Não conheço Rui Tavares, mas sei que tem uma carreira Universitária e de Investigação quer em Portugal, quer no estrangeiro.

De igual modo, constatei que as pessoas em geral têm dele uma opinião, que me parece acertada, de ser uma pessoa com bom senso e que, face ao que tem defendido com regularidade, é um europeísta convicto .

O que sei, e o que todos sabemos, é que era do BE no início, foi candidato nas Europeias, foi eleito (em 2009),  depois zangou-se com o BE (em 2011) mas manteve-se no dito Parlamento Europeu até ao final (2014) , criou o Livre com outros desavindos (que, mais tarde, se  foram desavindo com o Livre) e foi candidato às Europeias pelo Livre em 2019 e… não foi eleito.

Certamente, terá participado activamente na constituição das listas de candidatos às Eleições Legislativas. Ora, surpreendentemente – ou talvez não – não se apresentou encabeçando a lista por Lisboa.

Tirando um caso, ou outro, nomeadamente um conhecido advogado que em recente crónica no Observador veio reconhecer que o Livre não é nem Marxista, nem Leninista, não se conhecem grandes “nomes” – activos — nesse partido para além do nome de Rui Tavares, apesar do desaire das Europeias…

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Ups!

O número de votos, bem como a sua concentração nas grandes zonas electivas , nomeadamente Lisboa, teriam permitido – se fossem Legislativas — a sua eleição como cabeça de lista! O que, pelos vistos, não o atraiu.

Terá tido as suas razões, mas há dificuldade em entender o seu “ desaparecimento”, por tanto tempo, em toda esta celeuma acerca da “sua” cabeça de lista por Lisboa e das posições tomadas por esta quer dentro, quer fora, do Parlamento.

Na confusão (já nessa altura por causa de bandeiras…) gerada na festividade entusiástica , natural , na noite eleitoral do Livre, Rui Tavares esteve presente e assistiu ao discurso de vitória.

De igual modo, na tal “manif “ em frente do Parlamento, foi referido que Rui Tavares esteve presente mas… ”saiu antes “ do tal correligionário ter iniciado o célebre discurso sobre a nossa bandeira.

Nas Europeias de 2014 – o primeiro sufrágio a que a força política concorreu – o BE não conseguiu representação no Parlamento Europeu, mas foi a sexta força mais votada, somando 71.522 votos (2,18%).

Já nas Eleições Legislativas de Outubro de 2015, o Livre, que concorreu como Livre/Tempo de Avançar, agregando outros movimentos, caiu para cerca de 39 mil votos, o que se traduziu em 0,72% das intenções de voto, mas que não permitiu a eleição de um deputado – Rui Tavares era o cabeça de lista por Lisboa.

Já para as recentes eleições, em entrevista ao Observador, Rui Tavares acreditava que o “Livre pode ter um grupo parlamentar, ter mais de um deputado: é possível eleger a Joacine Katar Moreira, e Carlos Teixeira número dois por Lisboa e eventualmente o Jorge Pinto pelo Porto.”

Rui Tavares falou ainda sobre a entrevista — que se tornou viral — de Joacine Katar Moreira na Rádio Observador. O fundador do Livre quis, no imediato, “pôr em cima da mesa porque se tornou viral” o vídeo: “Tornou-se viral porque a Joacine gagueja. E nessa entrevista ela gaguejou mais, muito mais do que é habitual” ( ?! ).

Enquanto historiador, Rui Tavares explica que a sua “função não é ver um facto histórico e fazer de conta que não o vejo”. Neste caso , diz que está perante um. “Ser uma mulher negra pela primeira vez a protagonizar uma candidatura à Assembleia da República como a cabeça de lista em Lisboa e ser uma eventual deputada eleita nessas condições é histórico. É um facto histórico num país que tem negado o seu racismo estrutural e, portanto, vamos assumi-lo”. Além disso, o cabeça de lista do Livre às Europeias destaca que Joacine tem “um discurso muitíssimo mobilizador” ( ?! ).

Lembrou ainda que, quando esteve em Bruxelas, um dos eurodeputados mais importantes e influentes era Andrew Duff, que “gaguejava muito mais que a Joacine e isso nunca o impediu de exercer essa influência “. Não consegui apurar se tinha mais tempo para falar que os outros.

É ir ao You Tube e ver – e ouvir – uma intervenção de, por exemplo,  25 de Março de 2019 e percebe-se, facilmente, que gagueja, mas também se percebe que é bem menos do que Joacine e sendo um pessoa de grande nível (sempre activo, tem 68 anos e esteve 15 anos no Parlamento Europeu e nunca ninguém reparou na gaguez) , pertenceu ao Spinelli Group e passou por Cambridge e pela Universidade de Bruxelas.

Voltando ao Livre, três deputados foi, precisamente, a meta traçada para as eleições.  Se tivesse acontecido, seria mais fácil gerir este dossier, porque sempre haveria três elementos para intervir…

Muito recentemente estalou uma polémica que agitou muito as águas em que os protagonistas da história foram a deputada única do Livre, eleita por Lisboa, Joacine Katar Moreira, e Daniel Oliveira (ex-BE e ex-Livre) . Este último chegou a questionar “onde está o partido do Rui Tavares?“

Curiosamente, foi um mal entendido, em 2011, relacionado com Daniel Oliveira (se teria sido ou não fundador do BE ), protagonizado por Francisco Louçã e Rui Tavares, que levou este último a entrar em ruptura e a sair do BE.

Mas voltando à recente polémica em torno da “agenda da deputada” que acabou por visar, também, o fundador do Livre, Rui Tavares, com interpelações nas redes sociais para que se pronunciasse, o próprio colocou-se à margem da discussão. Contactado pelo Jornal i, respondeu de forma curta e pronta: “Não comento polémicas no Twitter. Não vale a pena. Se quisesse, comentava lá [no Twitter]”.

Onde está o Wally?

Segundo a Wikipédia, foi feito um estudo pela empresa de consultoria de comunicação Imago-Llorente & Cuenca, em parceria com a Universidade Católica Portuguesa, que foi divulgado em Março de 2015, no qual Rui Tavares foi referido como sendo o político mais influente da rede social Twitter, em Portugal.

Quem diria?! Ironias do destino.