Em Portugal, segundo o site Teamlyzer, uma espécie de Glassdoor para o mercado português, existem cerca de 3600 empresas de IT registadas. A oferta de empregos na área excede a procura, não só em Portugal, mas também no estrangeiro. Como tal, a média dos salários tende a subir.

Por outro lado, o ambiente pandémico provou que é possível trabalhar remotamente para todo o mundo e com os mesmos níveis de produtividade! Então como podemos fazer uma transição de carreira para esta área?

No meu caso pessoal a transição aconteceu em Março de 2019. Não foi uma transição planeada, foi uma oportunidade. Após 12 anos a trabalhar numa Instituição Bancária, surgiu o desafio de me tornar Analista de Negócio numa empresa de IT, que me convenceu a sair da minha zona de conforto e a mudar de rumo profissional. A minha mais-valia? O conhecimento e experiência na área de serviços financeiros.

Foi um grande salto de fé… fé na minha capacidade de aprender coisas novas! A quantidade de informação que tive de navegar nos primeiros 6 meses, comparou-se a surfar a “Onda da Nazaré”. Passados quase 5 anos não voltava atrás. O balanço é muito positivo: as oportunidades de desenvolvimento são muitas, o escritório é entre casa e o Parque das Nações! Olhando agora para trás, se a mudança tivesse sido pensada, quais seriam os passos a dar?

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A resposta é: acreditar em nós próprios, na capacidade inata de o ser humano aprender novas competências, parar para pensar e criar um Plano de Ação! Nas próximas linhas segue-se um guia prático para encontrar trabalho na área das tecnologias de informação.

  1. Identificar as forças: criar uma lista com todas as competências que já adquirimos e que possam ser valorizadas no mercado de trabalho, tais como o conhecimento de negócio de uma certa área (por exemplo: saúde, banca, seguros, telecomunicações); pensamento matemático e analítico; gestão de cliente; línguas, etc.
  2. Descobrir novas realidades, identificar funções que possamos desempenhar. Muitas delas não exigem saber programar, como, por exemplo: Analista Funcional, Tester de Aplicações, Gestor de Projetos, Gestor de Produto, Designer, Analista de Dados. Podemos encontrar a descrição destas funções através de uma pesquisa na internet, ou até perguntar ao Chatgpt!
  3. Descobrir oportunidades: identificar as empresas e vagas existentes para o(s) perfil(is) que selecionámos, usando plataformas como Linkedin. Em seguida, analisar que tipo de competências são necessárias.
  4. Adquirir competências: existem imensos cursos on-line grátis para a aquisição de competências técnicas: empresas como a Google, IBM e Harvard, plataformas como a Udemy (onde existem cursos online a preços muito reduzidos). Em Julho de 2023, o Governo português criou um apoio que permite a qualquer trabalhador beneficiar de até 750 euros para fazer uma ação de formação em competências digitais à sua escolha (cibersegurança, tratamento de dados e marketing digital são algumas das áreas abrangidas).
  5. Participar em grupos. Para mulheres existem vários grupos de networking, tais como: Portuguese Women In Tech, Women in Tech, Professional Women Network. São grupos com a missão de ajudar mulheres a entrar neste mercado de trabalho, onde existem diversas iniciativas para promover mudanças de carreira, desde mentoring com empresas líderes do sector, eventos de networking, oportunidades de formação e, sobretudo, partilha de oportunidades de emprego na área de IT.
  6. Mentoria: ter mentoria de uma pessoa já estabelecida na área pode ser a chave. Será alguém com informação sobre as competências necessárias a desenvolver, capaz de transmitir conhecimento da sua experiência e indicar um rumo a seguir.
  7. Usar ferramentas de AI: para melhor adequar o nosso currículo às competências pedidas, podemos descrever a posição a que nos candidatamos, colocar o nosso cv e permitir que a ferramenta o rescreva de acordo com a função.

Em suma, não há que ter medo de mudar. Basta parar e fazer um plano! Há um mar de oportunidades à espera!

Patricia Domingos, Scrum Product Owner focada em transformar as interações digitais entre bancos e os seus clientes.

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.