Ao passear pelas ruas de Lisboa, é comum ouvir uma variedade de línguas, incluindo inglês, espanhol e francês, refletindo o turismo sazonal que visita a capital portuguesa em busca do sol. No entanto, uma língua em particular tem se destacado ultimamente: o punjabi.

Esse fenómeno evidencia uma mudança significativa, sugerindo que, enquanto Portugal já aspirou alcançar as Índias, são agora as Índias que chegam ao território português. Se um novo jogo do “Street Fighter” fosse lançado hoje, o lutador “Dhalsim” provavelmente seria retratado como um cidadão português, com o Martim Moniz como pano de fundo. A gastronomia portuguesa, conhecida pela sua diversidade, viu uma mudança de paradigma, com o pastel de Belém sendo suplantado pelo kebab como símbolo culinário de Lisboa.

A emigração, fenómeno complexo, é motivada por diversas razões, algumas das quais são compreendidas apenas pelos próprios emigrantes. Embora muitos procurem Portugal em busca de uma vida melhor, reivindicação legitima, a realidade é que o país enfrenta desafios estruturais que dificultam oferecer uma vida de qualidade aos que já residem aqui. É como convidar alguém para jantar e não ter comida suficiente para alimentar todos os convidados.

Essa distinção entre os “convidados” está a criar uma divisão entre os habitantes de Portugal. Enquanto aqueles que estão há mais tempo são privados de condições adequadas, os recém-chegados muitas vezes recebem um tratamento preferencial, o que os marginaliza. Essa disparidade alimenta sentimentos de desconforto e pode até mesmo alimentar o nacionalismo exacerbado, contribuindo para a desintegração social e, por vezes, para o aumento da criminalidade entre os grupos de imigrantes.

Com um mundo cada vez mais globalizado, onde as diferenças culturais são evidentes, é fundamental que Portugal adote políticas mais inclusivas e equitativas para promover a coesão social e garantir que todos os que escolhem este país como seu lar sejam tratados com igualdade e respeito.

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