1 Medina tem um comportamento político próprio de um ditador. Nunca tem conhecimento do que corre mal, nem acha que deveria saber. Nunca é culpado de nada, e pede “desculpas” sem se considerar culpado, apenas para ver se o assunto morre. Quando finalmente se percebe que há um problema, encontra um “culpado” e demite-o. Como os líderes dos regimes autoritários, Medina vive acima da responsabilidade política.

O seu adversário, Carlos Moedas, ataca o seu comportamento político, como é a sua obrigação, e Medina trata o combate político como “ataques pessoais.” Quando está na oposição, o PS faz todo o tipo de críticas aos governos das direitas. Mas quando chega a vez das oposições de direita, são ataques pessoais.

A propósito das críticas de Moedas, Medina ainda se saiu com uma afirmação espantosa: “chega-se a Presidente da Câmara ganhando eleições.” A arrogância do poder cega de tal modo Medina que já se esqueceu como sucedeu a Costa sem eleições, e depois venceu já como Presidente e com dinheiro para distribuir aos eleitores. Medina segue o livro de Sócrates, que seguia o livro de Chávez.

Nos últimos dias, apareceu ainda um episódio inacreditável de um discurso de Medina na Carris apelando aos trabalhadores da empresa pública a aderirem ao PS. E o discurso foi feito no meio de múltiplas referências ao investimento do governo socialista na Carris. Medina usou o seu cargo de Presidente da Câmara de Lisboa para comprar militantes para o PS. Como é hábito nos socialistas, não há qualquer distinção entre as instituições públicas e o partido. Estamos a assistir à construção do Estado socialista, onde Estado e partido se confundem. Um dia Veiga Simão (ministro do Estado Novo e de um governo socialista) afirmou: “no Estado Novo já eramos todos socialistas, só não éramos democratas.” No Portugal de hoje, os socialistas também são cada vez mais socialistas e menos democratas.

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2 Eu gosto muito de futebol, sofro com a seleção como a maioria dos portugueses, mas o aproveitamento do futebol pelo poder político mostra um regime a esconder uma crise profunda. Até aqui começa a surgir mais uma semelhança entre o Estado Novo e o Estado socialista. Com uma diferença. O Estado Novo tinha três Fs: Fátima, fado e futebol. Os três Fs socialistas são: futebol, futebol e futebol.

Os mais altos responsáveis socialistas não perdem uma oportunidade para aparecer ao lado do futebol. Desde as imagens de Costa e de Medina nos Camarotes do estádio da Luz ao lado de Luís Filipe Vieira, um dos maiores devedores do BES, passando pelas finais da Champions durante a pandemia, até ao Europeu.

Escreveram-se muitos artigos para explicar o apelo de Ferro Rodrigues para os portugueses irem aos milhões para Sevilha, uma cidade que ainda está pior do que Lisboa nos números da pandemia. A explicação é fácil: Ferro Rodrigues é simplesmente tonto. Como acontece com os tontos, diz muitos disparates. Todos os amigos dele e os camaradas socialistas saberão isso, mas não os impediu de o elevarem a número dois do Estado português. Ferro Rodrigues simboliza a decadência da política portuguesa. Como se pode ter respeito por um parlamento presidido por uma figura tão patética?

O poder socialista quis usar o futebol para continuar a esconder a realidade e a sua incompetência dos portugueses. Continuarão a fazê-lo. Eles sabem que nós não podemos saber o que se passa. Por isso, para sobreviver, o poder socialista precisa de entreter os portugueses. O que virá a seguir ao futebol?