Por acaso não eram muitas, as saudades. Não que os casos e casinhos do governo de António Costa não sejam óptimos e portanto passíveis de criar imensas saudades. Nada disso. O problema é que o ritmo a que se sucedem, de cerca de 3,7 casos por hora, não dá tempo para uma pessoa desenvolver aquela lembrança grata a que se chama, lá está, saudade. Começa-se a desenvolver uma lembrança grata da última trafulhice de Fernando Medina e, tumba!, mais um caso, agora com Pedro Nuno Santos. Começa-se a desenvolver uma lembrança grata da última moscambilha de Pedro Nuno Santos e, pimba!, um novo caso, agora com João Galamba. Não é má vontade, mas assim fica complicado, senhores ministros.

Na verdade não fiquei nada surpreendido com o mais recente caso envolvendo o Ministro das Infra-estruturas, João Galamba. Quando ouvi dizer que metia um adjunto e um computador percebi logo do que se tratava. Era apenas mais um episódio de uma já longa e negra lista de complicações envolvendo socialistas e computadores portáteis. Uma história que remonta ao saudoso computador Magalhães, legado de Steve Jobs For The Boys, também conhecido como José Sócrates; que passa depois pelos computadores portáteis que Costa prometeu às escolas durante a pandemia de COVID-19 e que, com sorte, chegarão a todos os alunos bem a tempo da pandemia de COVID-57; para desembocar no actual episódio envolvendo o boy de Sócrates, João Galamba, e fechando assim tão brilhante périplo.

Se bem que, em relação aos computadores que o primeiro-ministro prometeu aos alunos do ensino público durante a COVID, tem de ser dito que António Costa sempre destacou, naquelas circunstâncias, a importância do ensino à distância. Costa foi muito claro nisso. Nós, desatentos serviçais, limitados pajens, é que não captámos tão clara mensagem: “Ensino à distância”. No sentido em que se quer distância do ensino. Como na expressão “Ensino?! Pfff, quero distância disso, pá. Lá longe, esse sacripanta do ensino!”

Bom, mas a verdade é que, apesar do caos no Ministério das Infra-estruturas, António Costa não aceitou o pedido de demissão de João Galamba. Surpresa, consternação, choque? Não, nada, disso. Apenas uma variante daquela expressão, mais comum em bocas anglo-saxónicas (com dentições muito amarelas e tortas), segundo a qual “misery loves company”. Que é como quem diz que as pessoas infelizes querem partilhar as suas desgraças. E a variante aplicável ao nosso governo é a de que “a incompetência adora companhia”. E porquê? Porque um incompetente sozinho no governo chamaria muito a atenção. Dois incompetentes no governo seria já grave. Três era um escândalo. Sendo todos, incompetência é o esperado. É o normal. É até o desejável, para que tudo corra dentro de uma rotina incompetente, sem sobressaltos, como se pretende.

Ainda assim, é justo destacar o nosso primeiro-ministro. Começa a ser tarefa impossível adjectivar tal performance. Nesta fase, apelidar António Costa de habilidoso é como afirmar que o Cristiano Ronaldo é jeitoso a dar uns toques na bola. Nesta fase, eu diria que é impossível, lá fora, não estar tudo de olho em Costa para o virem buscar. E não me refiro a cargos na União Europeia. Refiro-me mesmo às autoridades da cidade italiana de Pisa. É impossível alguém que tem de evitar uma torre toda torta de ruir, prescindir dos serviços de um indivíduo capaz de manter de pé esta Jenga já sem peças na base que é o governo português.

Já nada me surpreenderá no que à habilidade de António Costa concerne. Por exemplo, vaticino desde já que, caso deixem o nosso primeiro-ministro trabalhar descansado até 2026, ainda em 2025 seremos ultrapassados pela Albânia em PIB per capita. Está dito. Naquele que foi o meu momento Professor Karamba. Não confundir com Professor Galamba. Embora, às vezes, as pessoas confundam. Porque o Karamba lida muito com o problema da impotência e o Galamba não há maneira de levantar a TAP.

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