Recolhidos em casa, em confinamento, com os passos contados e a liberdade cerceada. É assim que estamos e que continuaremos! À semana e ao fim-de-semana, na expectativa de que a curva (Rt) inverta a tendência de crescimento das últimas semanas e, assim, nos permita reaver alguma tranquilidade.
Entretanto, há sectores da economia que estão em agonia. A hotelaria, a restauração e os espaços de diversão noturna, atividades intimamente ligadas ao turismo, queixam-se de estar a “pão e água”, reclamam um reforço dos apoios financeiros e a definição de regras de funcionamento um pouco mais equilibradas. As reivindicações não parecem descabidas, se se considerar que há centenas de pequenas e médias empresas do setor em risco de fechar e milhares de postos de trabalho em causa.
Os serviços de saúde parecem estar a rebentar pelas costuras, os hospitais de segunda linha desdobram-se como podem e os de primeira linha reinventam-se, na tentativa de acudir aos casos mais urgentes. Estão – uns e outros – aparentemente muito próximos da sua capacidade limite! Desde março, administrações hospitalares, pessoal médico e auxiliar tentam sobreviver a uma roda vida de solicitações, debatendo-se com um cenário agudo de limitações e carências básicas. Estão a fazer o que podem com os recursos de que dispõem. O vírus, esse, não baixa a guarda nem dá descanso.
O surgimento de uma segunda vaga de infeções era previsível desde, pelo menos, o mês de agosto. E era, exatamente por isso, expectável que tivessem sido tomadas medidas robustas de reforço da capacidade de resposta ao que aí vinha. Estas coisas requerem planeamento, método e capacidade de antecipação por parte de quem tem a responsabilidade de gerir e tomar decisões. O diálogo com a fileira dos hospitais privados e do sector social, para estabelecer uma frente de combate complementar e solidária à Covid-19, tardou. A capacidade instalada está disponível desde há três ou quatro meses. Ainda assim, só em finais do mês de outubro, em pleno “incêndio pandémico”, foi possível encontrar uma base de colaboração e entendimento entre o Governo e os operadores privados. Agora resta correr atrás do prejuízo, na tentativa de mitigar o impacto no sistema de cuidados de saúde dos portugueses.