Fobia: medo esmagador e debilitante de algo, que leva a que o indivíduo fóbico organize a sua vida baseado na evicção daquilo que lhe causa esse medo.

https://www.nhs.uk/mental-health/conditions/phobias/overview/

Chego ao hospital de manhã. Subo as escadas, juntamente com uma procissão de outros profissionais, que ofegam e respiram com dificuldade, com o esforço de subir escadas com uma máscara no rosto.

Há dois anos que é assim.

No hospital, continuamos a testar periodicamente para o SARS-CoV-2 (e só para ele) todos os doentes internados, independentemente dos seus sintomas, sem necessidade de obter qualquer consentimento informado prévio.

Hoje, a senhora A. está bem feliz. É a minha doente que teve alta clínica há já dois dias, mas que só agora irá para casa, depois de organizado o apoio social de que necessita. De acordo com as regras, fez teste para o SARS-CoV-2 de manhã. O resultado chegou depois do almoço: positivo. Apesar de estar o melhor que alguma vez esteve, e sem qualquer sintoma de Covid, a sua saída do hospital é anulada e é transferida para um quarto de isolamento durante os próximos 7 dias, onde ficará fechada, a ser lavada no leito e não no chuveiro, confinada a um espaço de cerca de 30m2 com outras duas pessoas.

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No quarto ao lado, está o senhor C., que não se encontra vacinado contra o SARS-CoV-2, por decisão pessoal. O mesmo se passa com toda a sua família. Está agora internado com um AVC que lhe paralisou todo o lado esquerdo. Não permitem que nenhum familiar o visite, apesar de toda a sua revolta com essa situação. Hoje vai ser transferido para uma unidade de reabilitação, e já foi informado de que, por não estar vacinado, mesmo tendo um teste negativo ficará os primeiros 14 dias em total isolamento, num quarto individual. Em solitária. De acordo com as regras.

Covidofobia.

A enfermeira S. está em baixo. Fazer este turno está a ser bem difícil. Tem dores pelo corpo todo, sente-se mole e sem energia, e teve febre ontem à tarde. Já fez dois testes, que foram negativos, e a responsável da Saúde Ocupacional diz-lhe que tem que trabalhar na mesma, porque o que tem não é Covid.

A sua colega H. ficou em casa. Não tem qualquer sintoma mas, como o marido está positivo, decidiu testar-se também. O seu teste foi positivo, ficará em casa 7 dias.

Doentes negativos têm de trabalhar, saudáveis positivos não o podem fazer.

Covidofobia.

A enfermeira I., perfeccionista, tem as mãos em chaga, pela constante desinfecção a que as submete. Usa sempre máscara FFP2, ajustada o melhor possível ao rosto, onde já por duas vezes teve infecções da pele tão graves que teve de fazer antibiótico. Mesmo assim nunca descurou o uso da máscara, no hospital ou fora dele. Apesar disso, e vacinada, teve Covid, com sintomas ligeiros, de que rapidamente recuperou e regressou ao trabalho.

Em nada mudou o seu comportamento. Mantém o uso de máscara, a desinfecção constante das mãos, que têm já a pele vermelha, irritada e com pequenas feridas, do pulso para baixo. Não convive com ninguém, não sai, não come fora. Há dois anos que é casa-trabalho e trabalho-casa. E mesmo depois de vacinada e covidada (ter tido Covid), não consegue mudar em nada a forma como age.

Covidofobia

A doente da cama ao fundo da UCI aguarda pela transferência para o seu Centro de Transplante, em Lisboa. Só aí poderá ser correctamente avaliada e optimizada a possibilidade de manter o seu rim transplantado.

Mas do Centro exigem um teste negativo para o SARS-CoV-2. Explicamos que a doente teve Covid há 1 mês, pelo que não deveria fazer o teste.

Inútil. Naquele Centro só entram doentes com um teste negativo.

O teste é feito. E é positivo. Tentamos argumentar com a ausência de significado de um teste positivo numa pessoa assintomática, poucas semanas após ter tido Covid. Sem qualquer hipótese. O Centro não recebe a doente, que é assim transferida para o hospital da área de residência, novamente sob hemodiálise, o transplante renal perdido.

Covidofobia.

Na Ucrânia há mais de um mês que morrem pessoas desnecessariamente, mulheres e homens, adultos e crianças, ucranianos e russos. Muitas outras são feridas e outras ainda ficam para sempre traumatizadas por medo, violações, destruição e violência, desnecessária e sem qualquer ganho.

Em Portugal, o coordenador do Gabinete de Crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos, também consultor da DGS, lança o alerta sobre o risco infeccioso trazido pelos refugiados desta guerra, enquanto a DGS se apressa a fazer regras sobre a vacinação destas pessoas.

Covidofobia.

Em Portugal, a Ordem dos Médicos, com uma celeridade nunca antes vista, instaurou processos disciplinares a médicos que questionam as normas e regras impostas, ou a vacinação de determinados grupos etários.

Internacionalmente, o YouTube remove qualquer vídeo que “conteste explicitamente a eficácia das orientações das autoridades de saúde locais ou da Organização Mundial da Saúde (OMS) relativas às medidas de distanciamento social ou isolamento individual”, independentemente das razões ou não para essa contestação.

Covidofobia.

Uma mulher de 35 anos com dois filhos pequenos e com um cancro da mama testou positivo para o SARS-CoV-2 antes da sessão seguinte de quimioterapia. Apesar do seu esquema de quimioterapia ter sido cuidadosamente programado de acordo com a evidência científica para lhe dar a maior probabilidade possível de curar e sobreviver ao seu cancro, perante o teste positivo para este vírus todo esse esquema é temporariamente cancelado, lançando na incerteza a sua eficácia, sem apelo nem agravo. Todos os outros seres microscópicos que povoam o seu nariz, fossas nasais e garganta podem aí estar sem problema nem preocupação. Excepto o SARS-CoV-2, mais temido que todos os outros, mais importante que a cura do seu cancro.

Sabendo disto, S., uma outra mulher com cancro da mama e a fazer quimioterapia, e que não vê nenhum familiar há quase dois anos, não tenciona fazê-lo nos próximos tempos, para evitar qualquer contacto com o vírus, preocupada não com o risco de adoecer, mas sim com o risco de ser impedida de cumprir o seu esquema de quimioterapia.

Covidofobia.

Das vezes que vou ao cinema, os funcionários entram repetidamente durante a sessão e vigiam o público, verificando se todos têm a máscara colocada e ordenando a sua colocação a quem não a tem. Isto acontece mesmo quando eu e a minha mulher somos  os únicos a assistir ao filme.

Em grandes superfícies comerciais, alguns seguranças perseguem os clientes que usam a máscara de forma incorrecta, obrigando-os a ajustarem a sua colocação, permanecendo depois na sua vigilância persecutória, caminhando atrás deles, para assegurarem que a mantém assim. Mas as pessoas que têm um pedaço de plástico à frente da face (vulgo, viseira), podem deambular sem qualquer entrave, pois não assustam os funcionários nem os clientes.

Covidofobia.

Enquanto, por toda a Europa, os países acabam com as medidas e aceitam a convivência com o SARS-CoV-2, em Portugal o uso obrigatório da máscara mantém-se, e manter-se-á até ser atingido “um patamar mais seguro” porque existe o receio de, se se abrir novamente uma comportamesmo que pequena, voltar a assistir-se ao aumento do número de casos, isto de acordo com a autoridade máxima de saúde no nosso País, uma pessoa afinal incapaz de usar uma garrafa de água em público sem se atrapalhar. Já nos acenaram com tantos “patamares seguros” que depois não o são. E porquê?

Covidofobia.

Entretanto, quase todos os portugueses já tiveram ou conviveram de perto com alguém que teve Covid, e puderam verificar por si próprios a benignidade desta doença.

Mesmo assim, as máscaras nas escolas devem manter-se até ao final do ano lectivo. Muitos questionam a razão dessa decisão. Mas a explicação é simples.

Covidofobia.

A covidofobia, que já existe de forma generalizada, será nos próximos meses oficialmente “descoberta”, definida e identificada como uma doença real, com critérios de diagnóstico e estratégias de terapêutica próprias. E será provavelmente anunciada ao Mundo pelos mesmos “especialistas” e “peritos” (OMS, DGS e afins), que foram afinal os seus causadores, aqueles provocaram a sua aparição, com a forma fóbica como sempre apresentaram e apresentam esta doença, e impuseram fóbicas regras de existência, de máxima evicção do vírus.

Covidofobia: medo esmagador e debilitante do vírus SARS-CoV-2 e da doença Covid, que leva a que o indivíduo organize a sua vida baseado na máxima evicção de qualquer risco, real ou imaginário, relacionado com a mais ínfima possibilidade de contactar com o vírus, desprezando todas as outras consequências negativas desse seu comportamento e menorizando todos os outros riscos presentes na sua vida.