Em 2016 a comunidade Portuguese Women in Tech foi lançada com o intuito de dar visibilidade às mulheres que são parte do ecossistema tecnológico nacional. A comunidade foi lançada no momento perfeito, no “timing” em que a sociedade e as empresas começavam a olhar com alguma atenção para as diferenças acentuadas: mais homens que mulheres, menos mulheres em posições de poder, desigualdade salarial, “unconscious bias” e uma mão cheia de outros problemas que precisam de ser atacados.
Contudo, o problema persiste. Neste momento, o que é realmente necessário é olhar com muito cuidado e não só com atenção. Com o cuidado de perceber onde se pode fazer a diferença, de que forma se consegue resultados reais, como se causa impacto dentro das estruturas que sejam permeáveis a liderar o caminho e a mudar o “status quo”.
Em 2018 a comunidade Portuguese Women in Tech lançou a primeira edição de sempre dos Portuguese Women in Tech Awards, os prémios que pretendem dar palco às mulheres do ecossistema tecnológico Português. Ao longo de um mês, o ecossistema mobilizou-se e os números superaram as expectativas: mais de 800 nomeações, mais de 6500 votos e o envolvimento de dezenas de empresas tecnológicas foram a validação da importância desta iniciativa para o reconhecimento no feminino. E é aqui que começa o cuidado.
Vimos fundadores de empresas nomearem e depois votarem nas colaboradoras que são parte da sua equipa – das empresas com 10 colaboradores às empresas com 1000. Vimos investidores indicarem fundadoras de empresas por si investidas. Vimos colegas de equipa referirem os elementos dos diferentes departamentos das empresas e até vizinhos de incubadoras recordarem as mulheres com quem partilham os espaços comuns.
Trabalhar (numa empresa) ou ser fundador de uma empresa tecnológica não é só ser excepcional na execução técnica do que está a desenvolver. É também ser excepcional na gestão de recursos humanos e na compreensão de como pequenos atos podem fazer toda a diferença para encontrar o ponto de equilíbrio entre os diferentes perfis, as diferentes pessoas, as diferentes realidades e, por fim, as diferentes necessidades. É compreender que excelentes produtos são construídos por equipas diversas, constituídos por elementos com diferentes backgrounds, experiências e género.
Parte do trabalho da comunidade Portuguese Women in Tech é também esse: identificar problemas, pensar iniciativas que ajudem a solucionar e mostrar o caminho. Um caminho muitas vezes mais simples do que esperado, mais próximo do que imaginado. A mudança está ao alcance de todos nós e o momento de o fazer é agora.
Os Portuguese Women in Tech Awards estão de volta. Todos estão convidados a nomear e votar nas “women in tech” que conhecem e que acreditam serem peças cruciais deste jogo da tecnologia. O poder da mudança está nas nossas mãos.
Liliana Castro é Fundadora e CEO da FES Agency – agência de Comunicação e Eventos especializada em tecnologia – e também cofundadora da comunidade Portuguese Women in Tech, com o intuito de dar visibilidade às mulheres que têm contribuído ativamente para o boom do ecossistema tecnológico em Portugal.
O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.