A oncologia é mais do que tratar o cancro, é cuidar da pessoa. Esta abordagem centrada no doente tem em conta a complexidade do impacto físico, emocional e social do cancro. Além disso, reconhece que os cuidados não se limitam à eliminação ou ao controlo da doença, incluindo uma abordagem integrada e multidisciplinar que considera todos os aspetos físicos, emocionais e espirituais de cada uma das pessoas.

O tratamento do cancro está em constante evolução: na última década nomeadamente com o aparecimento de novas abordagens para além da quimioterapia e da hormonoterapia. As terapêuticas dirigidas a alterações genéticas ou a proteínas específicas associadas ao cancro, a imunoterapia, as cirurgias assistidas por robótica e as novas técnicas de radioterapia, foram algumas das mudanças no tratamento dos doentes.

Apesar desses avanços serem promissores, o tratamento do cancro ainda enfrenta desafios e muitos aspectos continuam a ser explorados na busca por terapias mais eficazes e menos invasivas. Neste contexto, diversos hospitais têm já ensaios clínicos para que os doentes possam ter acesso à inovação.

A medicina centrada no doente, coloca cada pessoa no centro das decisões sobre o próprio tratamento e considera as suas preferências, valores e necessidades, promovendo uma parceria entre o profissional de saúde e o doente. Incorporar abordagens complementares e alternativas ao tratamento convencional, como terapias complementares, os cuidados paliativos, a nutrição personalizada e a atividade física, é fundamental para uma medicina integrada. É essencial o envolvimento de uma equipa diversificada de profissionais de saúde, incluindo oncologistas, enfermeiros, psiquiatras, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e assistentes sociais para se tratar a doença, os eventos adversos e as necessidades específicas de cada doente.

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Enfrentar o cancro pode ser emocionalmente desafiante e cuidar da pessoa inclui oferecer um apoio psicológico, seja por meio de aconselhamento, da terapia ou de grupos de apoio, ajudando a enfrentar o stress, a ansiedade e o medo associados à doença.

Para além da sobrevivência, é crucial considerar a qualidade de vida do doente, o que envolve estratégias para aliviar sintomas, melhorar a função física e promover o conforto. Logo, apesar de ser importante o tratamento da doença, deve manter-se um foco na promoção da saúde global do doente, incluindo a prevenção de complicações, a gestão do stress e a melhoria da qualidade de vida.

Cuidar da pessoa com cancro também significa reconhecer o papel vital do apoio social. O bem-estar do doente é uma prioridade, não apenas durante o tratamento ativo, mas também no pós-tratamento, considerando o acompanhamento a longo prazo. É desejável que exista uma rede estruturada de apoio, que integre os profissionais de saúde, os familiares e os amigos.

O cuidado contínuo no pós-tratamento é crucial para monitorar e abordar possíveis efeitos tardios do tratamento, oferecer suporte emocional e garantir a transição suave para a vida após o cancro. Por isso mesmo, o acompanhamento inclui a realização de exames regulares, o suporte psicológico e uma orientação sobre as necessárias mudanças no estilo de vida para garantir uma jornada de tratamento mais abrangente e mais humana.