Assistimos a uma transformação profunda da economia, assente nas exigências de sustentabilidade e nas oportunidades da digitalização. As empresas têm desafios enormes pela frente, cabendo-lhes escolher o ângulo como os enfrentam e, por enquanto, o calendário para desenvolver ação consistente. Como a história nos ensina, em tempos de rápida transformação, a capacidade de antecipar, inovar e, no limite, entrar na onda transformadora dentro do tempo apropriado, são essenciais para as empresas se manterem no mercado, saudáveis e em rotas de crescimento. O caminho é claro, e determinado por um sentido de urgência perante a limitação dos recursos planetários, mas há espaço para opções, que pode ser aproveitado pelas empresas como uma grande oportunidade de diferenciação e de afirmação no mercado.

Na esteira da Agenda 2030 das Nações Unidas e do Acordo de Paris, a União Europeia adotou o Pacto Ecológico Europeu, numa verdadeira mudança de paradigma que coloca a sustentabilidade como determinante de toda a ação europeia. O enquadramento regulatório ESG – Environmental, Social e Governance – é um puzzle legal em rápida construção que dá resposta às preocupações de sustentabilidade, nos seus diversos pilares.

Consciente de que para desligar o crescimento económico da pegada ambiental é necessário desenvolver as atividades de forma diferente, substituir algumas e criar outras, a Comissão Europeia tem mantido de perto a ligação umbilical entre a transição verde e a transição digital. Sem uma revolução digital é impossível cumprir os objetivos de sustentabilidade, por isso temas aparentemente longínquos como a inteligência artificial, tecnologias de block chain ou de machine learning andam de mãos dadas com os seis objetivos ambientais definidos, da mitigação das alterações climáticas, à economia circulação ou o bom estado dos recursos hídricos e marinhos, para referir alguns. Só é possível dar passos transformadores com o auxílio da tecnologia digital. Por seu turno, também a transformação digital encontra no contexto ESG um propósito de desenvolvimento, um impacto positivo pelo qual vale a pena trabalhar.

As empresas portuguesas serão afetadas nuns casos diretamente, noutros indiretamente, por via da pertença a cadeias de valor mais amplas ou por pressão do setor bancário e financeiro. Na verdade, neste puzzle intrincado, constituído por uma miríade de Regulamentos, Diretivas e respetivos Atos Delegados, há claramente coadjutores escolhidos pela Comissão Europeia para concretizar a agenda de sustentabilidade: as grandes empresas e o setor bancário e financeiro. Sobre estes dois atores recaem as maiores obrigações, que implicam escrutinar a sua cadeia de fornecedores e/ou caracterizar o seu portfolio de clientes para informar rácios a que estão obrigados. A legislação, já em vigor (como a Taxonomia Europeia) ou em estádios diferentes de preparação, visa assegurar um combate eficaz ao branqueamento ecológico, garantindo informação transparente e credível capaz de ajudar a canalizar os recursos financeiros para os setores mais capazes de operar a transição verde, ao mesmo tempo que permite aos consumidores escolhas informadas.

Os estudos demonstram que o alinhamento ESG, bem alicerçado no propósito das empresas, torna-as mais capazes de atrair e de manter talento, mais competitivas e rentáveis, logo, também com mais facilidade em financiarem-se e em crescer. Nesta jornada de transformação haverá dificuldades, mas também muitas oportunidades para causar impacto e fazer a diferença.

O Digital with Purpose Global Summit é uma oportunidade única para promover o debate, o conhecimento e a sensibilidade de todos para estas matéria.

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