As dificuldades de circulação e mobilidade em Lisboa são um problema que afeta muitas pessoas que vivem, trabalham ou visitam a capital portuguesa. Os diagnósticos realizados nas principiais cidades da Europa são coincidentes com a realidade da cidade de Lisboa, impondo-se uma alteração consciente das formas de mobilidade nas cidades do presente e do futuro.

A circulação automóvel afeta a vida das pessoas de várias formas, tanto positivas como negativas. Por um lado, os automóveis permitem deslocarem-se com mais rapidez, conforto e autonomia, facilitando o acesso a bens, serviços e oportunidades.

Por outro lado, os automóveis também causam vários problemas, como a poluição do ar, emissão de gases e partículas nocivas, como o dióxido de carbono, o monóxido de carbono, os óxidos de azoto, os hidrocarbonetos e o material particulado. Estes poluentes prejudicam a saúde das pessoas, provocando doenças respiratórias, cardiovasculares e cancerígenas.

Além disso, a poluição do ar contribui para o aquecimento global e para as alterações climáticas, que têm efeitos negativos sobre o ambiente e a sociedade. A necessidade de descarbonizar o transporte urbano – reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e melhorando a qualidade do ar – são objetivos a atingir num curto prazo, face às evidencias climáticas atuais.

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Em Lisboa, os transportes públicos são uma forma de se deslocar na cidade e na área metropolitana que tem várias vantagens, tanto para os utilizadores como para o ambiente e a economia. Ajudam a diminuir o trânsito rodoviário, permitem alocar espaço público para mais áreas verdes, praças e espaços de lazer, reduzem a emissão de poluentes atmosféricos e de gases de efeito estufa, contribuindo para a melhoria da qualidade do ar e para a mitigação das alterações climáticas.

São energicamente mais eficientes, ajudando a reduzir a dependência do petróleo. São mais seguros e emitem menos poluição sonora tendo também um custo mais baixo para os utilizadores do que os veículos privados

Durante a governação socialista da cidade, com António Costa e Fernando Medina como presidentes da Câmara Municipal de Lisboa, foi possível implementar uma visão estratégica para a mobilidade 2030. Essa estratégia pretendia diversificar a mobilidade, impulsionando os modos de mobilidade suave, tornando mais fácil e mais acessível o uso dos transportes públicos e promovendo o desenvolvimento de um ecossistema multimodal integrado, conectado e acessível.

Construiu-se uma rede de parques dissuasores com preços simbólicos, para incentivar os automobilistas a deixarem os seus carros e utilizarem os transportes públicos. Lançou-se uma rede de bicicletas partilhadas, que permite aos cidadãos deslocarem-se de forma mais ecológica e saudável pela cidade.

Requalificou-se a zona ribeirinha e a Avenida 24 de Julho, criando novas áreas verdes e cicláveis, melhorando a acessibilidade e a mobilidade dos peões e dos ciclistas. Reduziu-se a velocidade máxima permitida em algumas zonas da cidade, para aumentar a segurança rodoviária e reduzir a poluição sonora, preparando a cidade para o futuro.

De igual forma, o governo socialista liderado por António Costa assumiu como centrais  nas politicas governamentais as questões da mobilidade, tendo tomado várias medidas relacionadas com os transportes públicos, tanto a nível nacional como local. Algumas dessas medidas foram a criação de um novo passe social para todos os utilizadores dos transportes públicos, independentemente da situação económica ou da idade, que tem um custo máximo de 30 euros para circular dentro de um só concelho e de 40 euros para circular entre municípios.

Assumiu também o apoio à redução tarifária dos passes sociais através do Programa de Apoio à Redução Tarifária, que dedica uma parte do Orçamento de Estado às operadoras de transportes públicos, bem como o anúncio de passes gratuitos para jovens até aos 23 anos a partir de janeiro de 2024.

E ainda a expansão e a modernização da rede de metro, comboio, autocarro e elétrico, tanto em Lisboa como noutras cidades do país.

Muito outros exemplos podiam ainda ser dados, mas destaco a requalificação da zona ribeirinha e da Baixa Pombalina, criando novas áreas verdes e cicláveis e melhorando a acessibilidade e a mobilidade dos peões e dos ciclistas.

Dois anos após a chegada de Carlos Moedas à Câmara Municipal de Lisboa, os novos tempos mostram que a cidade está parada em termos de mobilidade. Nada se avizinha no horizonte, as medidas anunciadas em termos de mobilidade suave continuam a aguardar melhores dias.

Veja-se o exemplo da ciclovia da Avenida Almirante Reis. Veja-se o plano das ciclovias interligadas, que continua no papel.

A cidade do futuro – da mobilidade para todos, com todos, rumo à descarbonização – continua parada. Está na hora da Câmara Municipal trabalhar verdadeiramente na mobilidade, deixando de marcar passo face a outras capitais europeias onde os progressos neste domínio são assinaláveis.

Lisboa exige retornar a uma visão integrada de cidade, de mobilidade. Uma visão que seja desafiadora e eclética na utilização dos novos conceitos, mecanismos e instrumentos das cidades modernas e inteligentes, que beneficiam as atividades económicas e privilegiam quem vive, trabalha, estuda e usufrui de Lisboa.