O Bloco de Esquerda não é o que parece e as pessoas andam muito distraídas.
Mas é demasiado perigoso.
Porque é destrutivo e produz lixo tóxico.
Palmo a palmo, sob a falsa aparência de uma proposta de utopia política moderna e frágil, o Bloco marca pontos e marcha e mobiliza para uma revolução social subversiva, como diria Spínola.
Na tentativa de criar um monstro e impor de forma férrea em Portugal um modelo de poder radical de esquerda que é moralista.
O mito do “homem que tem de ser” que é afinal muito antigo, muito autoritário e muito pouco democrático.
Devemos opor decididamente a esse desígnio bloquista uma permanente contra-revolução.
Porque a marcha do Bloco não tem apenas, evidentemente, como primeiro alvo, abater a nossa identidade histórica, cultural e religiosa, que é a de um povo personalista que um dia decidiu ser livre, cristão e católico, há muitos séculos, mas, também constranger a prazo o nosso modelo de regime político, o qual, com todos os seus defeitos deve ser o de uma democracia soberana liberal e constitucional de tipo ocidental.
Dito isto, o que o Bloco realmente quer é organizar um modelo social e político o mais eficiente possível para o seu acesso ao poder e para a sua manutenção no poder, e portanto, tanto quanto possível, um modelo desligado das pessoas concretas e das suas escolhas mais fundamentais, ou seja, mais virtual que real, pagão, materialista, acefalizado, entretido, dominável e dominado pelas modas e pelos media.
Desse modelo que os bloquistas nos pretendem impor falam, por exemplo, para além do seu essencial método do desapego total à verdade e à lei natural, as suas prioridades citadinas e de casta, a sua simbologia e as suas palavras de ordem.
E também, desde logo, todas as fracturas mediática e estilisticamente impostas só porque sim, a culminar aqui há dias na criminosa eutanásia para humanos (mas combatida se para animais).
Mas podia ser a imposição de cães em estabelecimentos, a proibição das touradas ou da caça ou de outra tradição portuguesa qualquer.
Porque politicamente o essencial metodológico do Bloco de Esquerda é desagregar e partir.
Sobre o aspecto mais constitutivo e emblemático da nossa história moderna, os descobrimentos iniciados em 1415, por exemplo, o Bloco só sublinha a enorme violência da expansão portuguesa e a sua dimensão esclavagista e colonialista, numa análise que foi truncada de forma intencional e que por isso mesmo é inteiramente falsa.
E todavia, como esclareceu a dado passo Daniel Oliveira, que esteve envolvido na sua fundação, que foi seu dirigente e militante, “(…) o que esteve sempre em causa foi ganhar posições, lugares, poder: político, académico, cultural, mediático.”
Porque é esse o embuste.
É só essa a marcha e a miragem do BE: ganhar poder.
E (muito) dinheiro, claro, mas disso o BE nunca fala.
Nem ninguém, já agora.
Ao contrário do seu alegado mentor Robespierre, o Bloco de Esquerda não combate pelo povo, nem pelo universo.
Combate para os seus apaniguados.
E paga-lhes muito bem.
Miguel Alvim é advogado