O sono é importante e não deve ser negligenciado, uma boa noite de sono é meio caminho andado para ter um dia mais proveitoso e agradável, pois o sono é vital para os processos de aprendizagem, formação de memórias, regulação do humor, e permite a realização de um “detox”de subprodutos metabólicos e toxinas do sistema nervoso central, para estarmos na nossa melhor condição e desempenhar as diversas atividades exigidas ao longo do dia. Se encontra dificuldade em regular o seu sono não desespere pois felizmente existem áreas científicas dedicadas a estudar esse tema. A Cronobiologia estuda processos biológicos que se repetem ciclicamente, sendo um deles o sono.

Já deu consigo acordado até mais tarde a ver um filme ou acabar um projeto? Este tipo de situações é mais comum do que possamos pensar, desregularizamos o nosso ciclo de sono acabando por nem sempre dormir as 8h diárias recomendadas, mas porque será?

A existência de luzes intensas (dispositivos eletrónicos) durante o sono, não permite um descanso mental total, pois o cérebro capta qualquer tipo de luminosidade, interpretando-a como se fosse luz natural, assim é informado de que é hora de acordar. Para além da atenção à luminosidade também convém restringir o consumo de álcool, nicotina e ter especial atenção à dieta, procurando uma grande variedade de alimentos ricos em gordura saturada. Impressionadas pela luminosidade, as células da retina disparam, através dos nervos óticos, enviando sinapses que chegam ao hipotálamo, este possui um núcleo onde se localiza o “relógio biológico”, que é essencial à manutenção do ciclo de sono.

Existem dois tipos de sono, lento (NREM) e rápido (REM), eles surgem em momentos separados seguindo uma determinada ordem. Após adormecermos inicia-se o sono lento, NREM, onde inicialmente somos despertos com facilidade (dura alguns minutos), depois a atividade cerebral vai diminuindo entrando num sono leve e ficamos menos sensíveis a estímulos, eventualmente chegando ao ponto onde começamos a restaurar energia, os músculos relaxam e diminuímos a pressão arterial. Depois entramos na fase do sono REM onde a respiração torna-se mais rápida e irregular, os olhos movem-se rapidamente em várias direções e o corpo torna-se temporariamente paralizado (indivíduos que acordam neste período podem experienciar uma paralisia do sono, onde não se conseguem mexer apesar de estarem despertos). Esta também é a fase onde ocorrem com maior frequência os sonhos, posto isto, o REM desempenha um papel crucial na consolidação da memória e na regulação emocional, quando este sofre interrupções a qualidade do sono é afetada negativamente, influenciando a cognição, o humor e a saúde mental, com isto desenvolve-se uma sensação de cansaço psicológico. É de salientar que o sono varia com a idade, época do ano, profissão, necessitando de mais ou menos horas de sono, sendo 8 o número mínimo de horas.

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Privação de sono a curto prazo pode causar irritabilidade, fraquezas no sistema imunológico, ansiedade, libido baixa, pior visão, dificuldades na aprendizagem e memória e dificuldades na condução, a longo prazo obesidade, resistência à insulina e cardiopatologias. A chamada “dívida de sono” caracteriza-se pelo número de horas acumuladas sem dormir, que por sua vez, pode levar ao aumento de fadiga, dificuldade de concentração e à diminuição do desempenho cognitivo.

Portanto, cuidar do nosso sono é uma necessidade para o bem-estar físico e psicológico e como tal merece receber extra atenção. O desejo por alguns minutos extras na cama reflete a necessidade inerente de descanso que tem vindo a ser cada vez mais venerada. Promover uma literacia de saúde neurológica/psicológica integrando as fases do sono, a influência dos hábitos noturnos e os efeitos da privação é crucial para evitar o surgimento de complicações a curto e longo prazo, garantindo um estilo de vida mais equilibrado e produtivo.

Agradecimentos: Prof. Dra. Clementina Conceição Nogueira