Diversos estudos mostram como é importante haver lideranças diversas, em termos raciais e de género, para o desenvolvimento sustentável. A variedade nas experiências e pontos de vista traz abertura de ideias, quebra rotinas e motiva aqueles que se sentem em minoria – ainda que sejam a maioria – no caso das mulheres.
A formação para a liderança começa cedo: no seio das famílias e na escola. O progresso na escolarização das meninas tem sido assinalável nas últimas décadas, mas não é muitas vezes suficiente para criar líderes femininas de sucesso. O problema é que muitas vezes não basta que estas meninas vão à escola porque mesmo aí elas continuam sujeitas a pressões culturais que não as deixam atingir o seu potencial máximo. O exemplo clássico é que as meninas não devem escolher disciplinas matemáticas ou científicas, mas humanidades – para ficarem mais bem preparadas para serem mães e apoiarem os estudos dos seus filhos, ou porque há alegadamente diferenças genéticas que fazem meninos e meninas mais propensos para estudar matemática ou literatura.
Estudos recentes sugerem que as diferenças de género em termos de características como a competitividade não são inatas, mas produto de diferenças culturais. Um estudo do professor John List da Universidade de Chicago e co-investigadores compara uma tribo patriarcal na Índia, onde os homens ocupam a maior parte das posições de poder, com uma tribo matriarcal na Tanzânia, em que as posições de liderança são tipicamente assumidas por mulheres. E os resultados mostram que na tribo matriarcal da Tanzânia as mulheres são bem mais competitivas do que os homens, enquanto que o oposto se observa na tribo patriarcal. A liderança feminina no extremo pode ter efeitos fortemente transformadores. Em doses moderadas poderá ajudar a promover um equilíbrio entre os géneros que promova não só a igualdade, mas também a produtividade e crescimento das empresas e da economia.
A questão é como encontrar mulheres que sejam boas líderes. E a resposta parecer ser começar por aumentar o número de mulheres em posição de liderança. Num outro estudo realizado pela professora Esther Duflo do Massachusetts Institute of Technology (MIT), galardoada com o prémio Nobel da Economia em 2019, e co-investigadores, mostra-se que haver mais mulheres em posições de liderança nas empresas afecta directamente as escolhas que as meninas fazem na escola: quando há exemplos de mulheres líderes, as meninas passam a acreditar que podem ser as líderes do futuro e aspiram a sê-lo. Estas aspirações de liderança são suficientes para que haja mulheres mais preparadas para ajudarem a sociedade em posições de liderança.
Há um longo caminho a percorrer para termos mais liderança feminina. Em países como Portugal, França ou Estados Unidos não há ainda vislumbre da possibilidade de haver uma mulher à frente do governo destes países. Mas há países em África, como Moçambique, onde há razões para ter esperança pois na política e nos negócios tem havido várias mulheres inspiradoras em cargos de liderança. Esperança também na celebração do Dia Internacional da Mulher. Uma comemoração que não só reconhece explicitamente o papel fundamental que as mulheres assumem na sociedade, mas serve também para motivar estas mulheres para assumirem posições de relevo e as meninas a prepararem-se para a liderança no feminino.