Passados 45 anos desde a criação do Serviço Nacional de Saúde, o setor da saúde vê-se confrontado por tremendos desafios, tanto pela escassez de profissionais especializados (médicos, enfermeiros ou técnicos de saúde) como pela subida constante dos custos. A resposta a estes desafios não reside apenas no aumento do número de profissionais de saúde, mas também na redefinição de como e onde o suporte ao paciente pode ser mais eficazmente fornecido.

Num momento em que o acesso atempado a cuidados diferenciados é cada vez mais difícil, uma das soluções emergentes é o suporte remoto a pacientes, uma estratégia que alivia significativamente a pressão sobre os sistemas de saúde. Por exemplo, consideremos o suporte técnico a dispositivos médicos para pessoas com diabetes, como bombas de insulina ou monitores de glucose. Este tipo de programas não só reduz a pressão sobre os sistemas de saúde, uma vez que poupa recursos valiosos a hospitais e centros de saúde, como também promove a autonomia dos doentes. Ao providenciar ferramentas que conferem maior independência aos doentes na gestão das suas condições, estes programas reduzem a frequência com que estes têm de recorrer a profissionais de saúde. Assim, os profissionais de saúde têm a possibilidade de focar-se em casos de patologia mais complexa.

Para implementar programas de suporte técnico de tal complexidade, é crucial selecionar recursos humanos com um perfil adequado em termos de conhecimentos tecnológicos e com apetência para uma comunicação empática. Depois, é necessário um treino intensivo, com recurso a técnicas e ferramentas de formação avançadas, com o intuito de enraizar os conhecimentos técnicos e clínicos para cada função do programa. Finalmente, é necessário disponibilizar um sistema de gestão de conhecimento que permita desenvolver as atividades — com segurança, precisão e confiança –, fundamentais numa área tão regulada e crítica como é o suporte a dispositivos médicos.

Além deste suporte técnico, há todo um leque de outros serviços que podem ser realizados remotamente, desde programas de acompanhamento de adesão terapêutica, até serviços de navegação nos sistemas de saúde. Basta analisar as diferentes jornadas do doente para encontrar outras atividades de baixa complexidade, mas alto valor, onde podemos aplicar a medida certa de tecnologia e talento humano para obter excelentes resultados.

Em suma, a transformação do setor da saúde exige mais do que suporte convencional. Esta área requer soluções inovadoras, que aliviem ‘o fardo’ dos sistemas de saúde e simultaneamente melhorem a experiência e a autonomia dos pacientes. A capacidade de desenhar e gerir programas complexos e oferecer suporte personalizado em contextos inovadores (remoto, digital) está no cerne desta transformação.

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