Inicia-se mais uma ronda de apresentação de diversas candidaturas para as unidades de poder local (e mais próximas dos cidadãos e das suas necessidades). Veem-se em vários locais centenas de cartazes com o que já foi feito e o que se promete fazer na busca incessante pelo voto. Mas, na sua grande maioria, todos se esquecem que a política começa nas pessoas, nas suas necessidades e em apresentar soluções reais (e possíveis de executar) para os seus problemas.

Ora, se fizermos um pequeno exercício de reflexão histórica, o nosso modelo de política bebe das bases da política das sociedades clássicas (greco-romanas): o que era a política na Antiguidade Clássica? Resumidamente, era a honra de poder servir a sua cidade participando e propondo soluções para os problemas da polis (modelo de cidade na Antiguidade Clássica). Escusado será dizer que nesta época não havia propaganda política, havia exposição de ideias, problemas e soluções.

Será que é esta a génese seguida na maioria das candidaturas apresentadas?

Afinal, vemos muitas caras e pouco realçar de problemas e apresentação de propostas para tais problemas.

O que falta para mudar a política (em todos os níveis)?

Falta perceber que a política faz-se ouvindo as pessoas, ouvindo as suas necessidades e compreendendo os seus problemas. Faz-se apresentando-lhes soluções reais para tais problemas. Sem isto, estamos a descredibilizar a verdadeira política e estamos a fazer “politiquices”.

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Falta ouvir o sr. António que se queixa das enormes filas de trânsito à entrada e saída da cidade, falta ouvir a sra. Maria e a sua necessidade de apoio. Falta ouvir todas as populações. Sim, todas. Nunca esquecendo periferias, pois Portugal faz-se com a participação de todos e não com níveis crescentes de abstenção nos diversos tipos de atos eleitorais a que somos chamados.

Falta chegar ao pé de cada cidadão e dizer-lhe (sem sorrir apenas para fotos): “Vocês têm um problema, nós propomos esta solução. Pode ouvir-nos um minuto?” Estou certo que alguns negarão tal minuto, mas outros terão todo o interesse em conhecer a solução proposta. E serão esses muitos que irão ouvir as propostas que vão viver uma política na sua verdadeira génese.

A política deve fazer-se transmitindo conhecimento à população, seja esse conhecimento de problemas ou soluções. A política não se faz com cartazes cheios de fotografias bonitas e slogans bonitos e que ficam no ouvido. A verdadeira política não se faz apenas com cartazes, ganhando ou perdendo, mas, sim, fazendo-se ouvir junto das populações, junto de cada cidadão.

Por isso, acredito que quando toda e qualquer força política que salte de cartazes com fotografias e “perca” um minuto com cada cidadão a explicar o que realmente pretende, quais as soluções que apresenta, o que defende e como pretende realizar tais soluções estaremos a fazer a verdadeira política. Estaremos a melhorar a qualidade de vida de todos, estaremos a incluir todos e estaremos a dinamizar a sociedade com todos.