Quando falamos de transição energética, importa que a reconheçamos como uma mudança fundamental no sistema de energia atual, sendo o objetivo substituir gradualmente os combustíveis fósseis por fontes de energia renovável e mais sustentáveis. Este não é um tema recente e há décadas que se encontra na agenda mediática e política, mas importa relembrar qual deve ser o papel das empresas de energias renováveis nesta transformação.

Ao olhar para a atual conjuntura geopolítica, em termos energéticos, é-nos possível compreender um dos motivos pelos quais é relevante encontrar alternativas aos combustíveis fósseis. A dependência excessiva de combustíveis fósseis, e nomeadamente do gás, deixa as economias mais vulneráveis a flutuações nos preços e a interrupções no fornecimento, sejam estas devido a conflitos ou até mesmo desastres naturais. Além disso, as alterações climáticas continuam a ser o principal desafio que a humanidade enfrenta e que está longe de estar resolvido – e as medidas adotadas ainda não são suficientes para atingir as metas propostas – e que o impacto da poluição também se estende à saúde pública (segundo dados da Agência Europeia do Ambiente, 97% da população urbana na Europa está exposta a níveis de poluição do ar não seguros). Combater a degradação ambiental e as alterações climáticas passou também a ser uma emergência moral com a encíclica papal de junho de 2015. Mais recentemente, o secretário-geral da ONU apontou ainda que a mudança climática como a maior ameaça à segurança humana. Mas qual deve ser, então, o papel das empresas que operam no setor das energias limpas para apoiar esta transformação?

Primeiramente, ser motor dessa transição. As energias renováveis podem e já estão a impulsionar a mudança para o novo modelo. Contudo, em paralelo, estas empresas devem ir além do seu modelo de negócios e procurar impulsionar o desenvolvimento do setor das energias renováveis, de forma a garantir que este se torna mais eficiente, sustentável e acessível. Assim, apostar em investigação e tecnologia de ponta é uma forma de acelerar a transição, superar os atuais desafios da indústria e maximizar as valências da energia limpa. Por exemplo, através da utilização painéis de última geração (módulos bifaciais), já é possível ocupar uma menor extensão de área e garantir a mesma ou maior quantidade de energia produzida.

Além disto, as empresas devem procurar ser proativas e ter uma influência positiva no seu ambiente envolvente. Neste sentido, estabelecer parcerias, fazer colaborações e criar comunidades energéticas são formas de promover a literacia sobre o tema e impulsionar a adoção de energias renováveis. As energias renováveis e os seus projetos devem ser cada vez mais percepcionados como colaborativos, pelo que todas as partes envolvidas devem participar e contribuir. Sem esquecer que, além dos projetos, também é possível estender esta influência a outros setores e procurar ajudar outras empresas a descarbonizar os seus negócios, potenciando a sua utilização de fontes renováveis.

Em conclusão, as energias renováveis são a chave para a transição energética e para a mudança positiva que é, sem dúvida, necessária. Assim, deve haver um esforço por parte das empresas que operam no setor das renováveis para, diariamente, procurar ir além daquela que é a sua atividade e estenderem a sua influência a outras entidades, comunidades e setores. Além da energia limpa que produzem, estas podem ter um papel na aceleração da transformação que o mundo precisa, através do seu apoio ao desenvolvimento tecnológico, económico e social (emprego e literacia), sempre em diálogo com cada comunidade e compreendendo as necessidades e particularidades de cada território.

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