A mais recente maioria absoluta do Partido Socialista, e sobretudo a forma como foi alcançada, deveria ter feito soar os alarmes nos partidos de direita, ou como recentemente se convencionou chamar, do espaço não-socialista. A verdade é que a própria noite das eleições não augurou nada de bom. Rui Rio em vez de pedir desculpa, não só pelo resultado de dia 30 de Janeiro mas sobretudo pela estratégia errada que adoptou desde o início, passando por querer substituir, não o PS no governo, mas sim a sua base de apoio no parlamento, optou pela ironia respondendo em alemão a perguntas perfeitamente pertinentes dos jornalistas acerca do seu futuro.

O PSD dedicou uma boa parte do tempo de campanha eleitoral, não a apresentar as suas propostas para o país e as soluções que tem para os desafios que iremos enfrentar no futuro mas a discutir o que iria fazer com o Chega se ganhasse as eleições. Já depois de dia 30, parece que o que mais preocupa PSD e IL é o local onde os seus parlamentares de sentam, aparentemente todos disputam o lugar ao lado do PS, exigindo a maior distância possível do Chega.

Sejamos claros, nenhum dos problemas que hoje Portugal enfrenta são da responsabilidade do Chega, mas muitos são da responsabilidade do PS, que governou 18 dos últimos 25 anos. Durante o período de 2000 a 2019, a economia portuguesa cresceu, em média, menos de 0.5% ao ano. No ano 2000, Portugal tinha um PIB per capita que representava 72% da média da EU e 61% da média da zona Euro. Em 2019, representava 66% da média da EU e 60% da média da zona Euro. O que daqui se conclui é que a economia portuguesa não cresce, está estagnada há 25 anos.

O resultado de uma economia que não cresce é a pobreza e a emigração em massa. “Esta é outra marca do falhanço dos últimos 25 anos: o salário médio subiu em termos reais 20% e o salário mínimo subiu, também em termos reais, 60%. Cada vez mais o nivelamento é por baixo, empurrando os melhores para fora”, escreve e bem Miranda Sarmento.

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António Costa é um político extremamente habilidoso, se usou BE e PCP para chegar ao poder, aposta agora no Chega para nele se manter, é o PS que dá gás à famigerada “cerca sanitária” ao Chega, quando por exemplo vota contra a eleição de Pacheco de Amorim para a vice-presidência da Assembleia da República ou quando finge que o partido não existe, afastando-o das audições dos partidos com assento parlamentar.

A estagnação económica, a pobreza, a falta de oportunidades e o desrespeito pelas instituições tem um nome, Partido Socialista. Enquanto o maior partido da oposição continuar sem liderança e sem um objectivo claro para o país, serão o PS e o Chega os maiores beneficiados, o PS porque divide para reinar e o Chega porque se coloca na confortável posição de vítima sem ter que apresentar nenhuma proposta para o país a não ser distribuir dinheiro pelos ex-combatentes e forças de segurança, fazendo disso um programa de governo.

Portugal caminha rapidamente para ganhar o troféu de país mais pobre da União Europeia, atrás da Roménia e Bulgária. Se não mudarmos rapidamente de vida, seremos cada vez mais pobres e governados por uma elite socialista cada vez mais rica. Não há muito tempo.