Será amanhã, quinta-feira, que o empresário Mário Ferreira se tornará o primeiro português no espaço. O CEO da Douro Azul irá a bordo da – em termos de formato patética – nave Blue Origin e relatou o primeiro dia de treinos para a viagem. Segundo parece os preparativos para subir até ao espaço estão a correr pelo melhor. Muito por culpa, diga-se, de Ana Gomes. Sim, sim, Ana Gomes. Que anda há imenso tempo a fazer Mário Ferreira subir pelas paredes. O que o deixou preparadíssimo para esta aventura.
A ida ao espaço de Mário Ferreira acontecerá escassos dias depois de o empresário ter pedido o cancelamento do empréstimo do Banco de Fomento. Os menos familiarizados com estas questões das viagens espaciais terão visto aqui mera coincidência. Mas especialistas que contactei, e que não me atenderam o telefone, diriam, acho eu, que nestas viagens ao espaço a questão do peso é crucial. Ou seja, veio mesmo a calhar Mário Ferreira ter renunciado às verbas a que tinha direito, porque assim leva os bolsos muito mais leves.
Enquanto Mário Ferreira aguarda luz verde para arrancar para o espaço, por cá a luz deixou António Costa verde de raiva. Mais precisamente as declarações do líder da Endesa sobre o futuro preço da luz. Parece que a electricidade é menina para subir alguns 40% no próximo mês. Tumba!, só para o Mário Ferreira não se armar em bom e ficar a pensar que é o único em Portugal a experimentar subidas estratosféricas.
Mas de facto o Governo não apreciou este anúncio feito pela Endesa. O que não surpreende, porque se há coisa em que o executivo do PS é rigoroso é em termos de publicidade. Muito rigoroso, aliás. O que é isto de empresas andaram a anunciar coisas? Era o que faltava. Estamos fartos de saber que, com executivos do PS, publicidade só mesmo a publicidade oficial do Governo.
E claro que a polémica não ficou por aqui. Na sequência destes acontecimentos, o Primeiro-Ministro incumbiu o secretário de Estado da Energia, João Galamba, de validar todas as facturas emitidas pela Endesa a entidades públicas suas clientes antes de as pagar. Para ver se não há maroscas. Isto é, lá vai João Galamba ter de lamber facturas. Sim, que eu não percebo nada de contabilidade, mas sei que o termo técnico para esta actividade é “lamber facturas”.
Mas preferia não saber. Este é um daqueles casos em que a ignorância seria uma benção. Também é preciso azar. Quer dizer, sou tão abençoado neste campo e tinha logo de estar na posse desta informação em particular. Enfim, o que me preocupa neste processo envolvendo documentação de cariz fiscal e saliva de secretário de Estado é esta última, a saliva do responsável político. E porquê? Porque temo que João Galamba tenha carestia de cuspe. Depois de gastar tanta saliva a tentar convencer-nos dos méritos do hidrogénio, receio pela capacidade de salivação do secretário de Estado. Para mais quando, nos últimos tempos, esmoreceu a expectativa que se chegou a gerar de que João Galamba poderia ser, um dia, líder do PS. Expectativa que o fazia, estou certo, salivar mais que um boxer no instante que antecede o abocanhar de um Dentastix.
Aqui chegados, o melhor mesmo será irmo-nos habituando à penumbra. Estou convencido que se começarmos agora a apagar luzes o processo de evolução da espécie nos brindará com um sentido de orientação de um morcego em escassos, quê?, cem mil anos? Duzentos mil anos? Não faço a mínima ideia mas, até lá, talvez dê para adoptarmos uma das características típicas da espécie Ministro das Finanças do PS e cativarmos as despesas com a electricidade.
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