Uma suposta médica da Bolívia gravou um vídeo para mostrar que as vacinas da Hepatite B contêm uma substância chamada óxido de grafeno. Uma substância que, segundo a própria, é venenosa para o ser humano. Esta acusação já tinha sido feita, e desmentida por diferentes fact-checkers como o Observador, aquando da pandemia de Covid-19, a propósito das vacinas desenvolvidas para combater a propagação do novo coronavírus. Trata-se, mais uma vez, de uma publicação falsa.
O vídeo difundido na publicação em análise não permite perceber se, por exemplo, estamos perante uma situação fabricada — isto é, se a médica não terá colocado, propositadamente, óxido de grafeno naquela amostra de vacina para provar o seu ponto.
Outra afirmação feita no vídeo e que não tem sustentação é, como já foi referidso, que aquela substância (o óxido de grafeno) também está presente em vacinas contra o novo coronavírus. Depois, nunca nos é apresentado o contexto em que aquele material médico foi encontrado, nem sequer é possível saber se, de facto, a protagonista é, efetivamente, uma médica. É também estranho reparar que esta experiência não foi realizada num laboratório, mas sim naquilo que aparenta ser uma sala de estar.
Depois, é preciso perceber o que é, afinal, a substância em causa. Segundo Hélder Mota Filipe, professor de Farmacologia da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, trata-se de “um composto de carbono, derivado da grafite, que é usada na indústria, por exemplo no revestimento de certos materiais”. Ao contrário do que é alegado no vídeo, Hélder Mota Filipe confirma, novamente, aquilo que já tinha sido desmentido noutros fact checks: “O grafeno não tem utilização clínica e não faz parte da composição de medicamentos.”
O farmacologista afirmou também que se trata de “um exercício de charlatanice pseudocientífica de péssima qualidade” e que esta é uma “mentira que reaparece de tempos a tempos e que deve, de cada vez, ser desmentida de forma categórica”.
Finalmente, e segundo a AFP Checamos, um dos fact checkers que verificou também esta publicação e a considerou como falsa, o microscópio usado no teste registado em vídeo, de acordo com o fabricante, é “ideal para estudos e pequenos empreendimentos”, o que não é o recomendado para olhar para substâncias como o grafeno, que têm de ser analisadas recorrendo a outras técnicas. Aliás, o microscópio utilizado é incapaz de detectar grafeno.
Conclusão
Não é verdade que existam provas de que as vacinas de Hepatite B, tal como as vacinas contra o novo coronavírus, contenham óxido de grafeno. Essa afirmação já foi desmentida anteriormente na altura da pandemia e volta a ser, quer por fact-checkers internacionais como a AFP, quer pelo farmacologista Hélder Mota Filipe, que confirma ao Observador que aquela substância não está em medicamentos ou vacinas.
Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.