Para evitar dúvidas, queremos distinguir, desde já, uma nova geração de jovens muito promissores que abraçou cargos de gestão e que está a desenvolver e a pôr em prática com muito sucesso as competências adquiridas na sua formação académica. Dito isto, pretendo dedicar as próximas linhas aos trabalhadores experientes. Aqueles que, como eu, recorreram a bibliotecas e não à Internet quando estavam a pesquisar para as cadeiras de licenciatura. Aqueles que insistem em enviar SMS´s sem abreviaturas. Aqueles que preferem uma boa conversa pessoal a um email… aqueles que são mais experientes e quase sempre mais sábios, organizados e responsáveis.

Muitos gestores de empresas com mais de 50 anos têm sido incentivados (por vezes, sem outra alternativa …) a enveredar por situações de pré-reforma. Outros, em situação de desemprego, acabam por seguir o mesmo caminho porque as ofertas de empregabilidade são escassas. Alguns até revelam satisfação por finalmente se avizinhar um período de descanso (e ninguém os leva a mal), mas talvez, a grande maioria prioriza continuar na vida ativa. Acontece, porém, que muitas empresas portuguesas têm modelos de gestão que sobrevalorizam a idade dos seus quadros na tomada de decisões internas ou nos processos de recrutamento. Pela renovação e modernização que proporciona, é uma via inevitável para qualquer organização: afinal todos temos obrigação de dar oportunidades às novas gerações. Adicionalmente, a nossa ‘relação amorosa’ com tudo o que há de novo e com a tecnologia é um facilitador para esquecer que conhecimento também vem com a experiência. Mas quando a gestão das pessoas se começa a centrar apenas em lufadas de ar fresco, muito devido aos custos inferiores dos profissionais juniores, e em consequência não valoriza o conhecimento, a competência e a prática acumulada dos gestores experientes, os resultados empresariais são certamente afetados negativamente, porque cada geração traz algo diferente e valioso para a organização.

É verdade que a passo e passo este cenário está a mudar. Com o progressivo aumento de esperança de vida, a propensão para se trabalhar mais tempo e a escassez de talento qualificado, muitas empresas deixaram de dispensar os profissionais experientes e começaram mesmo a valorizá-los pela maturidade e estabilidade que trazem às equipas. No entanto, a integração de gestores experientes altamente qualificados na estratégia de recrutamento das empresas continua a ser desafiante…

Este movimento nas empresas também está a ser acompanhado pela evolução legislativa. Com efeito, segundo as Nações Unidas, pelo menos 19 países adotaram medidas como a penalização de reformas antecipadas e ações contra a discriminação dos trabalhadores experientes de forma a promover o trabalho até mais tarde para salvaguarda da sua situação. Empresas, instituições, organizações e governo devem manter, integrar ou reintegrar as diversas competências pois o conhecimento de negócio dos 20 e 50 anos é profundamente diferente. A valorização da experiência e a especialização em áreas críticas começa a ser a atual tendência de recrutamento e quem ficar para trás, preso a antigos paradigmas, possivelmente, perde para a concorrência.

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O sucesso de um negócio está diretamente ligado à qualidade da sua equipa. É imprescindível ter excelentes produtos ou serviços para vender, equipamentos com tecnologia de ponta, instalações confortáveis e modernas, mas também é fundamental ter uma equipa de qualidade que agregue talentos, competências e experiências diferentes. Porque o ativo mais valioso de uma empresa são os recursos humanos, e consequentemente, a diversidade das equipas.

As vantagens de gestores experientes

Vamos então juntar o útil ao agradável. O que é o mesmo que dizer, aproveitar o facto de os gestores experientes estarem cada vez mais disponíveis para prolongar a sua vida ativa e o facto de as empresas estarem a ser confrontadas com exigências crescentes para responderem a projetos diversos. Numa sociedade sustentável, o crescimento tem uma fórmula à base da combinação entre o poder da juventude e o poder dos gestores experientes. Os últimos são mais maduros, continuam motivados para aprender, têm facilidade na comunicação verbal e enorme capacidade para compreender a envolvente empresarial. Mais vantagens em integrar gestores experientes? Já de seguida!

  • Sólidos conhecimentos – Os gestores experientes têm currículos muito vastos e competências diversificadas a nível funcional e ou indústria
  • Liderança – São, regra geral, líderes comprovados porque cultivar a liderança leva tempo e uma liderança reconhecida não acontece da noite para o dia
  • Maturidade – São uma fonte de competência técnica e da identidade da empresa e potenciam a cultura organizacional, orientando todos na direção dos resultados
  • Relacionamento Interpessoal – Trazem consigo a vivência de uma época em que a comunicação não era dominada pelas novas tecnologias pelo que a empatia no trato pessoal é um dos seus traços
  • Capacidade de Mentoria – São os melhores mentores e modelos, porque são capazes de dialogar, trocar ideias e dúvidas como ninguém!
  • Ambição e Focus – Com anos de experiência, não é objetivo a procura de uma nova oportunidade de trabalho, fazer carreira ou provar competências pelo que o foco é em atingir os objetivos da empresa
  • Rapidez e Facilidade de Integração – Muitos anos a “virar frangos” traduzidos em experiência de integração, e consequentemente, produção de resultados de forma rápida, eficiente e duradoura
  • Rede de contactos – Como estão há muito tempo no mercado de trabalho, construíram uma vasta rede de contactos

Empresas que estimulem que os seus gestores altamente qualificados se mantenham ativos por mais tempo e ou contratem recursos humanos experientes para projetos específicos e pontuais, delimitados no âmbito e tempo, são empresas com um posicionamento estratégico que aposta na complementaridade entre gerações, pelo que potenciam a conquista de melhores resultados económicos!

Membro do Conselho Consultivo da Experienced Management