Ora, então, bem-vindos ao último trimestre de 2023. Aquele trimestre em que, enfim, Portugal será ultrapassado pela Roménia no ranking de desenvolvimento da União Europeia. Não se pode dizer que seja uma surpresa. Afinal, a Roménia já leva mais 30 anos livre do jugo comunista do que nós.

Trata-se, assim, de um pequeno passo para a Roménia, mas de um salto gigante para Portugal. Nomeadamente, um salto rumo ao objectivo último de sermos o último nesta classificação, e não mais termos de nos preocupar com sermos ultrapassados por outros países da UE. Portanto, força Letónia, Croácia, Grécia, Eslováquia e Bulgária, pois desejamos ser o carro vassoura deste pelotão de 27 países. Porque sendo o carro vassoura, praticamos para, no futuro próximo, sermos empregadas domésticas nos vossos lares em Riga, Zagrebe, ou Bratislava. Lava, passa, varre, é tudo o que precisarem.

Perante este cataclismo que põe em causa a vida das gerações mais jovens de portugueses, com que anda preocupada boa parte destas gerações mais jovens de portugueses? Com o cataclismo de hoje estar ligeiramente mais fresco que ontem, e amanhã voltar a estar mais para o quentinho. Ou seja, com as alterações climáticas.

O mais recente episódio dos “protestos climáticos” redundou no corte da 2ª Circular, em Lisboa. Dois jovens pendurados numa ponte exibiram um cartaz em que se lia: “O governo e empresas declararam guerra à sociedade e planeta”. O que me suscita o seguinte comentário. A sorte destes meninos não terem caído da ponte e, ao caírem, ficarem com um pé preso no pára-choque de uma furgoneta de caixa aberta, que os levaria de rojo, A1 fora, até Estarreja. É que foi mesmo sorte, porque esta dupla de jovens é mais azarada que um Dick Dastardly e o seu não tão fiel, Muttley. Seleccionar um tema para criticar o governo e acertar, em cheio!, no único – as alterações climáticas – que não será propriamente culpa do executivo do PS é digno de Wile E. Coyote.

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Se bem que, em termos de emissões de gases poluentes, o valor combinado dos voos de Costa para ver jogos da bola, com os de Marcelo para cumprir o desígnio de tirar selfies em cada um dos 197 estados reconhecidos pela ONU, deve estar ela por ela com as emissões poluentes do conjunto de centrais a carvão da China. Quer dizer, talvez a culpa Costa-Marcelo esteja ligeiramente abaixo. Mas é um ligeiramente abaixo tipo Roménia no comparativo com Portugal. Em menos de nada a coisa dá a volta.

Dito isto, não há dúvida que as alterações climáticas estão aí e têm consequências muito evidentes. E não é de agora. Por exemplo, lembro-me desde sempre de ouvir a idosos que, quando o clima mudava, lhes doía o esqueleto. Donde se confirmam as alterações climáticas. Aos velhinhos a mudança de clima afecta os ossos, a estes jovens a mudança do clima afecta a cabeça. Ao ponto de os velhinhos não conseguirem dobrar as pernas e destes jovens não conseguirem elaborar um raciocínio lógico.

A ter pecado por alguma coisa, este protesto climático na 2ª Circular pecou pela ausência de deputados do Chega. Julgo que teria sido mais espectacular, o evento. Para já, é muito provável que tivesse havido mais um chega para lá aos deputados do Chega, como na manifestação da habitação que não chega para todos. E depois, uma coisa é certa. A presença de deputados do Chega teria sido motivo mais do que suficiente para os bloquistas… manifestantes! Para os manifestantes puxarem os seus cabelos de mil tons enquanto gritariam: “Vêem como há mau ambiente?! Nós bem dizíamos que este clima pesado, carregado de gases tóxicos, não podia ser apenas resultado dos nossos duvidosíssimos hábitos de higiene íntima!”