Tolentino de Mendonça, no seu bestseller Elogio da Sede, faz-nos percorrer um caminho à volta desta pergunta mágica que se aplica em tudo nas nossas vidas sem que nos apercebamos disso.

Quando foi a última vez que bebeste? Quando foi a última vez que deste de beber? Quanto foi a última vez que pediste de beber?

Sem pretender passar-vos visões religiosas ou de qualquer tipo não deixo de acreditar que a simples frase que Tolentino nos coloca como centro do seu Elogio da Sede seja uma frase essencial para repensarmos as nossas ações e podermos dar mais, ser melhores.

A pergunta é simples, não nos será de todo estranha – em algum momento da nossa vida teremos ouvido: “Dás-me de beber?“.

Tolentino faz-nos cruzar com tal questão através de uma passagem bíblica mas com o objetivo de nos mostrar que necessitamos de beber diariamente de todas as áreas e, quando não bebemos sem pedir, ora pedimos! Sim, pedimos para nos darem de beber, pedimos que nos ensinem, pedimos que nos mostrem como se faz. E não há que ter vergonha, não há que ter preconceitos!

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A magia da vida e dos ensinamentos é esta: aprender com os mais velhos, mas também beber daquilo que os mais novos têm para nos ensinar; novos colaboradores aprenderem com os seus pares ou com os seus chefes e o inverso. Não é isso que é verdadeiramente mágico? Mas… hoje parece que temos vindo a perder esta possibilidade de troca de conhecimentos, de dar e receber de beber. Mas porquê? Por orgulho? Por vergonha? Oh, como perdemos tanto por tão pouco…

Existem “vergonhas” que esta sociedade cria, mas que te fazem perder o sabor do saber. Que te fazem perder a verdadeira conscencialização do quão importante é bebermos continuamente de todas as áreas e de todos os domínos.

Hoje é o dia. É o dia em que deves chegar junto dos teus e dizer: dás-me de beber? – isto é, ensina-me algo novo, mostra-me que posso ser mais e melhor pois estou aqui para te ouvir, para aprender e conhecer todas as formas como adquiriste essa fórmula mágica de sabedoria que me dás hoje de beber. E não tenhamos “medo” ou “vergonha” de aprender seja o que for, pois já diziam os antigos que “o conhecimento não ocupa lugar” e nunca sabemos quando nos virá a ser útil!

Se um saudoso rosto da nossa sociedade dizia que não deveríamos deixar nada por dizer pois ninguém dura para sempre, também não devemos deixar nada por beber, nem deixar de dar a beber tudo o que aprendemos.

Por isso, bebe com os teus novos e com os teus velhos. Bebe, ainda, literatura, tecnologia, um pouco de todas as áreas do saber. Bebe diariamente de tudo, sempre com moderação.