwell, e está “completamente terminado”, disse recentemente Lana Del Rey. O disco sairá acompanhado por um livro de poesia da cantora novaiorquina residente em Los Angeles. Espera-se mais um álbum que confunda rótulos como “música pop” e “música alternativa”, com delicadas canções românticas e misteriosas, algures entre a sedução de massas e o recato íntimo da cantora. Não se pode dizer que um single com quase dez minutos de duração (“Venice Bitch”) seja propriamente chamativo na indústria pop, mas a beleza da canção é inatacável e a fuga à norma e ao cânone saúda-se. No dia 9 de janeiro, Lana Del Rey revelará mais um single do álbum, intitulado “Hope Is a Dangerous Thing for a Woman like Me to Have – but I Have It”.
Lena d’Água
Esquecida durante muitos anos pelas novas gerações de ouvintes da música portuguesa, a cantora Lena d’Água prepara-se para voltar a editar no primeiro semestre deste ano um álbum de estúdio de originais, desta feita com canções inéditas de Pedro da Silva Martins (do grupo Deolinda). É o regresso de uma das grandes vozes da música portuguesa da segunda metade do século XX — e o rol de colaboradores indica que dificilmente será um regresso em falso.
Luís Severo
Com um percurso de afirmação crescente na música portuguesa, Luís Severo, que inicialmente assinava canções com o nome artístico O Cão da Morte, teve em 2017 o seu ano de afirmação, com a edição de um álbum homónimo que a crítica elevou a um dos melhores discos portugueses desse ano. O segredo estava em baladas delicadas sobre o amor, a solidão e a cidade de Lisboa, cantadas em português, como “Escola”, “Amor e Verdade”, “Planície (Tudo Igual)”, “Meu Amor” e “Olho de Lince”. O sucessor de Cara d’Anjo (de 2015) levou Luís Severo a tocar — com banda e a solo, ao piano — de norte a sul do país, em muitas salas e em festivais como o EDP Vilar de Mouros, Bons Sons, Super Bock Super Rock e NOS Primavera Sound. Para este ano, provavelmente já para o primeiro semestre, está agendada a edição de um novo disco de estúdio. Luís Severo gravou ainda o álbum ao vivo “Pianinho”, que disponibilizou no Youtube e na plataforma digital Bandcamp.
Manel Cruz e Ornatos Violeta
Manel Cruz deverá ser um dos homens mais ouvidos da música nacional em 2019: o cantor e guitarrista português deverá editar este ano o seu há muito anunciado álbum a solo, inicialmente previsto para setembro do ano passado. Além do protagonismo do projeto que agora lidera, em que é apoiado por músicos como António Serginho, Eduardo Silva e Nico Tricot, participará nos concertos de regresso dos Ornatos Violeta, a marcante banda portuense dos anos 1990 que terminou mas voltará aos palcos no verão. O mote para o regresso é o 20º aniversário do segundo álbum dos Ornatos Violeta, O Monstro Precisa de Amigos. Êxitos como “Chaga”, “Dia Mau”, “Ouvi Dizer” e “Capitão Romance” serão assim ouvidos nos palcos dos festivais NOS Alive, em Lisboa (11 de julho), MEO Marés Vivas, no Porto (20 de julho) e Festival F, em Faro (6 de setembro).
Maria Reis
Primeiro, as más notícias: 2019 deverá ser o segundo ano consecutivo sem um álbum novo das Pega Monstro. A dupla portuguesa composta pelas irmãs Maria e Júlia Reis lançou dois álbuns ótimos em 2015 (Alfarroba) e 2017 (Casa de Cima), mas para já não há perspetivas de nova edição em 2019. Nem tudo são más notícias: fonte da agência Filho Único, que representa a dupla, adianta que a guitarrista e vocalista deste desempoeirado duo rock está a compor para o seu primeiro álbum de estreia, depois de um EP (mini-álbum) e uma canção solta natalícia em 2017, e “planeia editá-lo este ano”.
Massive Attack
Ouvido hoje, passados quase 21 anos, o álbum Mezzanine continua a soar tão futurista, abrangente e inclusivo quanto em 1998. Ultrapassado o importante teste do tempo, o duo Robert Del Naja e Daddy G quis recuperá-lo, celebrá-lo com fãs antigos e apresentá-lo a novas gerações. A digressão de revisitação do disco foi anunciada em 2018, ano em que se assinalavam duas décadas do lançamento do álbum em que ainda participou Andrew Vowles, antigo membro do grupo. Em Portugal, esteve inicialmente previsto apenas um concerto — em Lisboa, a 18 de fevereiro, no Campo Pequeno. A procura foi tanta que os bilhetes esgotaram e foi adicionada uma nova data: 19 de fevereiro, no mesmo local.
Mayra Andrade
Num dos episódios relativos a Cabo Verde na série “Club Atlas”, de Branko (exibida este ano na RTP2), Mayra Andrade explicou que as suas constantes mudanças de moradas resultaram, em parte, da necessidade que um músico de origens caboverdianas (ainda) tem de sair do país para construir uma carreira nos circuitos internacionais da world music e da lusofonia. Felizmente, o percurso de Mayra Andrade passou por Portugal, onde a cantora de 33 anos reside agora, e foi cá que gravou (precisamente em parceria com o produtor português ex-Buraka Som Sistema) uma das melhores canções ouvidas nos últimos anos neste país: “Reserva Pra Dois”. O próximo álbum de Mayra Andrade chama-se Manga, é editado a 8 de fevereiro e já se pode ouvir dois singles, “Afeto” e o tema que dá título ao disco. É viciante, a mistura de tradição com modernidade e de ritmos africanos com melodias europeias de Mayra Andrade.
Mão Morta
Desde Pelo Meu Relógio São Horas de Matar, de 2014, a banda de Adolfo Luxúria Canibal ainda não voltou a editar um álbum de estúdio de originais. Não que estejam parados: os autores de “Anarquista Duval”, “1º de Novembro”, “Budapeste” têm editado álbuns gravados ao vivo como Ventos Animais (2014) e Nós Somos Aqueles Contra Quem Os Nossos Pais Nos Avisaram (2017). Nem se pode dizer que a gravação de álbuns ao vivo resulte de grandes mudanças de rumo, porque desde cedo os Mão Morta habituaram-se a editar discos gravados em palco. Este ano, a banda rock planeia editar mais um disco, sobre o qual ainda não se conhecem pormenores. Rock and roll como o deles, diga-se, nunca é de mais, gravado no estúdio, no palco ou onde os Mão Morta quiserem.
Michael Chapman
O veterano cantor e guitarrista inglês de blues e folk, que já ultrapassou o marco de meio século de carreira, não abranda. Pelo contrário: depois de em 2017 ter gravado um álbum intitulado 50, produzido pelo guitarrista Steve Gunn, o autor de discos como Fully Qualified Survivor e Wrecked Again prepara-se para editar aos 77 anos mais um disco, True North, dia 8 de fevereiro. Eis um dos singles, gravados com a cantora e guitarrista, também veterana, Bridget St. John:
Minta & the Brook Trout
Outro projeto nacional que vai revelar um álbum novo em 2019 (e são tantos, sinal da vitalidade e diversidade que a música popular portuguesa tem hoje) é o grupo de Francisca Cortesão, Minta & the Brook Trout. O sucessor de Slow ainda não tem mês nem dia de lançamento avançado, mas é garantido que sai este ano.
Mishlawi
Mishlawi soube esperar. O rapper e cantor norte-americano de 21 anos que vive em Cascais e integra a agência/coletivo Bridgetown, de Richie Campbell e Plutonio, tornou-se uma verdadeira celebridade no Youtube e nos palcos antes de dar o primeiro passo de gravação de um álbum completo de originais. O disco, ainda sem título, segue-se a uma catrefada de temas virais disponibilizados na Internet que evidenciam uma mistura própria (apesar das comparações regulares com Drake) de hip-hop com R&B, de versos com melodias. “Bad Intentions”, o single mais recente que antecipa o disco, fica na cabeça e apela à dança como poucos. A projeção internacional a grande escala (já chegou aos ouvidos de algumas pessoas fora de portas) parece estar precisamente a um disco de distância. Um crescimento a confirmar já em fevereiro, mês de lançamento do álbum, e nos palcos do Coliseu de Lisboa — 9 de março — e do Hard Club, no Porto — a 22 de fevereiro.
Montanhas Azuis
Pode parecer estranho colocar aqui um projeto do qual ainda não se conhece uma única canção gravada. Esta formação, contudo, merece máxima atenção, não fosse ela composta por três músicos de grande gabarito: Norberto Lobo e Bruno Pernadas, ambos guitarristas (mas não só) e Marco Franco, também ele baterista “mas não só”. O trio apresenta um álbum gravado em colaboração dia 15 de fevereiro, no grande auditório da Culturgest, em Lisboa. A ficha técnica é curiosa: adianta que Norberto Lobo vai usar “sintetizador, volca, voz, ocarina, flauta nasal”, Bruno Pernadas “guitarra elétrica, sintetizador e percussões”, Marco Franco “sintetizador, piano, percussões e eletrónica” e o artista Pedro Maia vai ficar responsável pelas projeções de vídeo. Curiosidade máxima, até pela beleza singular dos temas que dois destes elementos, Norberto Lobo e Marco Franco, compuseram recentemente para um disco jazzístico do guitarrista (intitulado Estrela).
Noiserv
Nunca sabemos bem o que esperar de David Santos, também conhecido como Noiserv. Depois de se apresentar como o tipo que conseguia fazer bonitas canções com todos os instrumentos que lhe chegassem às mãos (até os que pareciam de brincar), 2016 trouxe um Noiserv a dedicar-se por inteiro ao piano, dividindo-se no seu terceiro álbum 00:00:00:00 entre temas instrumentais e algumas, poucas, canções cantadas em português, notoriamente à procura da beleza como fim último da canção. É um dos músicos portugueses mais talentosos da sua geração e já confirmou que vai editar um álbum novo em 2019. É o suficiente para ter a nossa atenção.
Octa Push
Por vezes injustamente esquecidos quando se fala do som de uma “nova Lisboa”, ou da Afro-Lisboa de que Fernando Ribeiro, o vocalista dos Monspell, se queixou numa crónica no Jornal de Leiria, os Octa Push imposueram-se em 2016 com um excelente disco (Língua) que misturava música eletrónica e elementos tradicionais de sonoridades como o funaná e o semba. É verdade que Leonardo e Bruno Guichon não foram percursores da apropriação de sons africanos para um formato canção mais ou menos convencional, esses foram Zeca Afonso e Fausto, mas os Octa Push aprimoraram a fórmula, adaptaram-na como poucos à linguagem digital do século XXI e levaram-na para a pista de dança. No ano passado foram resgatados de algum esquecimento coletivo com as atuações nos festivais Iminente e Nova Batida e no segundo semestre de 2019 tencionam editar o sucessor de Língua. Tudo para nos fazer dançar.
Oddisee
Há já alguns anos que o rapper e produtor musical Amir Mohamed el Khalifa, filho de pai sudanês e mãe afro-americana, inscreveu o seu nome na galeria de notáveis do hip-hop norte-americano mais recente. Autor de uma dezena de mixtapes e quatro EP (mini-álbuns), lançou o seu primeiro álbum de estúdio de originais há precisamente uma década, em 2008, e desde aí tem tido uma produção impressionante, quer em quantidade (até 2016 era habitual lançar um disco por ano, quando não mais) quer em qualidade. Oddisee é da geração de Kendrick Lamar, J. Cole e Rapsody e nos últimos anos tem confirmado que merece ser destacado como um dos artistas mais inventivos e ecléticos, capaz de fazer a festa com música dançável mas sempre incisiva, politicamente interventiva, inteligente. Isto apesar de manter um controlo grande sobre a sua música e o que lhe está inerente (promoção, divulgação), o que lhe tem porventura limitado o alcance e impacto internacional. Nos últimos dois anos, editou o álbum The Iceberg e o disco ao vivo Beneath The Surface — este com a banda que o acompanha muitas vezes ao vivo, os Good Compny — e fez concertos por todo o mundo, incluindo em Lisboa. Em dezembro, publicou uma nota nas suas redes sociais, referindo estar “a passar tempo com a família, com amigos e no estúdio” e garantindo estar “em pulgas para lançar música nova”. Este ano haverá quase seguramente um álbum novo.
Omnichord Records
Nos últimos anos, o crescimento da Omnichord Records só passou ao lado dos mais desatentos. A editora discográfica leiriense tem tido um papel importante na descentralização da música feita em Portugal, criando e projetando nacional e internacionalmente uma comunidade de bandas e músicos de Leiria como os First Breath After Comma, Surma e os Whales, apenas para dar alguns exemplos. Tem sido impressionante a capacidade da editora em trabalhar em rede com agências, promotores e salas de concerto fora de portas, permitindo uma rodagem de palco às suas bandas que dificilmente não terá efeitos benéficos na música que elas fazem. Para 2019, está confirmado o lançamento de um novo álbum (o terceiro) dos First Breath After Comma, do qual já se conhece o single “Heavy”. Não seria contudo surpreendente se Surma e outros projetos ligados à editora aparecessem no segundo semestre do ano com novos discos. Convém seguir com a máxima atenção.
Oseias
Na plataforma Bandcamp, algo afastado dos grandes holofotes mediáticos mas ligado à editora Think Music (de ProfJam) e constantemente presente nas festas It’s a Trap, está um dos mais interessantes compositores de batidas instrumentais da música portuguesa. Oseias Xavier, 22 anos, colabora regularmente com a plataforma Rimas e Batidas, onde apresenta sets musicais, e publica regularmente coleções de temas instrumentais difíceis de engavetar, mas de um bom gosto inatacável. Este ano esperamos novas beat tapes, Oseias.
O Terno
Perfeitamente estabelecidos no Brasil, já com passagens por palcos portugueses, os rapazes do trio de rock paulista “O Terno” abrandaram recentemente as edições de discos, talvez devido à aventura a solo do guitarrista e vocalista da banda Tim Bernardes, que conquistou corações (inclusive o nosso) com o disco Recomeçar. Sem lançarem disco algum desde 2016, regressam este ano às novidades com um novo álbum, o quarto da discografia da banda. Ainda bem, porque isto é bom pop-rock de bermuda e chinelo no pé, pose cool, letras poéticas e ginga com fartura no balanço. #OTernonocomando.
Príncipe Discos
Outra das editoras nacionais que merece sempre atenção anual é a Príncipe Discos. Nos últimos anos, este coletivo tem colocado as periferias de Lisboa (a Cova da Moura, o Vale da Amoreira) e a diáspora portuguesa (falamos da emigração e de laços com a nossa cultura em França, em Inglaterra, por aí fora) no centro das novas tendências da eletrónica musical. O “som do ghetto de Lisboa” é deles, como evidenciava uma reportagem extensa e inteiramente justificada do prestigiado site de música eletrónica Resident Advisor. Se em 2018 ficámos arrebatados com Álbum Desconhecido, de P. Adrix (alegadamente, um produtor português radicado em Manchester), em 2019 ouviremos discos pelo menos de Puto Tito (Carregando a vida atrás das costas – Uma Antologia), DJ Nigga Fox e DJ Firmeza. Com sorte ouviremos música nova (talvez temas soltos, quiçá um EP, com muita sorte um álbum) do português radicado em Paris DJ Lycox, autor do ótimo Sonhos & Pesadelos de 2017, e da portuguesa radicada em Bordéus Nídia, autora do maravilhoso e criticamente aclamado Nídia É Má, Nídia É Fudida, também de 2017.
ProfJam
Se nos Estados Unidos da América Travis Scott tem conseguido fazer música inovadora e próprio no interior do hiper-saturado movimento trap (música hedonista, festiva, dançável, mais elogiada pelo balanço instrumental do que pelos versos e rimas), isto sem se desviar excessivamente da fórmula sonora que o caracteriza, ProfJam parece encaminhar-se para fazer o mesmo em Portugal. Autor da mixtape Mixtakes, o rapper de Telheiras, Lisboa, tem vindo a aproximar-se cada vez mais do trap, especializando-se na exploração da melodia, de batidas rápidas e do autotune. Em fevereiro, o mentor do coletivo e editora Think Music edita o seu primeiro álbum completo de originais de estúdio, gravado em parceria com aquele que é um dos melhores compositores de batidas instrumentais do hip-hop nacional, Lhast. Já se conhecem dois singles: “Água de Coco” e “Tou Bem”.
Ricardo Ribeiro
Gostamos de dar novidades destas: este ano, o fadista Ricardo Ribeiro vai editar um disco novo. O sucessor de Hoje É Assim, Amanhã Não Sei (2016) está mesmo a ser ultimado, apurou o Observador. Trata-se de um disco de originais de piano, voz e percussão, com letra vinda de textos poéticos de autores portugueses. Ricardo Ribeiro estará acompanhado no disco pelo pianista João Paulo Esteves da Silva e pelo percussionista norte-americano, especializado em ritmos orientais, Jarrod Cagwin.
Rihanna
ANTI, editado há tempo considerável (2016), já pede sucessor. A cantora dos Barbados e vencedora de nove prémios Grammy já confirmou que o seu R&B impregnado de influências tropicais (o dancehall, a música caribenha) vai voltar a ouvir-se em força este ano, com a edição do seu nono álbum de estúdio. Não será fácil ter um single tão viral quanto “Work”, gravada com o rapper e cantor Drake, mas para Rihanna não parece haver impossíveis.
https://www.youtube.com/watch?v=m2hI1_UBN2c
Rincon Sapiência
Nascido em São Paulo, atualmente um dos mais importantes rappers do panorama musical brasileiro, Rincon Sapiência já colaborou com o produtor musical PEDRO, da editora Enchufada, fundada por Branko (o tema chama-se “Na Quebrada”) e vai lançar este ano o seu segundo álbum de estúdio de originais, depois da estreia com Galanga Livre, em 2017. A confirmação foi dada ao Observador por um elemento da equipa que trabalha com o rapper, que adiantou ainda que em julho Rincon Sapiência deverá atuar em Portugal.
Sallim
Depois de um primeiro álbum lançado em 2016, com o título Isula, a cantora e instrumentista portuguesa Francisca Salema, conhecida como Sallim, prepara-se para lançar o segundo álbum já no final do primeiro mês deste ano. Intitulado A Ver o Que Acontece, o álbum será editado pelo coletivo lisboeta Cafetra e promete confirmar Sallim como relevante nova voz da música nacional.
Salvador Sobral
Perspetiva-se um ano em grande para Salvador Sobral — e, consequentemente, para todos os apreciadores de boa música. O cantor que deu a Portugal a primeira vitória no Festival Eurovisão da Canção, com uma interpretação magistral de uma canção de suprema beleza escrita pela irmã Luísa Sobral, vai lançar um álbum novo entre março e abril. O disco vai ter a sua primeira apresentação ao vivo no Teatro das Figuras, em Faro, dia 3 de maio — uma semana depois, respetivamente dias 10 e 11, o cantor atua nos Coliseus de Lisboa e Porto. A expetativa para o novo trabalho é enorme, visto que Salvador Sobral já lançou dois belíssimos singles de antecipação, “Cerca del Mar” e “Mano a Mano” (por falar nisso, que fabulosa interpretação do segundo tema na final da Eurovisão, em Lisboa!), e parece estar a cantar cada vez melhor, como provam as participações nos álbuns de Márcia (“Pega em Mim”), Luísa Sobral (“Só um Beijo”) e do álbum de estreia do cantor Tiago Nacaratto, ainda por editar mas já com o single “Tempo” divulgado.
Sensible Soccers
Depois de lançarem um dos álbuns portugueses mais aclamados pela crítica em 2016, Villa Soledade, o trio nacional formado por músicos de Vila do Conde e São João da Madeira vai editar este ano o disco sucessor. Espera-se que o álbum, que começou a ser gravado em dezembro, prossiga a mistura da banda entre sons ambientais e etéreos e dança que flirta com o psicadelismo. Existindo hinos ao nível de “Bolissol” e do mais antigo “Sofrendo Com Você” (haverão com certeza), está tudo bem, é sinal que 2019 vai ser bom.
Sharon Van Etten
É um dos discos mais esperados do primeiro trimestre do ano. Remind Me Tomorrow, espécie de “é p’ra amanhã” certamente com mais melancolia e menos alegria, chegará às lojas e plataformas de streaming já dia 18 de janeiro e será certamente mais um disco de canções pungentes da autora de “Your Love is Killing Me”. Dois singles já foram revelados, “Jupiter 4” e “Comeback Kid”.
Sir Scratch
Discretamente, foi autor de uma das melhores músicas portuguesas de hip-hop de 2018. “Eternamente”, com instrumental assinado por Sam the Kid e incluída na compilação Mechelas, não precisou de teledisco, promoção em massa ou grande presença nas rádios. Bastou uma batida exímia, entrega total de Sir Scratch (que felizmente também se ouve quando o rapper sobe aos palcos para concertos), “suor e vontade” e um bonito desafio para uma viagem de artista e ouvintes, “juntos”, ao som de um “MC que fala quando o coração bate” e que põe tudo à procura não apenas de “glória e legado”, mas também de “história e verdade”. O autor de álbuns como Em Nosso Nome (2012) e Cinema: Entre o Coração e o Realismo (2006) e de temas como “Tendências” e “Nada a Perder” garantiu estar previsto lançar um álbum a solo ” este ano”, além de “um EP em conjunto com o NBC”. Ótimas notícias, portanto.
Solange Knowles
Em outubro, o The New York Times publicava um extenso perfil (com entrevista) sobre a irmã mais nova de Beyoncé Knowles, que revelava que o sucessor do aclamado álbum A Seat At the Table estava iminente — podia até sair ainda em 2018. O disco não chegou tão cedo quanto isso, mas é provável que venha a ser lançado no primeiro semestre de 2019. O indício mais forte desse lançamento é Solange ter sido confirmada como cabeça de cartaz da próxima edição do festival catalão Primavera Sound, onde já estava em 2017, depois do lançamento do disco anterior. A grande dúvida neste momento é outra: além de um disco novo e da atuação no festival catalão, será possível ouvi-la também no Primavera Sound do Porto?
Stereossauro
O primeiro single adivinha uma coisa em grande: virtuosismo no DJing de Stereossauro (exímio na área), letra de Capicua, voz de Camané, excertos (samples) de Amália Rodrigues a cantar. O DJ português, autor de uma notável remistura de “Verdes Anos” de Carlos Paredes, antigo vencedor do campeonato mundial IDA World DJ (ao lado de DJ Ride) e profundo apaixonado pela música portuguesa e lusófona, foi aos arquivos de Amália Rodrigues, depositados na editora Valentim de Carvalho, buscar inspiração para o seu novo álbum. Com acesso privilegiado a gravações da fadista, construiu um álbum que mistura modernidade e tradição, passado e futuro, com convidados tão importantes e diferentes quanto Ace (dos Mind da Gap), Ana Moura, Camané, Carlos do Carmo, Capicua, Dino D’Santiago, DJ Ride, Gisela João, Holly (produtor musical), NBC, Nerve, Papillon, Paulo de Carvalho, o rapper Plutonio, o produtor que morreu em 2018 Razat, Ricardo Gordo, Rui Reininho (dos GNR), Slow J, Sr. Preto (alter-ego de Chullage) e Paulo Furtado, também conhecido como The Legendary Tigerman. O álbum sai em fevereiro e dificilmente não será um dos acontecimentos musicais do ano.
Steve Gunn
Quem gosta de guitarras tem aqui um músico obrigatoriamente a conhecer. Ativo há um pouco mais de uma década, Steve Gunn tem no currículos ótimos álbuns para os apreciadores de guitarras, como Time Off (de 2013),Way Out Weather (de 2014) e Eyes on the Lines (de 2016), a que acrescem interessantes colaborações com outros guitarristas como Mike Cooper (Cantos de Lisboa, gravado em Portugal) e Kurt Vile (Steve Gunn/Kurt Vile, de 2015). A voz, afinada e tranquilizante, também ajuda. Para o seu novo trabalho, The Unseen In Between, com edição prevista já para dia 18 de janeiro, Steve Gunn colaborou com o grande baixista e diretor musical de Bob Dylan, Tony Garnier. “New Moon” e “Stonehurst Cowboy”, os primeiros singles, permitem adivinhar mais um tiro certeiro.
Superbad
Aqui está uma editora portuguesa da qual esperamos uma afirmação plena em 2019. A produtividade deste coletivo de hip-hop nacional soube a pouco no ano que passou, talvez por que as expectativas eram muitas: falava-se na edição do primeiro disco de Here’s Johnny (um dos melhores compositores digitais de batidas instrumentais não só do hip-hop, mas de toda a música portuguesa), do segundo álbum do rapper Holly Hood e ainda havia quem sonhasse ouvir um álbum do também rapper e cantor No Money. Não houve álbuns, mas talvez seja cedo para nos lamentarmos, até porque No Money, por exemplo, lançou recentemente um single (com instrumental de Here’s Johnny) tão bom que sugere que o tempo e a maturidade o fizeram crescer, como Holly Hood (“Miúda”) já o havia feito. Diz-se que a pressa é inimiga da perfeição e neste caso pode mesmo ser verdade. Se nada de anormal acontecer, 2019 será o ano em que a Superbad Records se afirma na plenitude em termos de edições discográficas, no popular universo do hip-hop português. Cá estaremos para os ouvir.
SZA
No início de dezembro, foi publicado nas plataformas Spotify e Apple Music um álbum chamado Comethru, atribuído a uma tal Sister Solana (que ninguém sabia quem era). A voz feminina era da cantora de R&B norte-americana SZA, que por acaso tem como nome de batismo Solána Imani Rowe. O disco, que tinha versos de Kendrick Lamar, confundiu alguns fãs, mas SZA veio esclarecer: tratava-se afinal de um lançamento não autorizado a que foi alheio, de um conjunto de rascunhos de canções suas. O melhor do esclarecimento vinha no fim: “No entanto, ouvi-vos. PROMETO que o novo está a caminho”, rematava a publicação que fez nas redes sociais. É uma excelente notícia, dado que o seu primeiro álbum, Ctrl, de 2017, merece todos os elogios e mais alguns. É a nova estrela do novo R&B e está tudo certo com isso.
The Weeknd
Quem ouviu as primeiras mixtapes, nomeadamente House of Balloons e Echoes of Silence, ambas de 2011, dificilmente adivinhou que o canadiano Abel Tesfaye seguiria um rumo artístico que o tornaria uma estrela pop, capaz de cantar músicas mais ou menos luminosas e mais ou menos festivas como “Starboy”, “I Feel It Coming” e “The Hills”. A sensualidade de um R&B digital existe desde o início, mas nos últimos anos desapareceu um certo experimentalismo e um tom mais sombrio de reclusão, em detrimento de um hedonismo mais transparente. Apesar de ter mantido competência e singularidade no campeonato da pop mais direta, The Weeknd voltou em 2018 à introspeção, conseguindo um equilíbrio muito interessante entre o The Weeknd das luzes apagadas e o The Weeknd das discotecas no EP My Dear Melancholy,. Auxiliado pelo craque das batidas instrumentais Frank Dukes, que supervisionou a sonoridade dos temas enquanto produtor executivo, The Weeknd fez uma ligeira alteração de rumo. Falta um álbum completo que confirme a evolução e o torne consensual para grandes audiências (que já o adoram) e críticos. O disco deve chegar já este ano: em novembro do ano passado, num concerto, Abel Tesfaye disse ao público que este estava “para breve”. O título? Chapter 6.
Vampire Weekend
Tal como Lana Del Rey, este ano teremos Vampire Weekend em dose dupla: com um novo disco e no palco principal do festival NOS Alive, dia 12 de julho. A banda de indie-rock jovial já não edita um álbum há praticamente seis anos (!). Porém, em agosto do ano passado, o vocalista e guitarrista do grupo Ezra Koenig revelou que o álbum estava “pronto”. Já em dezembro, Ferdy Unger-Hamilton, presidente da editora que tem os Vampire Weekend nas suas fileiras afirmou que o álbum “é brilhante” e que será “o vosso [nosso] álbum preferido do próximo ano”. O hype está lançad0 para que o ano seja, pelo menos em parte, dos Vampire Weekend. Até porque o percurso da banda — uma das mais importantes da última metade da década passada e da primeira metade deste década — e canções como “A-Punk” não são de se deitar fora.
Volúpia das Cinzas
Até ao presente dia, só foi possível trabalho desta formação composta por Gabriel Ferrandini (baterista e principal compositor), Hernâni Faustino (contrabaixista) e Pedro Sousa (saxofonista) ao vivo, em concertos que ajudaram a dar “rodagem” às composições. O coletivo, que domina a linguagem do jazz improvisado, tem vindo assim a crescer em palco, antes de dar por fechadas as composições e as misturas do primeiro álbum. Se nada de inusitado acontecer, este ano marcará a primeira edição em disco desta formação, que reúne três importantes intervenientes do jazz português atual.
Virtus
Quando editou Universos, em 2012, o produtor musical e rapper “Johnny” Virtus foi comparado a Sam the Kid, pela escrita poética, ao mesmo tempo direta e com referências que só com o tempo é possível perceber. “Este MC não é complexo, é com classe”, anunciava logo no primeiro tema desse disco, que aliás dava título ao álbum. E é mesmo assim. Virtus integra com Minus e Keso um trio de rappers portuenses descendentes dos Mind da Gap e Dealema que tem identidade própria, escrita irrepreensível e pensamento com um fio condutor crítico, anti-sistema, elaborado, subversivo. Há muitos mais com valor (Deau, Weis, alguns mais), que não fosse a centralização do país teriam por certo maior atenção e reconhecimento, mas este é um trio all-star. Se Keso não se compromete com a edição de um álbum em 2019, sucessor de Ksx16 (“preciso mesmo de sentir que caí no esquecimento para voltar a aparecer (…) dedicar mais tempo à observação, à recolha, à vivência das experiências que acabam por constituir o meu trabalho”) e Minus lançou no ano passado o instrumental Man With a Plan (que mereceu destaque por aqui), Virtus garante: “Ainda não há prazo definido, mas é para sair este ano, sem dúvida”. Por cá já abrimos as garrafas de champagne, ao som de temas soltos lançados recentemente pelo rapper como “Sono Profundo” e “Trapézio”, o último com participação de SP Deville.
Whitney
Tal como Emily King, não era suposto os Whitney estarem aqui. Não ficámos assim tão maravilhados com o primeiro álbum da banda de folk-rock sensível de Chicago, Light Upon the Lake, apesar do disco conter inequivocamente boas canções (“No Woman”, por exemplo, merece os mais rasgados elogios). Porém, ainda que possa ter sido exagerado o entusiasmo criado em redor do grupo, que os colocou em digressões mundiais que passaram por Portugal, em outubro do ano passado a banda publicou um tweet dizendo que o sucessor está a começar a soar “fucking insane”. E acrescentavam que sim, era um “hype tweet”. Para não sermos apanhados na curva, e porque uma pessoa não fica indiferente a uma declaração destas, cá ficam os Whitney, a seguir neste ano musical.
William Tyler
Na tradição de compositores e intérpretes de guitarra fora do universo clássico, os Estados Unidos da América têm muitos trunfos para apresentar, de John Fahey a Jack Rose, de Glenn Jones a Daniel Bachman. Atualmente, há poucos como William Tyler, capazes de criar belíssimas paisagens sonoras colocando a guitarra na dianteira de uma banda que, às vezes mais alargada, outras mais curta, dialoga com Tyler e consegue criar música instrumental que soa moderna e pessoal. É mais difícil do que parece, até porque é preciso deixar as referências e os gigantes para trás e arriscar um som novo. Este rapaz de Nashville anda a dar provas de genialidade pelo menos desde 2013 (ano em que editou o seu segundo álbum, Impossible Truth), mas nada nos preparava para a beleza do primeiro single do próximo disco. O tema chama-se “Fail Safe”, o álbum chama-se Goes West e vê a luz do dia já a 25 de janeiro. Se tivéssemos de fazer já um prognóstico, diríamos que poucos discos dos 11 meses seguintes de 2019 o vão superar.
Xutos e Pontapés
No mês em que assinalam quatro décadas de existência, os Xutos & Pontapés vão lançar mais um disco de estúdio de originais. A banda atualmente composta por Kalú (baterista), Tim (vocalista), João Cabeleira (guitarrista) e Gui (saxofonista) vai editar Duro, sucessor do disco Puro (de 2014), dentro de dias, apresentando-o ao vivo no Lisboa ao Vivo, em Alcântara, Lisboa, a 25 de janeiro, e no portuense Hard Club, a 11 de fevereiro. Este é o primeiro disco da banda sem o emblemático guitarrista e membro Zé Pedro, que morreu no último trimestre de 2017. Contudo, o disco ainda inclui temas gravados por Zé Pedro e é “um legado de preserverança e persistência, de luto e de alegria, de ansiedade e de calma”, refere o quarteto. Ouvir as notas de Zé Pedro pela última vez não é apenas aconselhável, é praticamente obrigatório.
Yann Tiersen
Yann Tiersen vai atingir o marco de dez álbuns de estúdio gravados e editados já no dia 15 de fevereiro, com o álbum All. Sucessor do disco EUSA, lançado em 2016 e profundamente ancorado no piano, o novo trabalho do compositor e instrumentista francês incluirá temas como os já revelados “Koad” (cantado pela sueca Anna Von Hausswolff) e “Tempelhof”.
Outros músicos e bandas que não sabemos se vão lançar álbuns este ano, mas que podem bem fazê-lo e nós gostávamos: Apollo G, Beatriz Pessoa, Cícero, Danny Brown, Four Tet, Golden Slumbers, Harold, IAMDDB, Jlin, Joan Shelley, Hand Habits, Holly, Kevin Morby, King Krule, Nick Cave, Landim, Little Simz, Luís Figueiredo, Maria, Mahalia, Nicolas Jaar, Outer Space, Sampha, Sevdaliza, Slow J, Thundercat, Tristany, Tyler the Creator, War on Drugs, Weyes Blood, Vijay Iyer