Um líder de excelência é aquele que envolve e inspira pessoas. Que as leva a acreditar nelas próprias e nos seus sonhos, orientando-as na estratégia para os alcançar. Tem um autêntico, genuíno e honesto desejo de ver as outras pessoas envolvidas nesse processo, onde todos aproveitam e se desenvolvem com o mesmo.

Alinhar as pessoas em torno do propósito, da missão e valores da organização é a tarefa mais difícil, principalmente com a globalização do mundo laboral, com a constituição multicultural das equipas, entre outros. Este alinhamento consegue-se, na essência, quando se consegue chegar ao coração das pessoas. E, para isso, o líder tem de estar próximo, tem de conversar e entender as suas pessoas. Tem de colocar as questões certas, estar atento às suas necessidades e permanentemente focado em envolvê-las, no sentido de apoiar e construir esta visão, o futuro ideal, em conjunto com a sua equipa.

O segredo, para ser um líder de alta performance, é tornar a missão importante para quem tem que a executar, de forma a que o negócio “ganhe vida” e tenha significado para a empresa e equipa. É criar um sentimento de experiência profunda com o propósito a alcançar, um sentimento de que o que estão a fazer impactará positiva e significativamente a humanidade, a justiça social, a paz, aquela comunidade, aquele grupo.

O papel do líder é guiar as suas pessoas para o que é mais importante – o propósito – pois é isto que gera o sentimento de envolvimento e pertença das pessoas para com a organização.

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Tipicamente, numa empresa, as pessoas que têm contacto ou interagem com os clientes são as da base da pirâmide. É por isso fundamental que todos, e principalmente estas pessoas, consigam alinhar o seu trabalho com os seus próprios valores, de forma a sentirem que têm uma vida significativa.

O trabalho mais difícil de um líder, nos dias de hoje, não é, por isso, acertar os números. O mais difícil é alinhar a missão e os valores da empresa com os das pessoas que lá trabalham. Para o conseguir, é necessário que as pessoas acreditem que o líder se importa e se preocupa com elas. É necessário que vejam o líder, não como a pessoa do topo, mas como a pessoa que os orienta e lhes dá o suporte necessário colocando a sua atenção naquilo que é realmente importante.

Por outro lado, um verdadeiro líder percebe que os relacionamentos são o coração da empresa: a equipa tem de sentir que vem trabalhar para fazer parte de um “nós”, uma identidade conjunta da qual faz parte. Quando a equipa não o sente, encara o trabalho apenas como tal, não tendo motivos para se preocupar, sentindo que preferia estar em casa a fazer qualquer outra coisa e que só ali vai para ganhar um salário e, nestes cenários, a eficiência do trabalho e a inovação potencial não vão acontecer.

Assim, o papel mais importante de um líder de alta performance é conectar e envolver as diferentes partes num conjunto. Honrar cada pessoa pelas suas características, cultivando as riquezas e potenciais diferenças de cada um e conectando estas diferenças entre si, num propósito comum.

A lição mais importante é que as pessoas apoiam e investem naquilo que ajudam a criar e não naquilo que lhes impõem. Os verdadeiros líderes sabem disto e atraem as suas pessoas para estes processos, perguntando e refletindo permanentemente sobre o que pensam, como se sentem e fazendo com que este envolvimento esteja sempre a acontecer.

No século XXI, os líderes de maior sucesso são os que estão focados em sustentar uma performance superior, ao alinhar pessoas numa missão e valores e empoderar líderes de todos os níveis, enquanto se concentram em servir clientes e colaborar em toda a organização.

Em suma, líderes extraordinários são que que compreendem, valorizam, reconhecem e apreciam cada membro da sua equipa, em torno de um propósito comum.

Dora Angelino é sócia fundadora da Elevation Effect, focada na formação e crescimento de empresas, através do desenvolvimento das pessoas, dos líderes e construção de resultados de excelência, assentes em processos de alta performance. Com longa experiência no sector bancário, como gestora de clientes affluent e private, trabalhou nos últimos anos, como business analyst e program manager na Bring Digital.

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.