Atenção, um termo que ouvimos falar constantemente no nosso dia a dia e que nos parece tão importante para funcionarmos “como deve de ser”, mas o que realmente é a atenção e durante quanto tempo é possível manter a mesma? A atenção é o processo pelo qual processamos ativamente uma quantidade limitada de informação a partir da grande quantidade de informação disponível provinda do mundo externo (através dos sentidos) ou interno (pensamentos, memórias, etc.) ou por outras palavras, a atenção é o modo como escolhemos “focar-nos” num determinado tipo de informação.

Existem vários tipos de atenção, podendo ser compreendida de acordo com as suas especificidades, ou categorias. Esta divide-se em 4 grandes grupos: a atenção dividida, automática, seletiva e sustentada.

Começando pela atenção dividida, esta pode ser entendida como a atenção que nos permite focar em dois estímulos diferentes em simultâneo, por exemplo ouvir música e conduzir ao mesmo tempo, estamos a apreender informação auditiva e visual em simultâneo. A atenção automática, podendo ser percebida como a capacidade de nos alertar quando um estímulo inesperado surge de repente, por exemplo um som alto no meio do silêncio. A atenção seletiva, que refere-se ao processo de direcionar o nosso foco num estímulo específico, dando como exemplo ouvir uma música que utilize vários instrumentos musicais,e ativamente focarmo-nos no som de um único instrumento, como a bateria. E por último existe ainda a atenção sustentada que representa a capacidade de manter o foco ao longo do tempo, perante um determinado tipo de estímulo.

Falando então um pouco mais sobre esta Atenção Sustentada (A.S.), sabe-se que o tempo médio de A.S. pode variar consideravelmente de sujeito para sujeito e este depende de diversos fatores, incluindo idade, nível de interesse na atividade, nível de cansaço e stress, ambiente e até mesmo características individuais do cérebro. No entanto, estudos sugerem que, em média, a capacidade de manter a atenção sustentada numa única tarefa sem perda significativa de desempenho geralmente varia de 20 a 45 minutos para adultos saudáveis. A A.S. pode ser exemplificada em diversos contextos do nosso dia a dia, desde a duração do tempo em que os alunos prestam atenção durante as aulas, até às pessoas que trabalham e realizam reuniões de trabalho. Por exemplo, num contexto educacional, os alunos podem manter a atenção sustentada durante as aulas por um período de tempo que, por norma, varia entre os 30 e os 60 minutos (daí a duração dos blocos de aulas). Com tudo, é importante salientar que a atenção sustentada pode diminuir ao longo do tempo, especialmente se a atividade não for muito envolvente ou se o ambiente for propício a distrações.

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As suas aplicações no dia a dia são diversas e demonstram ter impactos significativos em todas as pessoas, posto isto, como podemos tirar proveito deste tipo de atenção para melhorarmos o nosso desempenho, quer seja a nível académico, profissional ou até para benefício pessoal em qualquer outro contexto?

De um modo geral, enquanto praticar a atenção sustentada convém procurar reduzir o número de fatores que possam servir de distração durante o processo; procurar manter um período de envolvimento razoável e ter em conta a possibilidade de pausas para dar tempo de descanso ao cérebro, não tentar fazer várias coisas de uma só vez, exercitar a memória seletiva pois esta parece estar relacionada com o processo da atenção sustentada de certa forma e por fim praticar exercícios que trabalhem a atenção de uma forma geral, como atividade física que exija concentração e jogos de memória e/ou puzzles, sudoku, etc..

Ao integrar estes conselhos na sua prática de atenção sustentada, é possível que venha a ter resultados benéficos durante o processo da mesma, resultando numa maior eficiência e desempenho enquanto Ser Humano.

Termino com um especial agradecimento ao Professor Doutor André Silva, e a Afonso Rocha (ex-estagiário de Neurocirurgia e Cuidados Paliativos).

Mental é uma secção do Observador dedicada exclusivamente a temas relacionados com a Saúde Mental. Resulta de uma parceria com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e com o Hospital da Luz e tem a colaboração do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Psicólogos Portugueses. É um conteúdo editorial completamente independente.

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