- Porque é que as redes sociais têm um impacto na saúde mental?
- Estas plataformas podem criar dependência?
- Mas como é que as redes sociais podem ser prejudiciais à saúde mental?
- E este impacto é maior nos adolescentes?
- Quais são os sinais de alarme que indicam um problema com o uso de redes sociais?
- Qual deve ser o tempo limite diário de utilização?
- E é possível tirar proveito das redes sociais para melhorar o bem-estar psicológico?
Explicador
- Porque é que as redes sociais têm um impacto na saúde mental?
- Estas plataformas podem criar dependência?
- Mas como é que as redes sociais podem ser prejudiciais à saúde mental?
- E este impacto é maior nos adolescentes?
- Quais são os sinais de alarme que indicam um problema com o uso de redes sociais?
- Qual deve ser o tempo limite diário de utilização?
- E é possível tirar proveito das redes sociais para melhorar o bem-estar psicológico?
Explicador
Porque é que as redes sociais têm um impacto na saúde mental?
Tudo o que faz parte do nosso ambiente e da nossa vida, que nos influencia, estimula e molda o nosso comportamento e as nossas relações tem um impacto na saúde física e mental.
No caso das redes sociais, o impacto não é, à partida, bom ou mau, dependendo antes do tipo de utilização que é feita. No entanto, as redes sociais têm algumas armadilhas, além do potencial de criar vício, o que pode causar problemas sobretudo entre os mais jovens.
Estas plataformas podem criar dependência?
O Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM) não reconhece a dependência de redes sociais (identificando como perturbação apenas os vídeojogos online), mas há jovens que têm uma utilização excessiva e problemática. Sabe-se que as redes sociais são concebidas com o objetivo de estimular a continuação da utilização: a Meta — que detém plataformas com o Facebook e o Instagram — tem sido alvo de vários processos judiciais nos EUA, que acusam a empresa de usar algoritmos que criam dependência dos utilizadores.
“De forma geral, as redes sociais estão concebidas para ativarem os centros de recompensa do cérebro, ou seja, para ficarmos viciados nelas, ao procurarmos o prazer imediato do ‘like’, da resposta ao comentário ou da aprovação de alguém”, diz o psicólogo clínico Fernando Lima Magalhães. “Por exemplo, se acreditarmos que precisamos da aprovação sobre a nossa aparência, vamos verificar as redes sociais continuamente, para obter ‘validação’ e ‘prazer’ sobre a nossa última fotografia. Com facilidade, isto vai criar um ciclo vicioso, de tristeza pela falta de validação e depois a procura de nova validação com uma foto mais ‘sexy’”.
Mas como é que as redes sociais podem ser prejudiciais à saúde mental?
De várias formas. Desde logo, com a referida dinâmica de verificação constante das redes, “pode haver um aumento da ansiedade”, refere o psicólogo.
Pode ter um impacto na auto-estima, criando “distorções e julgamentos na nossa auto-percepção se provocar sentimentos de inadequação do nosso corpo, pela comparação com muitos ‘corpos perfeitos'”. Um estudo que teve como objetivo avaliar o impacto das redes sociais na saúde mental dos jovens mostrou que três em cada quatro afirma já ter pensado em mudar a aparência por causa das redes sociais.
Por outro lado, toda a cultura associada às redes social pode aumentar os traços narcisistas, já que o tempo passado nas redes sociais leva-nos a “estarmos autocentrados e a exercitar a ‘vaidade’”.
Podem também conduzir ao isolamento social, “quando alguém utiliza as redes como forma de substituir as relações reais”, que é um comportamento com um enorme impacto negativo no bem-estar.
A utilização incorreta está ainda associada a alterações no sono, seja pela hiperestimulação provocada pelos conteúdos, seja pela exposição à luz dos ecrãs, “que pode afetar a qualidade do sono e mesmo provocar distúrbios do sono”.
Por fim, o cyberbullying está longe de ser uma exceção: um estudo mostra que mais de 60% dos estudantes foi vítima de bullying online durante o confinamento provocado pela pandemia. “Vários estudos mostram que o ciberbullying, que é mais constante e comum que o bullying tradicional, leva a consequências mais negativas,”, diz Fernando Lima Magalhães.
Assim, resume o psicólogo, “o impacto pode ser negativo nas relações sociais, na ansiedade, na depressão, na imagem corporal, autoestima e até em aumentar ideias suicidas”.
E este impacto é maior nos adolescentes?
Sim. Por um lado porque na adolescência os jovens ainda estão a construir a sua identidade e podem ter menos perceção de que as redes sociais apresentam uma realidade muito filtrada. Por outro, porque têm menos ferramentas psicológicas, cognitivas e emocionais para se defenderem dos impactos negativos.
Este ano, Hans Kluge, o diretor da OMS para a Europa, referiu em comunicado que “precisamos de uma ação imediata e sustentada para ajudar os adolescentes a parar a utilização potencialmente prejudicial das redes sociais, que tem demonstrado levar à depressão, ao ‘bullying’, à ansiedade e ao mau desempenho escolar”.
Quais são os sinais de alarme que indicam um problema com o uso de redes sociais?
Fernando Lima Magalhães identifica vários sinais de alerta aos quais cada pessoa deve estar atenta, tanto em relação a si próprio como em relação aos outros, sobretudo adolescentes:
- Preocupação excessiva com as redes sociais, havendo um desejo incontrolável de verificar as aplicações;
- Ansiedade e irritação quando o telemóvel não está imediatamente disponível ou se o uso é restringido (por exemplo, pelos pais ou professores);
- Desequilíbrio entre o tempo online e o tempo offline, dedicado a outras atividades, o que se se pode traduzir em pouco contacto com família e amigos fora do mundo digital;
- Alterações na qualidade do sono (como acordar durante a noite ou cansado de manhã) causado pelo tempo excessivo nas redes ou pelo uso do dispositivo antes de dormir;
- Negligenciar as responsabilidades na escola ou no trabalho, comprometendo ou diminuindo o desempenho;
- Desinteresse pelo mundo real e pelas pessoas e interações fora do mundo virtual.
Qual deve ser o tempo limite diário de utilização?
Depende de muitos fatores, nomeadamente a idade do utilizador e o tipo de uso que costuma fazer: estar num chat a conversar com um amigo ou familiar que mora longe é diferente de estar a ver perfis, o feed ou vídeos curtos (reels).
“É difícil definir quanto tempo é excessivo nas redes, pois o bem-estar pode depender mais da qualidade da relação e como as redes são usadas, do que com o tempo em si. Mas, de forma geral, alguns especialistas sugerem o limite de duas horas por dia.”
E é possível tirar proveito das redes sociais para melhorar o bem-estar psicológico?
Se o uso for equilibrado e de qualidade, as redes sociais podem ter um impacto positivo no bem-estar psicológico e emocional, defende Fernando Lima Magalhães:
- “Podem servir para estabelecer relações com outras pessoas que estão distantes e fortalecer a sua rede social”;
- “Podem ajudar a envolver-se numa causa social ou política que considere relevante”
- Pode ajudar à integração em grupos, associações e colectividades e ter mais conexões sociais reais”;
- “Pode ajudar a estar a par de acontecimentos ou eventos interessantes”;
- “Pode servir como fonte de apoio emocional, através de grupos de apoio online ou de uma videochamada com um familiar.”